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Lentes que retratam a realidade de um povo

Há pouco mais de duas semanas, alguns moradores de Flores da Cunha, receberam uma visita bem diferente.

Há pouco mais de duas semanas, alguns moradores de Flores da Cunha, receberam uma visita bem diferente. Vinda de Belém do Pará, aproximadamente 3,9 mil quilômetros de distância, Ana Karol Menezes de Amorin, 32 anos, chegou na cidade trazendo em sua bagagem, além do sotaque carregado, diferente aos ouvidos dos imigrantes italianos que ainda falam o dialeto, o propósito de fazer um documentário sobre a safra da uva. A jovem publicitária foi recebida pela família Fachin, na propriedade da Cantina Gazzi, no Travessão Alfredo Chaves. O objetivo de Karol foi acompanhar e documentar os trabalhos dos agricultores durante a colheita da uva. Para isso, ela ficou na propriedade da família durante duas semanas. Nesse período, Karol teve a oportunidade de vivenciar de perto a dura rotina dos agricultores. Ela acordava cedo, acompanhava os trabalhadores até os parreirais e lá ajudava na colheita. Mas sempre que podia estava a postos para fotografar os momentos mais inusitados. O convite para vir para Flores da Cunha partiu de um amigo que mora em Belém, mas que tem a família aqui na cidade. Celso teria ligado para seu cunhado Mauro Fachin e contado a história de Karol. “Eu não conhecia o senhor Fachin pessoalmente. Era amiga apenas do cunhado dele que mora lá na minha cidade. E foi ele quem fez toda a negociação para que eu pudesse vir para cá e ter onde ficar e trabalhar durante essas duas semanas para poder documentar esses momentos”, explica Karol. Karol esteve em Flores da Cunha até o último domingo, dia 15. Ela acompanhou, além da colheita da uva, os trabalhos de produção de vinho e suco de uva nas instalações da cantina. Segundo ela, ao final dos trabalhos ela já tinha feito mais de 700 fotos. “Depois eu fiz uma montagem com as imagens e a música Querência Amada. Quando eu passei para os agricultores assistirem, eles ficaram muito emocionados. É essa emoção que eu busco encontrar nas pessoas”, completa ela. O projeto Segundo Karol, a idéia de acompanhar e mostrar a realidade de diferentes profissões surgiu ainda no ano de 2003, quando ela viajou para os Estados Unidos. Ela conta que lá teve muitos empregos e conviveu com pessoas de diversos países do mundo. “Eram culturas diferentes, pessoas diferentes. E cada um tinha uma história para contar. Isso me motivou a contar um pouquinho da rotina dessas pessoas”. O tempo passou e Karol retornou ao Brasil. Aqui, seguiu sua profissão de comissária de bordo até o ano de 2002, quando a empresa que ela trabalhava faliu. Após ela retomou o sonho de conhecer novas cidades e retratar a cultura de seu povo. Foi então que no ano de 2005 ela veio para Flores da Cunha, acompanhada do pai e de uma amiga que tinha interesse em fazer um curso na cidade. Segundo ela, foi paixão a primeira vista. “Ali surgiu a idéia de fazer as filmagens da colheita da uva”, diz ela. Hoje, Karol pretende viajar diversas regiões do Brasil colhendo histórias e depoimentos, mostrando a realidade de diferentes profissões. “Estou guardando material, mas pretendo transformar isso em um projeto de mestrado ou em um livro”, revela. “Meu objetivo, além de desenvolver este projeto, é poder conviver e aprender com essas pessoas que têm tanto para ensinar. Nessas duas semanas que eu estive aqui aprendi coisas que levarei para a vida inteira, conta ela. Os planos da jovem de coração aventureiro é conhecer a Itália e seus vinhedos e também o Peru. Ela conta que pretende guardar algumas economias para fazer lá, o mesmo trabalho que fez aqui na cidade. “Já ouvi muitas histórias sobre essas regiões e esse é meu próximo sonho”, diz Karol.
Após a morte do pai, Karol decidiu conhecer Flores da Cunha e dar segmento ao seu projeto. - Mirian Spuldaro
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