Geral

Incertezas rondam as colheitas de alho e cebola

Em Flores, produção deverá ser 50% menor, enquanto que Nova Pádua não deve alcançar 2 milhões de quilos, ante os 9 milhões previstos nesta safra

Com uma estimativa inicial de produção de mais de 11 milhões de quilos das culturas de alho e cebola nos municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua, mas frustrada pelas intempéries que devastaram lavouras inteiras no final de outubro, produtores dos dois municípios iniciaram esta semana a colheita da safra de incertezas de alho e de cebola. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Flores da Cunha e Nova Pádua, e vice-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Olir Schiavenin, no município florense a produção deverá ficar 50% menor do que a safra anterior, quando foram colhidas 900 toneladas de alho e 1,4 milhão de quilos de cebola. Além da queda na produção causada principalmente pelo granizo, a qualidade do produto também está comprometida. Com o temporal, as plantas foram danificadas e o bulbo parou de se desenvolver.

Em Nova Pádua, segundo o engenheiro agrônomo da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS/Ascar), Willian Heintze, considerados os carros-chefes das culturas temporárias, a produção de cebola e alho deste ano não deve alcançar 2 milhões de quilos, contra 9 milhões de quilos previstos. A área cultivada no município paduense é de 300 hectares de cebola e 60 hectares de alho, no entanto, conforme o agrônomo, a maioria dos produtores de Nova Pádua não irá colher nada de cebola. “Não sabemos o que fazer. Estamos colhendo o alho e guardando no galpão para não contaminar o solo”, lamenta o produtor Alexandre Sonda, 40 anos, que tinha uma expectativa de colher 40 mil quilos de alho, mas só chegará aos 9 mil quilos e numa qualidade bem inferior. Na propriedade da família Sonda, no Travessão Mützel, interior de Nova Pádua, numa área plantada de 2 hectares, onde a estimativa era de produzir 50 toneladas de cebola, não será colhido absolutamente nada. “Nem para o consumo de casa vai ter”, revela o produtor.

De acordo com ele, o custo para produzir a cultura está muito alto, isso porque o plantio e a colheita são feitos manualmente, além do preço elevado dos insumos. Em média o custo por hectare varia entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para o alho e entre R$ 20 mil e R$ 25 mil por hectare de cebola. Por outro lado, o preço de venda do produto, principalmente o alho, depende da qualidade e da importação do item da Argentina e da China. Segundo Olir Schiavenin, o preço médio do quilo de alho deverá girar em torno de R$ 5, enquanto a cebola deverá ser comercializada, dependendo da época, a R$ 1,40 ao quilo.

Governo federal apresenta alternativas para amenizar prejuízos

Em um encontro que reuniu prefeitos, vereadores, secretários municipais, representantes da Emater, lideranças sindicais e bancários de dez municípios da Serra Gaúcha, o Governo Federal apresentou na quarta-feira, dia 28, em Flores, alternativas para amenizar os prejuízos causados pelo temporal. O encontro, realizado na Câmara de Vereadores, teve explanação do coordenador de Gestão de Risco e Seguro Agrícola, da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar, José Carlos Zukowski. O representante do governo federal apresentou formas de subsídios e modalidades de renegociação de financiamentos em casos de perda de produção, quebra de safra ou dificuldade de venda do produto. Entre as modalidades apresentadas para a agricultura familiar, estão o Proagro, Proagro Mais, Pronaf e Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), além de incentivo para financiamento subsidiado na compra de tela para proteção das culturas.

Outros programas de auxílio ao produtor rural, como o Bolsa Safra e o Garantia Safra, implementados em Estados do Norte e Nordeste do país, também foram apresentados para as lideranças da região. Para ser implantado em solo gaúcho, o programa necessita, além de uma parcela de contribuição da União, da adesão e uma parte de recursos do Estado e do município. Uma das alternativas apresentadas no encontro para amenizar os problemas recentes, é a realização de acordos com as instituições financeiras para prorrogação de financiamentos, e encaminhamento de alternativas para aperfeiçoar os programas do governo federal, enquadrando também o Sul do país nos programas sociais de ajuda em casos de desastres naturais. Estiveram representados no encontro, além de Flores da cunha, os municípios de Antônio Prado, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Monte Alegre dos Campos, Monte Belo do Sul, Nova Pádua, Nova Roma do Sul, Pinto Bandeira e São Marcos.

O produtor paduense Alexandre Sonda não deverá colher nada na lavoura de cebola. - Antonio Coloda
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário