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Gasolina cada vez mais cara

Pesquisa junto aos postos do município aponta que combustível já atinge os R$ 5

Os florenses nunca pagaram tão caro pela gasolina. A reclamação é geral e quem tem carro não tem como escapar. O combustível voltou a subir após um período de altos e baixos. Na semana passada, a Petrobras informou o primeiro reajuste do ano nas refinarias: 3%. Neste ano, a companhia já havia anunciado quatro reduções nos preços devido à queda das cotações internacionais do petróleo.  “Por que os postos não fazem promoções, como é feito em grandes cidades? O combustível está caro, eles deveriam olhar um pouco mais para nós, consumidores. Mas precisamos circular e de qualquer jeito acabamos tendo que pagar”, questiona o florense Josué Francisconi, 52 anos. Para o técnico agrícola e morador de Lagoa Vermelha, Jaison Damo, “até R$ 5 dá para pagar. Mais que isso é preciso pensar melhor, ver aonde dá para economizar”, diz.

O preço do combustível tem batido recordes. Em um posto do município o valor já alcançou os R$ 5 – veja a tabela abaixo. Em outros pontos, o valor está um pouco mais baixo, mas a perspectiva é aumentar alguns centavos. Conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, de Empresas de Garagem, Estacionamento, de Limpeza e Conservação de Veículos e Lojas de Conveniência de Caxias do Sul e Região (Sindipetro Serra), Eduardo D´Agostini Martins, os postos de combustíveis ficam sabendo do aumento junto com a população. “Cada posto compra seu combustível de uma revendedora, como a BR, Shell, Ipiranga, e não diretamente da refinaria. Quando há esse aumento, no dia seguinte, as distribuidoras aumentam seu preço de tabela. O posto, quando compra o combustível – praticamente todo o dia ou no máximo um dia sim outro não – já repassa. Mas, esse repasse depende de uma avaliação do próprio posto. Às vezes, esse posto está inserido num contexto que tem uma concorrência maior, então cada empresa tem a liberdade de fazer a sua composição de preço”, explica Martins.

Os frentistas Rodimar Triaca, 59 anos, que atua há 30 anos no ramo, e Lidomar Risson, 47, afirmam que mesmo com a elevação do preço, nem sempre o posto consegue repassar o acréscimo no produto final. “Esta semana o combustível que chegou estava quatro centavos mais caro. Mas, nem sempre podemos repassar”, diz Triaca.

Responsável pela descarga do combustível e também pelas análises técnicas, Risson afirma que “é preferível trabalhar com um valor um pouco acima, mas com combustível de qualidade, do que ter alguma impureza. Além disso, trabalhamos com o selo de qualidade. Sempre averiguamos a porcentagem de álcool e impurezas do nosso produto”, afirma. Para os frentistas, antigamente, com o preço tabelado, o trabalho era melhor.  “Cada região tinha um preço. Assim não ouvíamos tanto das pessoas que estamos roubando elas”, diz Triaca.

De acordo com o diretor do Posto Trebobrás, Moacir Ascari, quando existe redução nos valores da Petrobrás – como ocorreu no início do ano –, dificilmente as refinarias baixam o valor.  “Agora, quando aumenta, sempre repassam, e não temos como não repassar ao consumidor final. Sempre trabalho com 10% de margem bruta”, enfatiza. Para Ascari, a qualidade do atendimento também vale muito. “Aqui prezo pela qualidade e pelo atendimento. O valor até impacta, mas se o cliente for bem atendido, sempre volta”, garante. Há 16 anos à frente do posto, Ascari diz estar passando pelos piores anos. “Espero que o governo estadual revise o ICMS, só assim para obtermos um preço mais junto. E se for o caso, porque não tabelar o preço?”, questiona.

Para o diretor executivo de varejo da SIM Rede de Postos, Diego Panizzon Argenta, os impostos que incidem sobre o combustível é uma pauta importante. “Entendemos que estes são os principais ofensores dos altos preços pagos pelos consumidores. Se compararmos só a diferença de ICMS na gasolina do Estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina impacta de R$ 0,35 a R$ 0,45 ao litro do produto, pois o estado de Santa Catarina tem uma alíquota menor de ICMS sobre a gasolina”, ressalta.

Política internacional

O presidente da Sindipetro Serra afirma que o preço da Petrobras, desde 2016, é alinhado com uma política de preço internacional. “No momento que o dólar sobe ou tem alguma influência externa, como estamos tendo com o Coronavírus, isto reflete na alta do preço do barril de petróleo internacional, e a Petrobras se vê em uma situação que é necessário aumentar o preço”, explica.

Após a greve dos caminhoneiros, em 2018, a Petrobras reviu sua política de preço, e, hoje, não tem mais a obrigação de fazer reajustes diário ou quinzenal “podendo administrar de uma maneira com um maior prazo de tempo, como estamos vendo este ano, onde o primeiro aumento se deu apenas na metade do mês de fevereiro”, diz.

Venda de gasolina diminuiu em 2019

As vendas de combustíveis no mercado brasileiro em 2019 apresentaram aumento se comparadas ao ano anterior, totalizando 140 bilhões de litros (aumento de 2,89 % em relação aos 136 bilhões de litros registrados em 2018). Os dados foram apresentados no dia 18 de fevereiro pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Mas, separadamente, a gasolina foi o único combustível que teve uma leve queda na comercialização de -0,56%. Em 2018, foram consumidos 38,377 bilhões de litros. Em 2019, o número caiu para 38,163 bilhões de litros.

Houve crescimento de 2,97% na comercialização de óleo diesel na comparação entre 2019 e 2018 (de 55,642 bilhões de litros para 57,293 bilhões de litros). A alta nas vendas de biodiesel foi de 8,61% (de 5,38 bilhões de litros em 2018 para 5,84 bilhões de litros em 2019) e o etanol total subiu 10,38% em 2019 frente a 2018 (de 29,760 bilhões de litros para 32,848 bilhões de litros).

Conforme alguns postos de combustíveis de Flores da Cunha, houve uma redução de 20% na venda de combustível se comparado 2019 com 2018.

 - Gabriela Fiorio
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