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Jovem é bicampeã do Brinco de Ouro da Expointer

Calínthia Cunha foi vencedora da prova disputada na 37ª edição da feira agropecuária, um dos torneios mais importantes da América Latina

De longe as provas da modalidade Brinco de Ouro se parecem com as outras que têm o cavalo como protagonista. Mas é nesta modalidade em especial que os cabelos ficam enrolados debaixo dos chapéus, o rosto meio escondido e a delicadeza da mulher gaúcha se transforma em força nas provas como contorno, galope e trote do animal. A caxiense radicada em Flores da Cunha Calínthia Cunha, 27 anos, da Cabanha Redomona, foi a campeã do Brinco de Ouro 2014. A competição feminina da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC) é equivalente à maior competição da raça, o Freio de Ouro. É realizada durante as edições da Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer), em Esteio.

Desde criança Calínthia carrega consigo a paixão pelos animais, especialmente pelos cavalos. Desde que começou a montar, o carinho e respeito que tem por eles é retribuído nas provas, durante horas diárias e meses de treinamento. Além do cavalo Dom Faceiro do Refugiado, o vencedor deste ano, ela tem duas éguas que também treinam para as provas.

A época é de férias para Faceiro, mas logo o trabalho recomeça para uma fase ainda mais difícil no próximo ano. “Criamos um carinho um pelo outro. O Faceiro chegou aqui em dezembro de 2012 e desde então treinamos diariamente. Ele se destaca nas etapas avaliadas no Brinco de Ouro, por isso foi o escolhido. E deu certo”, conta Calínthia. Além deste ano, a florense, com formação em Engenharia Ambiental, foi a vencedora da modalidade em 2010. Depois de seis anos de experiência em provas e o bicampeonato, o próximo passo é começar a caminhada para disputar o Freio de Ouro, competição mais expressiva do Rio Grande do Sul.

Para isso os trabalhos recomeçam em novembro. O Freio de Ouro exige diversas classificatórias para chegar até a cancha principal. Desafio que a amazona florense pretende encarar de corpo e alma. “É muito difícil, de uma profissionalidade enorme, mas quero buscar sempre desafios maiores”, planeja. Além de ter sempre cavalos para treinar, Calínthia atua como professora de meninas que, no próximo ano, irão disputar o Brinco de Ouro. Tornou-se referência na região.

Treino com dedicação
Ao contrário de muitas competidoras que montam no cavalo poucos dias antes de fazer a prova, Calínthia tem paixão pelos treinamentos de seus companheiros de disputa. São horas diárias onde são ensaiadas as oito provas avaliadas no Brinco de Ouro, como trote, galope, voltas sobre patas, corrida e recuada, entre outras avaliações. Isso tudo conciliando com o trabalho. “Muitas pessoas vivem disso, mas eu não, é uma parte da minha vida muito especial. Neste ano foram muitos ensaios à noite, depois do trabalho. Nessas provas o cavalo precisa de preparo físico, além de um trabalho de repetição para que ele aprenda”, explica.

Durante o ano de preparação Dom Faceiro do Refugiado teve uma lesão na pata, o tratamento foi cuidadoso por 60 dias, mas não motivo de desistência. Faceiro se recuperou e teve perfeito desempenho. “Tive esse tempo a menos para treinar e o médico veterinário diagnosticou que era difícil ele competir esse ano. Agora merecemos umas férias e logo voltamos a treinar”, brinca Calínthia, voltando os olhos para Faceiro. “Com essas férias ele anda meio preguiçoso ultimamente”, brinca ela. Localizada na Linha 80, em Flores da Cunha, a Cabanha Redomona tem cerca de 30 cavalos para treinamento, doma ou de hotelaria. Diariamente Calínthia trabalha com os animais na companhia do marido Libamar Novello, incentivador de suas participações em competições profissionais e também competidor.

Calínthia e Dom Faceiro do Refugiado: premiação após meses de treinamento. - Camila Baggio
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