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Mais de 207 mil metros quadrados aprovados em 2013

Prefeitura registrou número histórico de novos projetos para construções no comércio, indústria e imóveis residenciais

Mais de 207,4 mil metros quadrados. Esse foi o resultado alcançado nos projetos aprovados em 2013 em Flores da Cunha. Os dados são da Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito e revelam um patamar histórico para Flores da Cunha. Nunca a cidade teve tantos metros quadrados construídos em um único ano. Dos projetos, a maioria é na área urbana e 75% referentes a imóveis residenciais. Os 25% restantes envolvem construções destinadas ao comércio, indústria e prestação de serviços. Dessa forma, segundo estimativas de representantes do setor, o crescimento na construção civil deve se manter estável em 2014.

Conforme dados da Secretaria de Planejamento, Flores da Cunha teve 207.437,89m² de áreas aprovados em 2013. Levando em consideração a população florense, de mais de 28 mil habitantes, segundo a estimativa do IBGE de 2013, o município teve quase três vezes mais construções do que Caxias do Sul. A construção civil caxiense registrou 1,1 milhão de m² construídos, com uma população de 455 mil habitantes.

O engenheiro Gustavo Zanatta, da Secretaria de Planejamento, explica que do total de novas construções (358), algumas tiveram seus projetos aprovados ainda em 2012. No ano passado foram 346 aprovações. “Nosso departamento está empenhando para agilizar as aprovações, sempre com a devida responsabilidade, pois sabemos da importância disso para o crescimento do setor da construção e da qualidade de vida da população. Os números indicam que a cidade está crescendo e por parte da prefeitura serão necessários mais serviços. Mais redes externas de esgoto, mais redes de água, iluminação, enfim, todos os serviços públicos”, complementa Zanatta.

Os dados foram apresentados para o prefeito Lídio Scortegagna (PMDB) nos primeiros dias de 2014 e representam, além de crescimento, algumas preocupações. “Demonstra que nosso município está crescendo, que nós estamos no caminho certo. Mas por outro lado nos deixa uma preocupação e responsabilidade ainda maior, que é a questão de planejar, começar a pensar algumas ações principalmente na área do trânsito e mobilidade urbana. Temos que planejar nosso município para que daqui a alguns anos os problemas que já temos não estejam ainda maiores”, pondera Lídio.

Estabilidade em 2014
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Caxias do Sul, Volnei Sebben, o número histórico alcançado em Flores da Cunha também foi expressivo em outros municípios. Para 2014, porém, o Sinduscon não espera o mesmo crescimento. “A tendência para 2014 é que esse crescimento se mantenha no mesmo ritmo. Não teremos aumentos significativos, até porque a economia deu uma acomodada”, aponta Sebben. O Sinduscon tem sede em Caxias do Sul e base territorial em Carlos Barbosa, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Nova Prata e São Marcos.

Segundo Sebben, os números nas alturas foram reflexo de uma demanda existente no mercado. O setor da construção civil conseguiu acompanhar essa demanda. “Estamos suprindo a procura de habitação que estava deficiente na região. A facilidade de financiamentos, aos programas de incentivo do governo, como o Minha Casa, Minha Vida, tudo incentivou”, complementa o empresário. Quanto à falta de mão de obra, Sebben explica que o setor está normalizando os serviços e que em 2014 tudo estará equilibrado.


De olho na mão de obra especializada

O maior desafio enfrentado pela indústria da construção civil gaúcha é a falta de mão de obra. Dados do Sinduscon mostram que o setor emprega atualmente 154 mil trabalhadores com carteira assinada no Estado, sendo registrada uma carência de cerca de 50 mil profissionais. Para amenizar o problema, o setor investe na formação e qualificação de mão de obra, por meio do fortalecimento das escolas técnicas existentes e da abertura de novas instituições.

De acordo com a secretária de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito, Ana Paula Ropke Cavagnoli, o crescimento em Flores da Cunha representa expansão urbana e, certamente, geração de empregos. “O aumento de projetos aprovados também aponta recorde no número de construções, e as obras contribuem para o alto índice na geração de empregos. Hoje não se encontra mão de obra com facilidade em Flores da Cunha. Não temos pedreiros e serventes parados”, acrescenta Ana.

Para a secretária, a dificuldade para encontrar mão de obra está na alta procura do setor civil. Em 1999, o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), privado, financiou 35 mil moradias e, em 2012, foram financiadas 400 mil unidades. Além disso, o Minha Casa, Minha Vida e outros que utilizam recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) financiaram mais 500 mil unidades, totalizando, portanto, mais de 900 mil residências em 2012. Números que devem ter sido superados em 2013. “A mão de obra é escassa porque temos muita procura e os bons profissionais já estão com muito trabalho. Mas o crescimento significa que as pessoas estão vindo morar em Flores e estão buscando crescimento no município. As pessoas estão investindo aqui”, acrescenta Ana Paula.

Foto/Camila Baggio


Crescimento impulsionado por políticas públicas

O empresário Lucas Carenhato, representante da Câmara Setorial da Construção Civil do Centro Empresarial (CE) de Flores da Cunha, explica que o crescimento no número de construções é incentivado pelo próprio mercado civil. “Os incentivos do governo e de financiamentos, além das facilidades de acesso a linhas de crédito facilitaram bastante para construir. As pessoas têm acesso e com isso compram e investem mais e isso não somente em Flores, mas no Brasil todo. A população está tendo condições de melhorar de vida e adquirir seus imóveis”, acrescenta Carenhato.

E o reflexo desse crescimento está nas ruas. Novos prédios são construídos todos os meses e em Flores da Cunha é difícil encontrar uma área sem novas construções. “Podemos observar esse crescimento pelos números, mas principalmente pelos olhos. A cada esquina temos um prédio sendo construído e para isso existe um mercado, existe a venda e o negócio está girando, com preços estáveis e dentro de uma faixa de crescimento que não temos como saber até quando vai durar”, opina o empresário.

A mão de obra, por sua vez, já teve momentos de mais escassez, segundo Carenhato. “Aparentemente a mão de obra está estabilizada agora, não temos mais tanta rotação na oferta de emprego. O reflexo da mão de obra na construção civil está muito relacionado com a indústria metalmecânica. Os trabalhadores migram nessas duas áreas conforme a procura. Não existe uma fidelidade muito grande com os profissionais da área da construção civil”, constata.

Valores de profissionais estão mais altos

As contratações de pedreiros e outros profissionais da construção civil estão mais caras desde novembro do ano passado, depois da estabilidade registrada em outubro pela pesquisa que calcula o Índice Nacional de Custo da Construção. A variação no mês foi 0,27%, ante 0,33% em outubro. Os dados revelam que a pressão sobre os custos dos empreendimentos imobiliários foi contida pela redução no ritmo de reajuste dos materiais.

O cálculo feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que no ano passado a taxa acumulou alta de 7,82% e, nos últimos 12 meses, de 8,12%. No final do ano passado os equipamentos e serviços subiram em média 0,29%.

No caso dos materiais, equipamentos e serviços, o que segurou o avanço mais expressivo de preços foi o item estrutura com alta de 0,34% ante 0,95%, e também o segmento de serviços com queda de 0,03% ante variação de 0,17%. O valor do aluguel de máquinas e equipamentos caiu 0,26%.

Do total de projetos, a maioria é na área urbana e 75% referentes a imóveis residenciais. - Camila Baggio
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