Geral

A Cancha dos Padres fez parte da história de muitas crianças e adolescentes na década de 1990. O local foi, por muitos anos, o ponto de encontro da juventude, onde inúmeros torneios ou as chamadas ‘peladas’ aconteceram. Muitas amizades foram construídas, jogos, brigas e machucados. O espaço ficava localizado na esquina das ruas Frei Eugênio e Dr. Montaury, ao lado da Igreja Matriz.
Vários florenses e paduenses passaram pela cancha e carregam consigo memórias que jamais irão esquecer, como é o caso de Cristiano Meneghini, de 41 anos, morador de Flores da Cunha. Meneghini frequentou o espaço dos 10 aos 17 anos, entre 1990 e 1998.
 “Saíamos da escola São Rafael para fazer a aula de Educação Física na Cancha dos Padres, isso quando a quadra da escola estava ocupada por outras turmas. E em alguns domingos reuníamos os amigos para bater uma bolinha”, relembra o florense, ao mesmo tempo em que explica que o local era bem disputado e, para que todos pudessem jogar, precisavam fazer vários rodízios. “Essa era uma época em que podíamos sair sem nos preocuparmos com nada. Ir jogar futebol, sair para a rua, arrancar as unhas no concreto, ralar os joelhos e gastar a sola do tênis lá na cancha”, recorda.
O espaço também marcou a vida de Marcos Caldart Galiotto, 34 anos, que era vizinho da cancha. O jovem começou a frequentar o espaço aos 7 anos de idade, em horário contrário ao das suas aulas. “Conforme os times se formavam, com o pessoal da redondeza, cinco jogadores para cada lado, já saia o futebol”, relata, recordando que quando havia mais equipes ocorriam torneios internos.
Galiotto também lembra que a cada chute a bola voava longe, ia para a rua, ou, acertava a igreja. Mas, o que mais marcou o jovem foi quando quebrou o braço. “Eu passava pela quadra e o pessoal mais velho estava sempre jogando, pedia para jogar, mas nunca me deixavam porque eu era pequeno, até que um dia me escalaram para o gol. Quando o cara foi chutar eu coloquei a mão e quebrei o braço”, conta. 
A famosa Cancha dos Padres não ficou registrada apenas na memória de florenses, mas também dos jovens paduenses, que se deslocavam até Flores da Cunha para partidas de futebol. Dorvalino Alessi, de 61 anos, foi um dos paduenses que vinha de ônibus à cidade para jogar – na época com 15 anos. “Para mim era mais pelo esporte, após o jogo retornávamos para Nova Pádua”, conta Alessi.
Com o tempo, a quadra de futebol foi ganhando outros rumos. Aos poucos, ela se tornou uma pista de skate – com rampas –, começando a impossibilitar o uso do espaço para jogos. Assim, no dia 17 de maio de 2002 foi iniciada a demolição da cancha de esporte. Em seu lugar foi instalado o atual estacionamento público. Na época, a notícia deixou muitos frequentadores tristes e a obra fez com que os jovens se dispersassem e começassem a frequentar outros ginásios.