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IP Altos Montes confere qualidade aos vinhos de Flores e Nova Pádua

Espumantes e vinhos finos produzidos pelas empresas integrantes da Associação dos Altos Montes recebem na próxima semana a Indicação de Procedência (IP) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Distinção, a terceira concedida no país, é diferencial que qualifica as bebidas florenses e paduenses entre as melhores do Brasil. Entrega da certificação ocorrerá no dia 18, na UCS-Icif

Os vinhos e espumantes produzidos em Flores da Cunha e Nova Pádua serão identificados em qualquer local do mundo pelo selo de Indicação de Procedência (IP) Altos Montes. No próximo dia 18 a Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes) irá apresentar oficialmente a IP Altos Montes, a terceira conferida para vinhos brasileiros (Bento Gonçalves e Pinto Bandeira já contam com a distinção). Durante o evento, que será realizado na Escola de Gastronomia UCS-Icif, as 11 vinícolas que integram a entidade irão receber do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) o certificado que atesta que participam do projeto. Para o presidente da Apromontes, Deunir Argenta, esse momento marca um divisor de águas para a entidade. “A história da Apromontes será antes e depois da certificação, devido à importância da IP”, afirma.

As vinícolas que têm vinhos com essa certificação certamente possuem um diferencial que as qualificam entre as melhores do mundo. A IP Altos Montes certifica a qualidade dos vinhos e espumantes que levam a marca. Segundo Argenta, a normatização aumenta o valor agregado dos produtos, gerando maior facilidade de colocação no mercado. Além disso, quando o consumidor encontra uma garrafa de vinho com tal identificação, terá a certeza que a bebida é elaborada sob os mais altos graus de exigência e controle de produção e produtividade, que iniciam ainda no vinhedo. “Isso cria uma confiança e fidelização do consumidor”, aponta.

Para receberem o selo da IP os vinhos da região passarão, a partir de agora, por um criterioso processo de seleção, que delimita o local de cultivo das uvas e as variedades utilizadas na elaboração dos vinhos. Os vinhedos terão de ser no sistema de condução espaldeira, com um limite de mudas por hectare e limite de produção. Também será feito um controle rigoroso de análise de solo. Tudo isso será catalogado e enviado para as vinícolas que também precisarão seguir um processo rigoroso de produção. Feito tudo isso, esses vinhos serão submetidos a avaliação às cegas do Conselho Regulador da IP, o qual irá verificar se os produtos atendem todas as exigências de qualidade. Somente depois é que as empresas serão homologadas para a utilização do selo IP Altos Montes nas bebidas.

Conforme Argenta, o desafio agora para as vinícolas que não possuem produção própria de uvas é obter matéria-prima que siga todas essas exigências. “A partir do momento que se começar a criar essa cultura, será preciso eleger alguns produtores para produzirem essas uvas, para se adaptarem ao processo. Esse será um trabalho em parceria entre as vinícolas e os produtores, que serão devidamente recompensados pela qualidade da uva que entregarem”, destaca.

O presidente da Apromontes lembra que somente poderão utilizar o selo de Indicação de Procedência as vinícolas que forem associadas à entidade: Fante, Viapiana, Luiz Argenta, Terrasul, Nova Aliança, Mioranza, Panizzon, Salvador, Valdemiz, Casa Venturini e Fabian. “A marca foi registrada junto ao Inpi e faz parte de um processo da entidade e não das empresas em isolado. Por isso, somente as empresas parceiras serão beneficiadas”, ressalta. Porém, Argenta frisa que a entidade está aberta para receber novos associados.

Características da região
Os Altos Montes têm área geográfica delimitada de 173,84 quilômetros quadrados, sendo 66,6% deles localizados em Flores da Cunha e 33,4% em Nova Pádua. Quanto à altitude da área, a média é de 678 metros, com mínima de 550 metros e máxima de 885 metros. Os produtos com produção autorizada na IP Altos Montes são vinhos finos tinto, rosado ou branco, todos secos; espumantes finos branco ou rosado; e espumantes moscatéis branco ou rosado. Ao todo, 14 vinhos produzidos em 2012 poderão ser lançados com selo.

O processo
A busca pela certificação iniciou em 2005, quando a Apromontes buscou a Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, e manifestou interesse em obter a IP para a região. Desde então, trabalhou-se no mapeamento da área compreendida pelos Altos Montes, no levantamento histórico da região vitivinícola, na caracterização da identidade das uvas e vinhos finos locais, na definição do regulamento de uso e no estabelecimento do sistema de controle em diversas propriedades, entre outros aspectos. O pedido de reconhecimento da IP foi entregue em março de 2012 ao Inpi e em dezembro do mesmo ano a certificação foi homologada pelo órgão.

O processo foi coordenado pela Embrapa Uva e Vinho e envolveu as universidades de Caxias do Sul (UCS) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Embrapa Clima Temperado de Pelotas. Ao todo, o projeto mobilizou uma equipe de 15 pesquisadores destas instituições. O trabalho ainda contou com apoio financeiro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).


Saiba mais


O que é uma IG
No Brasil, uma Indicação Geográfica (IG) pode apresentar duas diferentes classificações para seus produtos: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). A Indicação de Procedência, que hoje é conferida a três regiões brasileiras – Vale dos Vinhedos (2002), Pinto Bandeira (2010) e Altos Montes – é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e surge como possibilidade para garantir a diferenciação dessa produção. Isso porque a IP delimita a área de produção, restringindo seu uso aos produtores da região (em geral, uma associação), e impede que outras pessoas usem o nome da região com produtos de qualidade não-controlada, mantendo os padrões locais. Já a Denominação de Origem passa a ser o ‘nome’ do produto de determinada região, onde todos os detalhes como qualidade, estilo e sabor se relacionam à terra, às pessoas e à história locais.

Deunir Argenta, que é proprietário de vinícola, salienta que distinção atestará a qualidade das bebidas produzidas na região. - Mirian Spuldaro
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