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Gerações unidas nos 60 anos da Florense

Fábrica de móveis fundada em Flores da Cunha em 1953 comemora 60 anos

Ao mesmo tempo em que lidera rankings do setor moveleiro, a Fábrica de Móveis Florense mantém vivas praticamente todas as características que a fizeram chegar neste patamar. Uma empresa baseada na família e que prima pela gestão e pelo comprometimento. Atualmente com 59 lojas no Brasil e 11 no Exterior, a Florense é considerada mais do que uma empresa – é uma marca consolidada no mercado. Em 2013 os 60 anos de fundação são celebrados com a valorização da marca, fato que, segundo seu presidente e um dos fundadores, Lourenço Darcy Castellan, está diretamente relacionado ao crescimento no mercado. 

“As coisas não caem do céu. É preciso trabalhar, se dedicar e fazer o que gostamos.” A dica é de Castellan, 83 anos. Uma das personalidades de Flores da Cunha, o empreendedor, com quatro sócios, criou a Florense em maio de 1953, aos 23 anos de idade. O investimento, em meio às dificuldades da época, foi somado à iniciativa e vontade de crescer. “Tudo na época era mais difícil, nem luz tínhamos. Recordo que às 4h da manhã saíamos cedo de casa para buscar lenha para nossa mãe, eu e meus outros nove irmãos. A luz era de lampião a querosene”, recorda Castellan.

A paixão que nasceu em 1953 foi baseada em uma filosofia de seriedade e comprometimento. A Florense fazia produtos artesanais sob encomenda, que variavam de rodas de carretas até caixões. “Quando morria alguém o primeiro a ser avisado era o padre ou eu”, brinca Castellan, que é talhador profissional, assim como carpinteiro e ferreiro. Em 1960 a Florense iniciou uma produção em série, com venda para magazines e lojas multimarcas. “Quando saí do meu primeiro emprego e montamos a fábrica, muitas pessoas se juntaram a nós graças ao comprometimento que tínhamos e que refletiu diretamente na nossa evolução”, conta Castellan.

Nos anos 1980 a Florense iniciou a exportação de móveis corporativos para os Estados Unidos. Para isso, o caminho foi longo. Por ter atuado por oito anos na entidade dos fabricantes de móveis do Brasil, Castellan foi um lutador do setor. Buscou junto aos órgãos públicos a possibilidade de importar maquinário, para beneficiar a Florense e todo o setor. “Na época se entendia que comprar máquinas de fora acabava por prejudicar as empresas de maquinários brasileiros, mas isso impedia a qualificação e modernização da indústria brasileira”, explica Castellan.

Após as negociações, o empreendedor adquiriu mais de US$ 3 milhões em equipamentos da Itália. Tudo sem empréstimo ou carta de crédito, apenas pela fiducia – confiança, em italiano. “Em dois anos pagamos todas as máquinas, adquirimos um equipamento de cada vez, até ter nosso parque montado. Com aquelas máquinas aumentamos muito a produção e com o mesmo número de funcionários. E não foi só a Florense que cresceu, o país se modernizou”, relembra.

Castellan também incentivou a exportação de móveis, fato que hoje marca a trajetória da empresa com 11 lojas fora do país. “Buscamos extinguir a exportação de toras de madeira para abrir a exportação dos móveis. Conseguimos comprar madeiras boas com preços bons, tudo graças ao crédito. São coisas assim que devem servir de exemplo para os jovens. Nada cai do céu. Não precisa ter muito capital ou muito patrimônio, o crédito vale muito mais que o dinheiro. Para a Florense valeu”, acrescenta Castellan.

Entusiasmo
Lourenço Castellan é um verdadeiro entusiasta, assim como era aos 23 anos, sempre preservando valores como respeito e comprometimento. “A pior coisa é não honrar uma palavra dita. Sempre falo aos nossos franqueados para satisfazer os clientes”, destaca o empreendedor, em meio a muitas histórias. A satisfação deve ser recíproca. “Hoje a Florense é a número um no Brasil, longe do segundo colocado, graças à filosofia de poder sempre satisfazer as pessoas. Temos que saber fazer contas e sermos justos. Desde que comecei a trabalhar, com 14 anos de idade, sempre tive essa filosofia, unida com a vontade, saúde e, claro, crédito”, lembra Castellan.

A Florense conta com a maior loja de móveis do Brasil. O empreendimento com 2,1 mil metros quadrados fica no Rio de Janeiro. O crescimento é fruto de muito trabalho e investimento, não somente em dinheiro, mas em qualidade de serviço. “Temos que fazer o que gostamos, senão trabalhamos em dobro. Estou muito feliz, pois nesses 60 anos, pois alcançamos aquilo que queríamos. Não foi fácil, atravessamos muitos governos... Sempre cumprindo com nossas obrigações”, salienta Castellan. Hoje a Florense tem 600 funcionários.

Empresa familiar com gestão profissional
“Sempre temos o sonho de ver nossos filhos sendo alguém na vida. Meu sonho se realizou.” A frase de Lourenço Castellan valoriza uma das características marcantes da Florense, e que aos 60 anos permanece totalmente em vigor: a participação familiar. Castellan fundou a empresa com o cunhado Ângelo Corradi e hoje a direção da empresa tem a participação dos filhos deles. Os anos passaram e mudaram, mas não os valores da empresa. “Estamos preparando a terceira geração na Florense. Meu filho Gelson começou a trabalhar com 13 anos e minha esposa me xingava por colocá-lo tão cedo na fábrica, mas foi aí que ele aprendeu o amor pela empresa. Esse comprometimento ele passa hoje para os mais jovens”, garante Castellan. Gelson é o vice-presidente e diretor comercial da Florense.

Mateus Augusto Corradi é um integrante da terceira geração dos fundadores que atua na fábrica. Ele é gerente de Marketing e garante manter viva a “alma” da Florense. “O mais importante é esse legado, aprender deles toda essa experiência. A primeira geração fez e formou os valores da Florense. Esses valores, essa filosofia, em 60 anos continuam os mesmos. Eles já inventaram a roda. Manter esses valores é um trabalho nosso”, sustenta Corradi, neto do fundador Ângelo Corradi e filho de Paulo Corradi, diretor industrial.

Em 2001 Mateus teve sua primeira experiência como funcionário da Florense. Hoje, aos 30 anos, ele diz que é importante ser correto e justo, com confiança. “Recordo quando me deram a oportunidade de trabalhar aqui. A primeira coisa que foi dita é que não estamos entrando na empresa porque temos o sangue ou o sobrenome, mas estamos ganhando uma oportunidade e a empresa vai avaliar se temos perfil e condições para merecer seguir adiante”, lembra o gerente.

A ‘preparação’ da terceira geração, como conta Lourenço Castellan, é como num time de futebol. “Se o cara não chuta suficientemente bem, vai para o banco”, brinca o fundador. Embora a gestão seja familiar, Mateus destaca que a gestão é profissional. “Na Florense não tem essa de passar a mão na cabeça. É uma empresa familiar, mas a gestão é profissional”, destaca.

Entre uma frase e outra de Lourenço e Mateus, as gerações se aproximam, seja pela experiência ou pela busca por novidades. “Seu Lourenço sempre falou: devemos colocar a empresa acima de tudo, porque se nós cuidarmos da empresa ela vai cuidar da nossa família”, cita Mateus. “É como uma vaquinha de leite: se cuidarmos bem dela todos terão leite para tomar”, complementa Castellan, sorrindo.

“Bom, vou contar uma coisa...”. Assim se iniciam muitas das histórias que Lourenço coleciona nos 60 anos da marca que recebeu carinho, investimento, inovação. Ele repete que o importante é saber fazer o que gostamos, “mas com seriedade”. “Não há coisa melhor no mundo que paz. Eu tenho paz hoje. Não somos a maior, mas a melhor. Flores da Cunha não tem ideia do que a Florense é”, valoriza Castellan.

Lourenço com o sobrinho-neto Mateus Corradi: primeira e terceira gerações à frente do negócio. - Fabiano Provin
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1 Comentários

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    Sou proprietário da Druway Móveis (visite Instagram ou facebook)tenho também muita experiência em projetos mecânico. Procuro uma vaga para assistência técnica, onde posso ser útil, pois além da experiência tenho muita força para grande jornada de trabalho. Obrigado, Dalton



    Comentário editado pela redação.

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