Gerações e seus conflitos em debate no Fórum Regional
Evento ocorre nesta segunda-feira, dia 30, e terá com tema ‘Os conflitos das gerações e as consequências desses conflitos na Família, Escola e Sociedade’, com o palestrante Renato Casagrande
Com o tema Os conflitos das gerações a as consequências desses conflitos na relação das pessoas na Família, Escola e Sociedade, Flores da Cunha realiza a 5ª edição do Fórum Educacional Regional. O encontro será realizado na próxima segunda-feira, dia 30, às 19h30min, no salão paroquial. O evento tem entrada gratuita e é destinado a toda comunidade, sobretudo pais e professores.
Segundo a secretária municipal de Educação, Cultura e Desporto, Ana Paula Zamboni Weber, são esperadas mais de mil pessoas. Ela destaca a interferência da tecnologia no comportamento da sociedade e a importância da temática para o desenvolvimento das crianças e jovens, tanto na escola quanto no ambiente familiar. “O que falta é esta qualidade da relação pai e filho, que está falhando”, avalia Ana Paula.
O fórum será ministrado pelo especialista em Educação Renato Casagrande, que também é especialista em Recursos Humanos, mestre e bacharel em Administração com linha de pesquisa em Gestão Educacional, área na qual atua há mais de 20 anos. Além de palestras ele é comentarista em uma rádio do Paraná.
Casagrande irá analisar as mudanças sociais, desde a geração ‘Silenciosa’ – aquela que antecedeu a Segunda Guerra Mundial – até a geração Z, também chamada de geração W, que integra os nascidos a partir de 1990. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Casagrande ao jornal O Florense sobre o que irá abordar no salão paroquial.
O Florense: Quais são as gerações que serão abordadas e quais os conflitos que elas passam?
Renato Casagrande: Trarei num contexto histórico as várias gerações desde a ‘Silenciosa’, que é a geração de antes da Segunda Guerra Mundial. Depois a Baby Boomer, que é a geração pós-Segunda Guerra; seguida da geração X (a partir de 1965); a geração Y (década de 1980); e esta nova geração que nasce a partir de 1990, que é para alguns a Z, e para outros a W, que são os estudantes que estão na escola hoje. Falarei do estilo de vida de cada geração e quais as influências delas, fazendo um comparativo das diferenças, e como nós trabalhamos como cada um destas novas gerações que romperam certos comportamentos que até então as gerações anteriores não tinham conseguido romper.
O Florense: O tema fala das consequências destes conflitos nas famílias, escola e sociedade. Qual destas instituições é mais importante para impedir ou, pelo menos, controlar estes conflitos?
Casagrande: Eu diria que cada um tem um papel muito definido e alguns papéis estão na intersecção. A família e a escola exercem um papel fundamental. Antigamente tínhamos a igreja, as religiões, que exerciam um poder maior que hoje já não exercem. Então sobrou para a família e para escola este desafio de realmente conseguirem formar este cidadão consciente, crítico e também, que estas duas entidades consigam, juntas, trabalhar para que os efeitos colaterais destas mudanças não atinjam estes jovens. Em função destes novos comportamentos, temos altas taxas de suicídios, de depressão entre jovens e de muitos deles procurando o caminho das drogas, por exemplo, como um refúgio para lidar com os problemas atuais, que são bastante complexos. Mais do que nunca escola e família precisam se unir. Nem sempre isso acontece. Muitas vezes a família se contrapõe ao trabalho da escola, a escola muitas vezes não quer a família próxima porque quer manter a sua autonomia, e isso não vem funcionando.
O Florense: Além de atuar com a escola, o que mais os pais podem fazer nesse contexto?
Casagrande: Eu acho que a contribuição nos órgãos em geral, quando os pais participam de associações, de agremiações, mesmo nas igrejas. Acho que são contribuições que a sociedade organizada pode dar para educarmos melhor nossos jovens. Reforço: as escolas precisam ser como se fossem um projeto de escola de pais. Eu vejo que os professores recebem informações, palestras, cursos, e os pais nem sempre estão atualizados. Por isso acaba se criando uma barreira muito grande entre pais e escolas, porque os pais, às vezes não têm a formação adequada para lidar com estas mudanças. A escola, eu considero, tem uma obrigação a mais. Além de educar as crianças elas precisam trabalhar com estes pais e, aí sim eles poderão se envolver na sociedade como um todo. A escola precisa abraçar esta causa. Ela não consegue resultados efetivos se trabalhar diretamente com os alunos sem envolver os pais nestas questões.
O Florense: Esta deficiência não esbarra, sobretudo na esfera pública, na falta de recursos?
Casagrande: Com certeza. Faltam recursos e, às vezes, falta a própria capacidade dos educadores em lidarem com isso – o que também passa por recursos, porque tem que trabalhar com a formação destas educadores. Eles têm certa dificuldade em lidar com estas questões. Primeiro por não se sentirem preparados e, em segundo, por realmente a escola não ter estrutura para projetos desta envergadura. Isto é uma questão de política pública. E não é só falta de recursos: acho que o poder público deve utilizar melhor os poucos recursos disponíveis para atingir melhores resultados.
O Florense: O que se pode esperar das gerações futuras?
Casagrande: São gerações mais confiantes, que proclamam mais pela qualidade de vida, pelo equilíbrio profissional; são mais ecológicas. Há vários fatores positivos que estas gerações poderão colaborar na mudança do comportamento da sociedade como um todo. As manifestações recentes que tivemos no Brasil sinalizam que estas gerações vão ter um comportamento diferente. São gerações mais ativas, que vão questionar muitos dogmas, que vão rever preconceitos e não vão aceitar certas justificativas dadas pela sociedade. No entanto, não sabemos ainda como vão se comportar em relação a certas frustrações na vida profissional. É uma geração que teve um Brasil que deu mais certo. Ela não viu a inflação; não viu a Ditadura no poder, a transição democrática que tivemos; ela conviveu com pai menos autoritário. Então ela chega à vida adulta com autoestima melhorada, mas observamos no mercado de trabalho que os jovens têm dificuldade em lidar com rotina, com carreiras que não progridem na velocidade esperada. Como eles têm dificuldades em lidar com o ‘não’ e com as frustrações, não sabemos quais serão os efeitos disso daqui a alguns anos.
Segundo a secretária municipal de Educação, Cultura e Desporto, Ana Paula Zamboni Weber, são esperadas mais de mil pessoas. Ela destaca a interferência da tecnologia no comportamento da sociedade e a importância da temática para o desenvolvimento das crianças e jovens, tanto na escola quanto no ambiente familiar. “O que falta é esta qualidade da relação pai e filho, que está falhando”, avalia Ana Paula.
O fórum será ministrado pelo especialista em Educação Renato Casagrande, que também é especialista em Recursos Humanos, mestre e bacharel em Administração com linha de pesquisa em Gestão Educacional, área na qual atua há mais de 20 anos. Além de palestras ele é comentarista em uma rádio do Paraná.
Casagrande irá analisar as mudanças sociais, desde a geração ‘Silenciosa’ – aquela que antecedeu a Segunda Guerra Mundial – até a geração Z, também chamada de geração W, que integra os nascidos a partir de 1990. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Casagrande ao jornal O Florense sobre o que irá abordar no salão paroquial.
O Florense: Quais são as gerações que serão abordadas e quais os conflitos que elas passam?
Renato Casagrande: Trarei num contexto histórico as várias gerações desde a ‘Silenciosa’, que é a geração de antes da Segunda Guerra Mundial. Depois a Baby Boomer, que é a geração pós-Segunda Guerra; seguida da geração X (a partir de 1965); a geração Y (década de 1980); e esta nova geração que nasce a partir de 1990, que é para alguns a Z, e para outros a W, que são os estudantes que estão na escola hoje. Falarei do estilo de vida de cada geração e quais as influências delas, fazendo um comparativo das diferenças, e como nós trabalhamos como cada um destas novas gerações que romperam certos comportamentos que até então as gerações anteriores não tinham conseguido romper.
O Florense: O tema fala das consequências destes conflitos nas famílias, escola e sociedade. Qual destas instituições é mais importante para impedir ou, pelo menos, controlar estes conflitos?
Casagrande: Eu diria que cada um tem um papel muito definido e alguns papéis estão na intersecção. A família e a escola exercem um papel fundamental. Antigamente tínhamos a igreja, as religiões, que exerciam um poder maior que hoje já não exercem. Então sobrou para a família e para escola este desafio de realmente conseguirem formar este cidadão consciente, crítico e também, que estas duas entidades consigam, juntas, trabalhar para que os efeitos colaterais destas mudanças não atinjam estes jovens. Em função destes novos comportamentos, temos altas taxas de suicídios, de depressão entre jovens e de muitos deles procurando o caminho das drogas, por exemplo, como um refúgio para lidar com os problemas atuais, que são bastante complexos. Mais do que nunca escola e família precisam se unir. Nem sempre isso acontece. Muitas vezes a família se contrapõe ao trabalho da escola, a escola muitas vezes não quer a família próxima porque quer manter a sua autonomia, e isso não vem funcionando.
O Florense: Além de atuar com a escola, o que mais os pais podem fazer nesse contexto?
Casagrande: Eu acho que a contribuição nos órgãos em geral, quando os pais participam de associações, de agremiações, mesmo nas igrejas. Acho que são contribuições que a sociedade organizada pode dar para educarmos melhor nossos jovens. Reforço: as escolas precisam ser como se fossem um projeto de escola de pais. Eu vejo que os professores recebem informações, palestras, cursos, e os pais nem sempre estão atualizados. Por isso acaba se criando uma barreira muito grande entre pais e escolas, porque os pais, às vezes não têm a formação adequada para lidar com estas mudanças. A escola, eu considero, tem uma obrigação a mais. Além de educar as crianças elas precisam trabalhar com estes pais e, aí sim eles poderão se envolver na sociedade como um todo. A escola precisa abraçar esta causa. Ela não consegue resultados efetivos se trabalhar diretamente com os alunos sem envolver os pais nestas questões.
O Florense: Esta deficiência não esbarra, sobretudo na esfera pública, na falta de recursos?
Casagrande: Com certeza. Faltam recursos e, às vezes, falta a própria capacidade dos educadores em lidarem com isso – o que também passa por recursos, porque tem que trabalhar com a formação destas educadores. Eles têm certa dificuldade em lidar com estas questões. Primeiro por não se sentirem preparados e, em segundo, por realmente a escola não ter estrutura para projetos desta envergadura. Isto é uma questão de política pública. E não é só falta de recursos: acho que o poder público deve utilizar melhor os poucos recursos disponíveis para atingir melhores resultados.
O Florense: O que se pode esperar das gerações futuras?
Casagrande: São gerações mais confiantes, que proclamam mais pela qualidade de vida, pelo equilíbrio profissional; são mais ecológicas. Há vários fatores positivos que estas gerações poderão colaborar na mudança do comportamento da sociedade como um todo. As manifestações recentes que tivemos no Brasil sinalizam que estas gerações vão ter um comportamento diferente. São gerações mais ativas, que vão questionar muitos dogmas, que vão rever preconceitos e não vão aceitar certas justificativas dadas pela sociedade. No entanto, não sabemos ainda como vão se comportar em relação a certas frustrações na vida profissional. É uma geração que teve um Brasil que deu mais certo. Ela não viu a inflação; não viu a Ditadura no poder, a transição democrática que tivemos; ela conviveu com pai menos autoritário. Então ela chega à vida adulta com autoestima melhorada, mas observamos no mercado de trabalho que os jovens têm dificuldade em lidar com rotina, com carreiras que não progridem na velocidade esperada. Como eles têm dificuldades em lidar com o ‘não’ e com as frustrações, não sabemos quais serão os efeitos disso daqui a alguns anos.
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