Flores e Nova Pádua decretam situação de emergência
Temporal registrado na madrugada de quarta-feira, dia 31, deixou florenses e paduenses sem energia elétrica, além de prejuízos em moradias e na agricultura
Postes de luz caídos, telhados espalhados pelas ruas, árvores arrancadas e plantações destruídas pelo granizo. Este é o triste cenário deixado pelo temporal que assustou na madrugada de quarta-feira, dia 31, em Flores da Cunha e na região. A chuva de granizo acompanhada de vento forte e muitos raios e trovões, que iniciou pouco depois da meia-noite, fez pouco mais de dez minutos parecerem uma eternidade para quem teve estragos em casa ou mesmo nas lavouras.
Em Flores da Cunha, parte da cidade ficou sem energia elétrica, telefone móvel e internet durante o dia seguinte. Devido à falta de luz, o abastecimento de água também foi interrompido e será normalizado conforme a luz for reestabelecida. Na área urbana, diversos estragos foram deixados pela chuva e fortes ventos. Conforme o Corpo de Bombeiros florense, mais de 40 ocorrências foram registradas, com incidências em destelhamentos e quedas de árvores. Ao longo da quarta-feira, lonas foram distribuídas para apaziguar os prejuízos resultantes das chuvas, que deixaram a cidade em alerta. Os bairros que mais sofreram com o temporal foram Aparecida, Granja União, União e São José.
No Aparecida, vizinhos e amigos de duas famílias que tiveram suas casas destelhadas fizeram um mutirão ainda durante a madrugada para auxiliar na colocação de lonas. Um poste da rede elétrica caiu na esquina da Rua John Kennedy com a Rua da Paz. O telhado de duas moradias foram parar a cerca de 400 metros do local. “Foi horrível. Parecia que o vento ia levar a casa”, declarou Vani Dalsolio. A três quadras dali, na Rua Júlio de Castilhos, um abrigo de ônibus ficou retorcido pela força do vento e uma casa foi tomada pela água depois que um bueiro não suportou a vazão e transbordou.
Estragos por toda a parte
Propriedades afastadas do Centro também sofreram com o temporal, e registraram grandes perdas, principalmente nas plantações. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura florense, agricultores relataram perdas totais em diversas culturas como uva, cebola, alho, pêssego, maçã e ameixa, principalmente nas comunidades de Alfredo Chaves, 7 de Setembro, Monte Bérico, Nova Roma, Linha 100, São Paulo, Medianeira, Linha 40, Travessão Martinho e Santa Libera. Quatro aviários do município tiveram danos parciais.
Ainda de acordo com o levantamento da prefeitura, mais de 100 casas foram destelhadas no perímetro urbano e rural. Pelos dados iniciais, três escolas da rede municipal tiveram danos nos telhados – Francisco Zilli, Irmã Tarcísia e Rio Branco, além de prejuízos no prédio da Brigada Militar, Parque da Vindima e Escola de Gastronomia, além do Ginásio Poliesportivo. A Praça da Bandeira e a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes também foram alvos da destruição.
O trânsito também sofreu alterações com quedas de árvores e postes. A VRS 814, entre Flores da Cunha e Nova Pádua, foi bloqueada próximo à Linha 100.
O prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna, informa que diversas equipes da prefeitura estão realizando trabalhos pelo município e auxiliando na retirada de árvores e galhos. “As estradas do interior foram bastante danificadas. Estamos recolhendo entulhos e desentupindo os bueiros. Contamos com seis equipes prestando os atendimentos. Pedimos para a comunidade um pouco de paciência e colaboração. Se o tempo permitir, vamos trabalhar durante o feriado para restaurar com maior brevidade os danos pelo município”, frisa o prefeito que decretou situação de emergência na tarde de quarta-feira.
O florense Gilberto Zuppa, 41 anos, teve sua casa totalmente destelhada no bairro Aparecida. Ele conta que foram minutos de angústias. “Nunca vi uma coisa dessas, o vento vinha de todos os lados e foram 10 minutos de pavor, quando o vento levava o telhado e não tínhamos como ter nenhuma ação”, conta Zuppa. Ainda durante a madrugada a família cobriu a moradia com lona.
Prejuízos na agricultura em Nova Pádua
No município de Nova Pádua, o estrago também foi grande. Conforme dados preliminares da Secretaria de Agricultura e do escritório local da Emater, a perda nos vinhedos chega a 80%. Já na fruticultura, os prejuízos ultrapassam os 90%, atingindo os principais produtores que residem no Belvedere Sonda, Leonel e Barra. O município decretou situação de emergência na tarde de quarta-feira.
As aulas da Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Gelain e da Escola Municipal de Educação Infantil Professores Bortolo Bigarella e Idalino Vailatti foram cancelas devido aos estragos. De acordo com a Secretária de Educação, Mônica Corso Pan, as atividades serão retomadas assim que for normalizado o fornecimento da energia elétrica. Não foram registrados casos de destelhamento no município.
O prefeito, Ronaldo Boniatti, relata que grande parte de Nova Pádua está sem energia. “Tem postes caídos por várias localidades e contratamos um gerador para o posto de saúde. Mas o que mais nos comove são os agricultores. Cruzei durante o dia com vários, com olhos cheios de lágrimas”, lamenta. Boniatti tem mais um receio: a realização da Festa dos Produtos Coloniais, a Feprocol, que celebra as produções do município, contudo provavelmente terá pouco para comemorar.
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100% de perdas
No município de Nova Pádua, as perdas foram grandes para os produtores de fruticultura e olericultura. Os irmãos Moacir e Benito Boldrin, do Travessão Bonito, viram sua produção agrícola ser devastada pelo temporal da madrugada de quarta-feira, dia 31. Os irmãos tiveram 100% de perdas nos 9 hectares de produção de uvas Niágara Rosada, Isabel, Couderc e Bordô, nos 2 hectares de cebola e nos 1,2 hectares de alho. A tristeza nos olhos de Benito era visível. “Nunca tinha visto uma chuva de pedra tão severa e que o prejuízo será muito maior agora, porque além dos parreirais não produzirem, ainda teremos que tratar tudo de novo”, lamenta o agricultor.
Os irmãos Boldrin já haviam sofrido uma perda no início do mês de outubro, quando uma chuva de granizo destruiu parte de seus vinhedos. As perdas contabilizaram 60%. “As parreiras até tinham brotado um pouco, mas agora os galhos estão machucados, então a uva não cresce mais. Perdemos nossa produção inclusive do próximo ano”, diz Boldrin. A família tinha seguro da produção.
Telefones úteis
Corsan: 9.9986.2035
Brigada Militar: 3292.3854
Bombeiros: 3292.5185
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