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Jornada para debater os desafios e o futuro da uva e do vinho

Salão paroquial de Flores da Cunha sedia na próxima quinta-feira, dia 3 de julho, evento que reunirá produtores e representantes de entidades da cadeia produtiva

Estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 2014 é o Ano Internacional da Agricultura Familiar. A ação tem o objetivo de valorizar o setor para garantir segurança alimentar e a produção de alimentos. Esse também será o tema da 15ª edição da Jornada da Viticultura do Rio Grande do Sul, que neste ano ocorre no salão paroquial de Flores da Cunha. O evento resgata a discussão proposta pela ONU e busca em seu tema Um encontro entre o passado e o futuro da viticultura no Rio Grande do Sul. O dia de palestras será na próxima quinta-feira, dia 3 de julho, a partir das 8h30min. Mais de 600 produtores são esperados no evento.

Um encontro de informação e valorização. Assim é considerada a Jornada da Viticultura Gaúcha. Nesta edição serão discutidos assuntos como a trajetória da produção vitivinícola no Estado, o novo decreto da Lei do Vinho, além da qualificação da matéria-prima e bate papo com representantes de entidades e do governo. A programação segue até o final da tarde. Foram convidados o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller; e o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Miguel Rossetto.

De acordo com coordenador da Comissão Interestadual da Uva e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, o encontro terá como objetivo a reflexão dos desafios futuros na agricultura. “Precisamos pensar em tudo o que foi feito até hoje dentro do setor, como nós estamos e, a partir desta análise, o que pretendemos para o futuro, para que a agricultura seja uma atividade sustentável, trazendo renda para o produtor. Além disso, o que as entidades e instituições, o próprio governo e o produtor podem fazer juntos para melhorar principalmente a renda do nosso trabalhador”, destaca Schiavenin.

Esta é a segunda vez que Flores da Cunha sedia a Jornada. “A principal preocupação na cabeça do produtor quando se fala na produção de uvas é a incerteza, a insegurança e até a insatisfação de não receber o preço que ele deveria receber, que não cobre o custo de produção. Além das dificuldades com a mão de obra. É uma série de incertezas que o produtor tem com relação ao futuro e a Jornada é um momento de reflexão e uma etapa de trabalho. Queremos fazer com que se vislumbre um futuro melhor para o agricultor”, planeja o sindicalista.

A Jornada da Viticultura é uma realização do STR de Flores da Cunha e Nova Pádua, Emater-RS, Comissão Interestadual da Uva, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-RS).

Ano Internacional
A ONU elegeu a agricultura familiar como tema do ano nos 193 países membros da instituição. A declaração inédita para o setor é resultado do reconhecimento do papel fundamental que esse sistema agropecuário sustentável desempenha para o alcance da segurança alimentar no planeta. “A ONU percebeu que precisamos valorizar mais o nosso agricultor. Os governos precisam adotar políticas públicas de garantia de renda, de qualidade de vida, de sustentabilidade. É esse o rumo”, valoriza Schiavenin. “Se percebe na maioria das comunidades que o agricultor está preocupado com o futuro. Devemos pensar no que se pode fazer. Diminuir a carga tributária, aumentar o consumo, diminuir o custo, mas de que forma? Precisamos melhorar a qualidade e a atual situação”, complementa.


Busca por ânimo no trabalho

Para o agricultor Geraldo Chiarani, 62 anos, morador do Travessão Carvalho, no distrito florense de Otávio Rocha, a Jornada da Viticultura é uma oportunidade para buscar incentivo para quem tira o sustento na família da terra. Na próxima quinta-feira, dia 3, ele deve se juntar aos 600 agricultores que irão participar da 15ª edição do evento, no salão paroquial de Flores da Cunha. “Até hoje me lembro de ter perdido apenas uma edição. É um dia para buscarmos ânimo. A indústria tem investimentos, mas se continuarmos assim não teremos mais a matéria-prima”, acredita Chiarani.

O agricultor trabalha com o filho Mateus, 27 anos, nos cuidados com os 5 hectares de vinhedos próprios, além de mais 3 hectares arrendados. Entre as variedades Bordô e Isabel, a família busca atualizar o parreiral com novas uvas que tenham mais demanda no mercado. A produção é vendida para a comercialização de suco e vinho. “A agricultura tem futuro, sim, mas o produtor precisa se reinventar, buscar coisas novas, trazer a tecnologia a seu favor e procurar variedades que sejam mais bem aceitas pelo mercado. Palestras e eventos como a Jornada são muito importantes para isso, mas mais do que ver, é preciso que o agricultor aplique o que aprende”, ressalta Mateus, que faz faculdade de Agronomia.

Para os desafios e horizontes da agricultura familiar, pai e filho concordam que o interior precisa de novidades para que a produção seja de mais qualidade e com menos custos. “Muitas propriedades não estão acompanhando o mercado. É preciso trazer novidades, tendências e tudo isso é apresentado na Jornada da Viticultura. A agricultura pode se atualizar e eventos assim nos dão um norte para o futuro”, valoriza Mateus, que no ano passado fez estágio em uma fazenda de grãos nos Estados Unidos. De lá voltou cheio de ideias e valorizando ainda mais a tecnologia. “Ela está aí e temos que usá-la para crescer”, complementa o universitário.

A família está planejando investir na propriedade. Está substituindo as plantas de Isabel pela variedade BRS Carmem, desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves. Os vinhedos têm algumas plantas, mas esse número deve aumentar. A Carmem é uma nova cultivar de uva tardia e utilizada para suco. “Em anos anteriores uma Jornada da Viticultura mostrou que iria crescer a produção de sucos e espumantes, nós estamos seguindo essa expectativa que agora está se confirmando no mercado. É importante acompanhar os números e estatísticas para crescer junto. As coisas não mudam sozinhas”, comenta Chiarani.


Programação

8h30min – Recepção e credenciamento.
9h – Abertura e pronunciamento de autoridades e lideranças.
9h30min – Palestra A produção de uva na última década e sua evolução qualitativa, com Leocir Bottega, do Ibravin.
10h30min – Palestra Decreto 8.198 - A Lei do Vinho e o impacto na produção de uvas para a sua aplicação, com Kelly Bruch e Carlos Raimundo Paviani, do Ibravin.
12h – Almoço no salão paroquial de Flores da Cunha.
13h30min – Mesa redonda Como transformar trabalho em matéria-prima de qualidade, com representantes de agricultores, indústrias, cooperativas, enólogos, agrônomos e pesquisadores.
15h – Manifestação de representantes dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa-RS) e Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR-RS).
16h – Encerramento.

- Os municípios participantes: os viticultores mobilizados para participar da Jornada são de Anta Gorda, Antônio Prado, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Dois Lajeados, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Guaporé, Nova Roma do Sul, São Marcos, São Valentin e Veranópolis.
- Mais informações pelo telefone (54) 3292.7500.

Fonte: STR de Flores da Cunha e Nova Pádua.

Geraldo e Mateus Chiarani pretendem investir na propriedade localizada no Travessão Carvalho. - Camila Baggio
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