Geral

Jayme Paviani é ‘Cidadão de Mérito’ de Flores da Cunha

Autor de 41 livros e formado em Filosofia, Direito, Educação e Letras, professor foi homenageado durante sessão solene na noite de quarta-feira na Câmara de Vereadores

Não é qualquer pessoa que possui uma biblioteca particular com mais de 7 mil livros. Pois o professor Jayme Paviani é um desses indivíduos que lê dúzias de livros ao ano, ganha centenas de obras e guarda exemplares desde os tempos do colégio. Além de ler muito, o professor escreve muito. São 41 obras escritas e uma centena de artigos e crônicas publicados em livros, jornais e revistas. Tem formação em quatros áreas (Filosofia, Direito, Educação e Letras), participou em mais de 300 bancas de mestrado e doutorado, orientou mais de 60 dissertações e comemorou, em março deste ano, cinco décadas como professor universitário.

Um currículo invejável desses merece uma homenagem à altura. Ontem, dia 19, a Câmara de Vereadores de Flores da Cunha entregou ao professor Jayme o título de ‘Cidadão de Mérito’ pelos serviços prestados na área da educação. A indicação foi feita pelo vereador Alexandre Scortegagna (PP). “Fiquei muito surpreso com a homenagem e depois concluí que estou ficando velho”, brinca Paviani, que complementa: “Acho que tive bastante sucesso porque para mim ser professor não é apenas lecionar, mas orientar trabalhos, publicar livros, participar de palestras. Essa também não é uma homenagem que aceito só, mas com todos que convivem comigo. Ninguém merece uma homenagem por si só, porque ninguém é nada sem amigos, família, colegas e alunos”.

Filho do ex-prefeito Raymundo Paviani (de quem não herdou a vocação política) e de Esmeraldina Paviani, nasceu em 4 de junho de 1940 no Travessão Mützel, em Nova Pádua, quando o município vizinho ainda era distrito florense. Aos 11 anos mudou-se para Caxias do Sul para estudar em um seminário e por lá permaneceu. Em Flores ainda mantém um casa, onde passa alguns finais de semana. Formou-se em Filosofia, depois cursou Direito e, em março de 1965, ingressou como professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual Universidade de Caxias do Sul). “Antes de começar o curso já sabia que ia ser professor. Quando ingressamos na Filosofia não saímos mais desse conhecimento”, diz ele. Uma das primeiras escolas em que lecionou foi no Ginásio São Rafael, depois deu aulas nos colégios Carmo e São José e na Escola Duque de Caxias (hoje Cristóvão de Mendoza). Em 1972 foi um dos primeiros professores da UCS a ingressar no mestrado em Educação. Depois, fez doutorado em Letras pela PUC-RS e o pós-doutorado em Pádova, na Itália, onde defendeu uma tese sobre ‘Filosofia Grega’.

A formação interdisciplinar lhe garantiu ministrar aulas em diversos cursos, já orientou teses até sobre companhias aéreas, e a ouvir constantemente a frase “Já fui seu aluno” nos mais diversos cantos do país. Não é a toa que sua biblioteca particular contém obras que vão da Filosofia, passando pela Física, Biologia até livros sobre vinho, literatura e poesia. Aliás, a poesia é uma de suas paixões e, entre as 41 obras publicadas, oito são de poemas.

Questionado sobre uma obra ou autor que o influenciou, Jayme diz que leu tanto e de tantas áreas que é impossível citar um só. Por profissão, gosta muito dos gregos (tem seis livros publicados sobre Platão) e admira também autores contemporâneos. “Tem dois tipos de leitura: a de prazer e a de estudo. Eu atualmente faço as duas com prazer. Uma pessoa que se dedica a um ponto de vista apenas perde a riqueza do conhecimento e a visão da globalidade”, diz ele, que atualmente está relendo muitas obras. “Um livro de grande qualidade é inesgotável. Estamos numa época que não se lê, não porque as pessoas não gostam, mas porque não foram ensinadas”, afirma.
Nessas cinco décadas Paviani lecionou, escreveu livros, proferiu palestras, mas também ajudou a criar diversos cursos, exerceu cargos administrativos (foi vice-reitor, pró-reitor de graduação e coordenador de cursos) e recebeu dezenas de homenagens – entre elas o título de ‘Cidadão Caxiense’.

Novas obras
Além de ser professor e estar envolvido nos projetos de pesquisa do mestrado de Educação e Filosofia da UCS, Jayme dedica seu tempo a concluir livros, escrever artigos para a revista Bon Vivant, participar de palestras e conferências – fazia cerca de 30 por ano, mas agora está ‘cortando’ boa parte – assistir jogos de futebol e ficar com a família. É casado com a professora de mestrado em Educação Neires Maria Soldatelli Paviani, que conheceu na universidade, e com quem divide, além da vida conjugal, as escritas. “Tudo o que eu escrevo a Neires lê e corrige. Ela é bastante minuciosa e sugere outras palavras, diz o que não ficou bom. É minha primeira leitora e muito da minha atividade devo a ela”, conta. Juntos, tiveram os filhos Leonardo (odontólogo) e Mônica (psiquiatra), que lhe deram os netos Martina, Enzo e Franco, que são outras das paixões do professor.

Aos 75 anos, Jayme diz que ainda não é hora de parar. Vai lançar até o final do ano O desejo e o bem no banquete de Platão e tem mais dois livros em produção: um sobre ética e outro sobre educação. Amadurecendo no forno estão alguns de poesia e, “quem sabe, um romance”. “Tenho uma ideia, mas não sei se vou escrever.” Neste semestre ele ‘deu um tempo’ nas aulas, um pouco pelo cansaço, porém pretende retomar no próximo. Apesar da ‘parada’, continua orientando trabalhos e participando de bancas tanto na UCS quanto na PUC-RS, onde trabalhou por 20 anos e considera um momento marcante de sua carreira. “Pretendo continuar lecionando porque sempre digo que quando estou cansado entro na sala de aula e saio descansado”, conta Jayme, que tem uma receita sobre o vigor acadêmico: “Os prédios, os laboratórios, os professores ficam velhos, mas os estudantes sempre têm 20 anos. E é esse o elemento que dá vida a universidade”.

Cidadão de Mérito
Uma resolução de junho de 2008 do Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Flores da Cunha cita que os parlamentares podem conceder títulos honoríficos, entre eles o ‘Cidadão de Mérito’, dado a pessoa nascida ou não em Flores da Cunha, que atuando ou desenvolvendo alguma atividade nos setores cultural, industrial, político, assistencial, religioso e educacional, seja digna de prêmio ou louvor, pela estima que tenha conquistado junto à comunidade. Já receberam o título João Batista Detofol (2006), Raymundo Bortolo Sandi (2006), Floriano Molon (2006), Olir Schiavenin (2007), Waldemar Antônio Bergozza (2008), dom Osório Bebber (2008) e Félix Natal Slaviero (2008). A Câmara concede ainda as honrarias ‘Cidadão Florense’ e ‘Cidadão Benemérito’.



O homenageado Jayme Paviani com o secretário de Administração da prefeitura, Luiz Antônio Zenatto; e os vereadores Valdir Franceschet, Jorge de Godoy, Élio Salvador, Gilberto Malacarne, Valdomiro Viasiminski, Moacir Ascari, Renata Zorgi Lusa, Luiz Antônio Pereira dos Santos e Alexandre Scortegagna. - Fabiano Provin
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário