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Hora de dizer basta

Série de assaltos registrados em Flores da Cunha nos últimos dois meses mobilizou a população a protestar às 16h de hoje, dia 13 de julho, na Praça da Bandeira. Na ocasião, a recomendação será para que os proprietários de estabelecimentos comerciais fechem as portas por alguns minutos. O movimento chamado Parada Contra a Violência surgiu no Facebook e é apoiado pelo O Florense

A série de pelo menos cinco assaltos registrados em Flores da Cunha desde o primeiro dia de julho mobilizou a população. Como forma de cobrança aos poderes constituídos, um ato será realizado às 16h de hoje, dia 13 de julho, na Praça da Bandeira. Na ocasião, a recomendação será para que os proprietários de estabelecimentos comerciais do município fechem as portas por alguns minutos, em forma de protesto. O movimento Parada Contra a Violência surgiu no Facebook e ganhou proporção. Resta aguardar para saber se de fato o que foi dito na rede social se tornará realidade. O jornal O Florense é apoiador da iniciativa.

A sequência de crimes iniciou ainda no mês passado com investidas a uma empresa (teve o cofre carregado), à agência central dos Correios e a residências. Em julho, os Correios foram novamente alvo de assaltantes, além de outras moradias e de um escritório de despachante. Na terça-feira, dia 10, a Imobiliária Francescatto foi invadida por homens armados e, à noite, uma farmácia da Avenida 25 de Julho acabou assaltada. Na mesma noite, um carro foi furtado na Rua Júlio de Castilhos, em frente a um restaurante.

“Precisamos cobrar providências das autoridades. Não temos interesse político, apenas queremos cobrar nossos direitos e fazer nosso protesto chegar aonde for necessário”, justifica o empresário Lucas Carenhato, um dos idealizadores da mobilização e vítima recente (teve o apartamento arrombado no dia 29 de junho).

O capitão Juliano Amaral, comandante local da Brigada Militar (BM), lamenta que o município passe novamente por uma série de ocorrências. “Sabemos que o que ocorre no presente já prevíamos no passado. Tentamos mobilizar as entidades, órgãos e alertar a comunidade sobre posturas e ações pró-ativas, mas infelizmente a falta de estrutura, cada dia mais precária somada, a onda de prisões e confrontos em Caxias do Sul e Farroupilha, fazem com que o crime migre e opte por locais mais vulneráveis”, argumenta o oficial. Para ele, a participação da comunidade, mudando rotinas, tendo postura preventiva e colaborando com observações e o fornecimento de informações à Brigada, é fundamental para aprimorar a vigilância pública.

O município tem 28 PMs, sendo 23 para o policiamento ostensivo. Amaral lembra ainda que apenas uma viatura esteja em condição de uso – um Prisma 2008. Dois Corsa (um 2008 e um 2004) frequentemente vão para a oficina. Os distritos de Mato Perso contam com um veículo cada, adquiridos pelas comunidades (uma Blazer e um Gol, respectivamente). A BM florense tem ainda três motocicletas. “Se eu tivesse mais efetivo e mais viaturas, os colocaria na rua”, constata o oficial.

O tenente Luiz Carlos da Luz Rodrigues, também da BM florense, o reforço do número de policiais e viaturas do 36º Batalhão da Polícia Militar (36º BPM) de Farroupilha, desde quarta-feira, dia 11, foram algumas das ações encaminhadas. Conforme o tenente, as ações seguem com operações em bairros da cidade e blitze em pontos estratégicos, na tentativa de identificar e prender os criminosos. A medida não tem prazo para terminar. “Enquanto não normalizar a situação, vamos manter o reforço nas ruas”, garante Rodrigues.

Investigação
Para a titular da Delegacia de Polícia (DP) local, delegada Aline Martinelli, a principal causa da onda de crimes é a falta de policiamento preventivo, e de outros meios técnicos de prevenção, especialmente câmeras de monitoramento. “Considero positiva esta manifestação da comunidade porque”, anuncia. A delegada lembra que alguns dos roubos praticados nos últimos dias têm autoria sendo investigada. No caso do roubo à Indústria de Bebidas Fante, dois cheques no valor de R$ 550 foram localizados com um homem, morador da cidade de Farroupilha. O suspeito chegou a ser preso temporariamente e deverá ser indiciado criminalmente, pois não soube explicar à polícia como os documentos foram parar em suas mãos.

Conforme Aline, do assalto a um escritório de despachante, ocorrido dia 6 na área central da cidade, um dos cheques roubados, no valor de R$ 15 mil, foi localizado com um homem numa loja de material de construção, no bairro Santa Fé, em Caxias do Sul. Ontem, dia 12, agentes da Polícia Civil florense estiveram em Caxias para ouvir alguns suspeitos. Além dos roubos, segundo a delegada, apesar das dificuldades enfrentadas, principalmente pelo número reduzido do efetivo (apenas três agentes trabalham na investigação dos crimes em Flores da Cunha), a Polícia Civil está em busca de informações sobre os autores dos furtos e arrombamentos locais. De acordo com ela, é provável que seja uma quadrilha da região que estaria agindo também na cidade de Veranópolis. Três veículos, um Santana preto, rebaixado, com vidros escuros; uma caminhonete Fiorino branca; e uma S10 com suporte de madeira atrás teriam sido vistos próximos às residências arrombadas, em Flores e Veranópolis.

Os crimes mais recentes
- 8 de maio – Mecânico foi atacado por dupla de ladrões quando chegava em casa no bairro Aparecida. Foram roubados dois carros, R$ 3 mil em dinheiro e diversos objetos.
- 10 de maio – Assalto com reféns no Travessão Jacinta, em Otávio Rocha. Família de agricultores foi atacada por três homens, que roubaram um trator Yanmar e R$ 300. Uma das vítimas foi agredida.
- 6 de junho – Um escritório de contabilidade localizado na Rua Barros Cassal, no centro, foi atacado por três assaltantes armados que levaram o malote com cerca de R$ 10,5 mil, além de cheques.
- 10 de junho – A Indústria de Bebidas Fante, nas margens da ERS-122, foi atacada por dois homens armados que renderam o vigia e fugiram levando uma caminhonete, o cofre e diversos computadores.
- 11 de junho – Uma loja situada na rua principal da localidade de São Gotardo foi atacada por dois homens, que roubaram aproximadamente R$ 9 mil.
- 20 de junho – Um homem invadiu a agência central dos Correios e fugiu levando cerca de R$ 5 mil.
- 20 de junho – Uma mulher de 43 anos foi atacada por dois homens encapuzados e armados, quando chegava em casa, na Rua Raimundo Montanari, no centro da cidade. Os ladrões roubaram R$ 380 e o carro.
- 21 de junho – Uma família de agricultores foi rendida e mantida presa no interior da residência, no Travessão Pinhal, distrito de Otávio Rocha. Os ladrões fugiram levando dois revólveres, uma espingarda e diversos objetos.
- 22 de junho – Uma mulher de 37 anos foi rendida por dois homens no momento em que chegava para trabalhar numa residência do loteamento Monte Belo. A diarista foi mantida sob ameaças enquanto os assaltantes retiraram objetos do interior da casa.
- 29 de junho – Três apartamentos de um mesmo prédio situado no loteamento Granja União foram arrombados. Os bandidos levaram quatro aparelhos de TV, um DVD, um notebook, uma batedeira, roupas e joias avaliadas em cerca de R$ 8 mil.
- 1º de julho – Um homem armado de revólver assaltou a agência central dos Correios e fugiu levando cerca de R$ 4 mil.
- 6 de julho – Um escritório de despachante situado na área central foi alvo de dois assaltantes que roubaram R$ 3 mil, diversos cheques, um relógio de pulso, além de dois celulares. Um dos proprietários foi agredido com coronhadas e precisou ser medicado.
- 10 de julho – A Imobiliária Francescatto foi assaltada por dois rapazes que roubaram cerca de R$ 18 mil, além de cheques de terceiros. A esposa do corretor de imóveis foi agredida e precisou de atendimento médico.
- 10 de julho – Uma farmácia situada na Avenida 25 de Julho foi atacada por dois homens armados que roubaram aproximadamente R$ 600.

Esposa de empresário reage e é agredida a coronhadas
Ainda traumatizada e se recuperando das lesões sofridas durante o assalto à Imobiliária Francescatto, na manhã de terça-feira, dia 10, Marilei Terezinha de Araújo, 44 anos, esposa do proprietário, Oscar Francescatto, 59 anos, não esconde o medo de continuar trabalhando no estabelecimento. “A partir de agora vou ficar com a porta fechada, pelo menos até passar o susto”, garante a vítima. Ela foi surpreendida por dois assaltantes no escritório do estabelecimento e, ao reagir ao roubo, foi agredida a socos e pontapés. Antes de fugirem com cerca de R$ 18 mil (dinheiro e cheques), a mulher foi empurrada para outra sala do prédio. “Eu só pensava no dinheiro, não pensei em mim”, lamenta.

De acordo com a vítima, a dupla ainda tentou estrangulá-la usando amarras de plástico. “Enforca ela, enforca ela”, teria dito um dos bandidos. Segundo Marilei, o assalto durou cerca de três minutos. “Só que para quem está apanhando, aquilo parece uma eternidade. Aqueles minutos pareciam horas, não passavam.” Apesar de chamar por socorro, nenhum morador próximo percebeu a investida. Somente depois de a dupla ser vista saindo do prédio é que vizinhos ligaram para a Brigada Militar.

No mesmo dia, por volta das 20h20min, uma farmácia situada na Avenida 25 de Julho, no centro da cidade, foi atacada por dois homens armados que roubaram R$ 600 – em seguida, fugiram a pé. Duas horas depois, uma caminhonete Toyota Fielder com placas de Santa Catarina foi furtada em frente a um restaurante, na Rua Júlio de Castilhos, também na área central.

A repercussão no Facebook
- Igor Branchini: Em uma cidade pequena como Flores, isso não é tão difícil assim de ser resolvido. Realmente dá pra dizer que tá uma vergonha isso. E outra, depois sempre pedem para a população ajudar e fazer sua parte. Nessa situação, a minha ajuda é ligar para a polícia, se eles não conseguem fazer o que são pagos para fazer, então...
- Mariela Castellan: Ninguém aguenta mais isso. Vamos tomar providências. A gente está vivendo à mercê desses marginais. Isso é uma vergonha para uma cidade que uma vez diziam: ‘Flores da Cunha, como é bom viver aqui’. Acho que esta frase não está correta no momento em que vivemos. Providências já. Chega de tanta impunidade...
- Junior Rigotto: Há uns dias entraram na minha casa (na garagem) e levaram tudo que tinha. Cheguei na hora e eles fugiram. Sorte que não nos pegaram, pois estava eu, minha esposa e minha filha. E no apartamento da minha irmã arrombaram a porta e fizeram a limpa. Uma vergonha. Ninguém sabe, ninguém viu e ninguém ouviu. E ninguém faz nada.
- Edivaldo Tedesco: O maior problema é que nós ‘eleitores’ não fizemos nada. Quando alguns protestam e fecham ruas para poder chamar a atenção de quem pode fazer algo, a maioria reclama que vai se atrasar... Aí todos fazem o que bem entendem e nada acontece!!
- Fernanda Pelizzer: Realmente a mobilização que está sendo realizada é um alerta para os atuais governantes de nosso município, mas serve para os candidatos a um cargo público que iniciaram a sua campanha. Não queremos mais discursos montados que generalizem toda e qualquer situação, ou seja, sabemos dos nossos direitos, agora, cabe aos governantes que detém o poder fazer valer. Desta forma essa parada deve ser somente o início de muitas reivindicações que nosso município necessita.
- Assis Antoniazzi Lavoratti: Infelizmente só temos atenção das autoridades quando alguma vítima de assalto é morta pelos bandidos. Aparentemente esses assaltos que andam ocorrendo com uma frequência estupenda em nosso município são tratados como ‘assaltozinhos’ ou apenas como ‘arrombamentos para comprar droga’, não sendo considerados como casos sérios pelas autoridades competentes (Estado e município). Apoio com tudo a mobilização e espero que realmente tenha algum tipo de efeito imediato, pois circular pela cidade tenso e com medo não é legal para ninguém.
- Alfredo Mazzocchi Koppe: Flores da Cunha precisa entender que se quiser melhorias na segurança vai ter que fazer por conta própria, com recursos municipais e do cidadão como muitas cidades já fazem. Se esperarmos por melhorias do governo do Estado (verdadeiro responsável), vamos ficar protestando, reclamando e chorando em vão. Alguém se lembra de uma passeata por segurança organizada por mim e várias outras pessoas há idos 10 anos atrás e até hoje nada. O Consepro é um órgão importante, mas infelizmente no nosso município recebe poucos recursos e está desacreditado pela população.

Caso mais violento e recente foi registrado no dia 10: investida contra imobiliária resultou em agressões à esposa do proprietário do estabelecimento. - NaHora/Antonio Coloda
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