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Indignação volta às ruas do país

Greve pelo país também mobilizou municípios do interior como Flores da Cunha. Comerciantes e agricultores apoiam o ato criado pelos caminhoneiros

A paralisação dos caminhoneiros, que chega ao quinto dia nesta sexta-feira, dia 25, só terá um fim quando houver ato formal do governo federal com a publicação de isenção de impostos no diesel no Diário Oficial da União. Essa foi a posição do presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes. Muito mais do que os impostos sobre o combustível, a manifestação ganhou as ruas e a mobilização de outros setores. Em Flores da Cunha, agricultores estacionaram tratores nas margens da ERS-122 e nesta sexta-feira os comerciantes florenses se juntam aos caminhoneiros e muitas lojas estarão de portas fechadas.

No município, a mobilização dos caminhoneiros iniciou logo após o meio-dia de segunda-feira, no Km 97 da ERS-122, junto ao trevo de acesso à VRS-814, que liga Flores da Cunha a Nova Pádua. Com o passar da semana o número de caminhões parados no acostamento e nas ruas dos bairros União, Nova Trento e Lagoa Bela só aumentou. Na tarde de ontem a estimativa era de mais de 400 veículos mobilizados.

O caminhoneiro florense Ricardo Toscan assegura que não existe um prazo para que a mobilização se dilua, isso porque é esperado um acordo vantajoso com o governo. “A situação como está não tem como ficar. São impostos abusivos e até não termos uma condição de fato vantajosa não vamos desistir”, afirma Toscan, que citou que “aqui todos são organizadores”, quando a reportagem do Jornal O Florense buscou por informações. Para ele, se o governo ceder, será um passo à frente para todos. “Se conseguirmos essa vitória, ela não será somente em prol dos caminhoneiros, mas para toda a população”, valorizou.

Carros e motos estão liberados
No ponto em Flores da Cunha, carros podem seguir pela rodovia e os caminhões ficam retidos para agregar a mobilização. De acordo com o presidente da Associação dos Motoristas de Flores da Cunha, Caetano Pozzo, na maioria dos casos os caminhoneiros apoiam a causa. “Alguns querem passar por pressão das empresas que querem que a carga seja entregue, mas a maioria concorda com a paralisação e nos apoia. Se não conseguirmos nada agora podemos abandonar”, reconhece. A mobilização em Flores da Cunha conta com o apoio da Brigada Militar e do Grupo Rodoviário.

Um desses caminhoneiros que estava passando e aderiu à paralisação é João Aeres Della Vechia, 52 anos. Ele saiu de Porto Alegre com destino à Caçador, em Santa Catarina, levando uma carga de plásticos. Está em Flores desde terça-feira. “Precisamos apoiar a causa e colaborar. Até porque essa situação está demais, estão se prevalecendo sobre o povo e isso não pode seguir dessa forma. Percebemos que aqui, além de ser uma mobilização pacífica, tem o apoio da comunidade, pois a todo instante chegam mantimentos como frutas e comida. A comunidade apoia como pode”, valorizou o caminhoneiro que trabalha na estrada há 20 anos.

 

O que dizem outras entidades

Centro Empresarial
O Centro Empresarial (CE) de Flores da Cunha apoia a manifestação dos caminhoneiros e divulgou uma nota oficial onde destaca que a ação “busca uma solução nos aumentos constantes e abusivos nos combustíveis. A greve é justa e necessária tendo em vista a situação desordenada que o Brasil tem vivido e que se reflete em todos os setores produtivos. Mas, é importante salientar que é preciso ter discernimento para que os serviços essenciais como alimentação, saúde e segurança não sejam influenciados pela paralisação. A diretoria da entidade reitera que a manifestação pode trazer benefícios, mas deve ser feita de forma ordeira e pacífica. O Centro Empresarial apoia as empresas que aderirem ao movimento, juntando-se aos caminhoneiros e demais entidades representativas, em prol de um Brasil melhor.”

Fetag-RS e STR
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag-RS) também divulgou o apoio à mobilização dos caminhoneiros. Em nota oficial, a entidade diz que apoia a ação “por entender que está insustentável produzir e trabalhar no Brasil da forma como está sendo conduzida a política de preços dos combustíveis. Para o agricultor familiar a situação se torna ainda pior, pois além dos combustíveis os demais insumos que compõem o custo de produção aumentam de valor ano a ano, ao contrário dos preços dos produtos que baixam. Assim, quando o caminhoneiro tem seu custo elevado, acaba majorando o custo do produtor. Diante deste contexto, a luta do caminhoneiro e do agricultor familiar é a mesma, ou seja, por sobrevivência para seguir produzindo e transportando a produção. É por isso que a Fetag apoia essa luta e orienta as lideranças dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais que façam o mesmo”.
O presidente do STR de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, diz que existe um bom número de agricultores dos municípios que participam da mobilização. “Apoiamos e parabenizamos os motoristas pela manifestação ordeira e pacífica, usando o bom senso. É uma causa justa, porque para os agricultores o aumento nos combustíveis impacta diretamente no nosso custo de produção, afinal, o diesel é matéria-prima na produção. No nosso movimento sindical, a história mostra que os avanços que tivemos foram por meio de manifestações. Estava na hora de mostrar ao governo que não concordamos com essa política”, avalia.

Manifestação na ERS-122 segue nesta sexta-feira. - Camila Baggio
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