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Hospital Fátima lança Teste da Orelhinha

Exame faz parte da triagem neonatal e orientação é que ele seja feito ainda na maternidade

A partir desta semana, os bebês que nascem no Hospital Beneficente Nossa Senhora de Fátima de Flores da Cunha saem da maternidade com uma triagem neonatal completa. Isso porque a instituição firmou contrato com a Sentire Soluções Auditivas e passará a oferecer também o Teste da Orelhinha ainda na maternidade, bem como os testes do coraçãozinho e do olhinho. Todo bebê que nasce no Brasil tem direito a realizar gratuitamente esses três exames, juntamente com o Teste do Pezinho, que é feito pelo pediatra alguns dias depois.

O Teste da Orelhinha é realizado com uma espécie de fone de ouvido, que é colocado na orelhinha do bebê. Em seguida, são emitidos estímulos sonoros, enquanto um aparelho registra a resposta auditiva, proveniente da contração e distensão das células cocleares – as responsáveis por captar os sons. O processo dura apenas de três a cinco minutos e não provoca desconforto ou dor ao pequeno ou pequena. A prova disso é que pode ser aplicado enquanto ele dorme.

No Hospital Fátima, por enquanto, o exame será realizado para pacientes de planos de saúde conveniados – os pacientes do Sistema Único de Saúde seguem sendo encaminhados ao Centro de Referência Auditiva Clélia Manfro, em Caxias do Sul. Uma parceria com o município para que o atendimento seja ampliado ao SUS será buscada de agora em diante. “Já temos o aval dos planos de saúde e agora buscaremos garantir esse atendimento também para o SUS, até porque 50% dos nascimentos dentro do nosso centro obstétrico são do sistema único de saúde. Devemos isso a nossa comunidade e buscamos sempre atender melhor, trazendo exames preventivos e oferecendo um suporte”, valorizou a diretora Executiva do Hospital Fátima, Andréia Francescatto Vignatti.

Os três pediatras que atuam na instituição de saúde – Priscila Cecconello, Josiane Sousstruznik Porto e Alfredo Mazzocchi Koppe –, são parceiros da iniciativa, eles que devem prescrever o teste logo após o nascimento. “Com o Teste da Orelhinha, a triagem neonatal dos bebês fica completa, com a realização de todos os exames obrigatórios ainda na maternidade, bem como o do coraçãozinho e do olhinho. O Teste do Pezinho é realizado depois de cinco dias de vida”, explica a pediatra Priscila.

Sobre o teste
Segundo a fonoaudióloga da Sentire Soluções Auditivas, Bianca Zorgi Guerra, a cada mil bebês nascidos, de um a seis apresentam algum tipo de deficiência na audição. A estatística tem respaldo em uma série de estudos epidemiológicos realizados em todo o mundo. “Desde que flagradas e tratadas em estágio inicial, até os seis meses de vida, essas alterações não são sentença de prejuízos sociais e cognitivos. Mas um diagnóstico tardio, por volta dos três ou quatro anos, pode acarretar perdas significativas nas etapas de aquisição da linguagem”, alerta a fonoaudióloga.

Para ela, este já é um argumento mais do que suficiente para justificar a triagem neonatal e garantir aos pequenos as intervenções necessárias para um aprendizado bem semelhante ao de uma criança sem nenhuma disfunção. O Teste da Orelhinha é, normalmente, aplicado em recém-nascidos já no segundo ou terceiro dia de vida. Por lei, o teste deve ser realizado por um fonoaudiólogo.

O Teste da Orelhinha acusa eventuais anormalidades na cóclea, região do ouvido repleta de celular ciliadas, cuja função é captar ondas sonoras. Uma vez danificadas, estas unidades não são repostas pelo organismo. “É recomendado que a criança seja submetida à avaliação antes do primeiro trimestre de vida para que comece a ser estimulada, se necessário, assim que completar o sexto mês. Mas, não convêm ultrapassar 28 dias, contando a partir do nascimento, porque o bebê começa a diminuir seus períodos de sono e tem a atividade motora aumentada, o que interfere na execução do exame. A orientação é que ele seja feito antes da alta hospitalar”, reforça Bianca.

Apenas 2% dos testes realizados em bebês apresentam alguma deficiência na audição. O que não significa, necessariamente, que o pequeno tenha algum déficit. “Ocorre que o tamanho reduzido das estruturas auditivas e o acúmulo de secreções no pós-parto podem fazer soar um alarme falso. Nesses casos o procedimento é repetido após 15 dias e aí sim, se o resultado for negativo, é preciso evoluir em testes mais precisos”, explica a fonoaudióloga.

Existe um grupo de maior risco para perdas auditivas, como aqueles recém-nascidos com tamanho muito pequeno para a idade gestacional, com lesões neurológicas, síndromes congênitas, meningite, infecções como rubéola, tumores, prematuridade, complicações no parto que comprometeram a oxigenação do bebê, entre outros casos. “Esse grupo deverá ser acompanhado até os dois anos de vida no que se refere à perda auditiva”, complementa a fonoaudióloga Bianca Zorgi Guerra.

A importância da prevenção
A mãe Fabiane Romitti, que hoje tem uma rotina especial de cuidados com a filha Xaiane Greseli, de 16 anos. Xaiane nasceu prematura e passou seus 32 primeiros dias de vida em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal. As dificuldades no nascimento refletiram em alguns problemas de saúde na pequena, entre eles uma perda, baixa, mas existente, na audição. “Na época não fui orientada a realizar o exame, se é que ele já existia. Então não percebemos que a Xaiane tinha essa perda. Fomos descobrir quando ela já tinha 11 anos, após atendimentos na fonoaudióloga e quando ela já sofria com dificuldades em falar e na aprendizagem. Se ela tivesse feito esse teste, não teríamos demorado tanto para dar o acompanhamento que ela precisa hoje”, conta a mãe.

Xaiane está no 8º ano da Escola Benjamin Constant e precisa sentar bem pertinho da professora para que os sons cheguem perfeitamente ao seu ouvido direito – aquele esquerdo tem perdas em alguns sons específicos como o ‘s’. “Nos últimos cinco anos, desde que iniciamos o tratamento, a Xaiane já evoluiu muito e temos certeza que ainda vai progredir. Por isso reconheço o quão importante teria sido ela ter tido esse diagnóstico ainda bebê. Os pais que hoje têm essa possibilidade não podem deixar de fazer, é de uma importância enorme e não é só a questão de ouvir, mas também de aprender e se desenvolver”, salienta a mãe.

Equipe do Hospital Fátima que atuará no Teste da Orelhinha, a enfermeira Vivyanne Dal Molin, a coordenadora de enfermagem Angélica Tonietto, a pediatra Josiane Sousstruznik Porto, a técnica em enfermagem Marivane Herves Coser, a pediatra Priscila Cecconello, a fonoaudióloga Bianca Zorgi Guerra, e a técnica em enfermagem Luciane Debona Rigo. - Camila Baggio  A mãe Fabiane auxilia a filha Xaiane Greseli no tratamento de uma perda auditiva no ouvido esquerdo – se ela tivesse sido diagnosticada ainda bebê, a deficiência poderia ter sido menor. - Camila Baggio Teste é indolor para os bebês. - Divulgação
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