Geral

A Fonoaudiologia como ciência responsável pelas funções do sistema estomatognático (respiração, fala, mastigação, fonação e deglutição), tem histórico de reabilitação de tais funções e áreas afins. A perda do olfato (anosmia) e do paladar (ageusia) já faziam parte da nossa rotina (pacientes com sequelas neurológicas, por exemplo), antes mesmo da Covid-19 surgir.
A anosmia pode ser o primeiro sinal da doença, pois a entrada do vírus geralmente se dá pelo nariz. O vírus entraria pelas fossas nasais e ao chegar nas células se multiplicaria atingindo o olfato e, por consequência, o paladar também. A anosmia na Covid é diferente daquela referida por um paciente com quadro gripal simples e seu impacto tem sido grande na vida desses pacientes. Hoje temos relatos de permanência desses sintomas por 4-6 meses após a infecção pelo vírus, podendo se manifestar em forma de anosmia, perda total do olfato ou hiposmia, que é a diminuição do olfato. Existe ainda uma manifestação chamada fantosmia, que seria sentir cheiros onde eles não existem.
O olfato e paladar estão intimamente ligados. Pensando em alimentação, muitas vezes iniciamos e refeição pelo cheiro, não é? Uma vez o olfato alterado o apetite também fica comprometido. Além disso, perigos como vazamentos de gás podem não ser percebidos. Nos idosos, os sentidos de olfato e paladar já são reduzidos pela idade, e então, se acometidos pela Covid, o risco de não terem desejo de se alimentar é ainda maior, causando desidratação e perda de peso.
Após avaliação, elegemos a melhor via de tratamento. Por vezes, concomitante ao tratamento fonoaudiológico de fotobiomodulação (laser) e estímulos olfativos e gustativos selecionados, encaminhamos ao otorrinolaringologista a fim de avaliações complementares.
Muitos pacientes relatam sentir cheiros pútridos e gosto metálico, ou ainda de cheiro de madeira em qualquer coisa. O paciente de uma colega, por exemplo, referiu sentir cheiro de cavalo em tudo. Muitos pacientes têm referido não conseguir mais comer carne por sentirem um gosto muito estranho. Nesses casos, o paciente sofre de disosmia, quando há uma confusão nas sensações olfativas. Fora pacientes que precisam desse sentido para trabalhar, como uma paciente enóloga que tive. Muito complicado viver assim, não é?
A fotobiomodulação (laser) é um tratamento indolor, não invasivo que busca bioestimular o nervo olfatório e que, associado ao treino das funções, produz resultados excelentes.
O olfato é um sentido que nos traz memória afetiva e também proteção. A perda dele tem solução nos casos em que é bem tratada e diagnosticada.