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Flores da Cunha tem feira de orgânicos a partir desta sexta-feira

A partir de hoje, dia 23 de setembro, os florenses contam com um espaço voltado exclusivamente para produtos orgânicos. A Sexta Orgânica terá sua primeira edição com a venda de itens no mesmo local onde ocorre nas quartas-feiras e sábados a Feira do Produtor (na esquina das ruas Júlio de Castilhos e Garibaldi, ao lado da Agrobichos Clínica Veterinária). Além de frutas, verduras e hortaliças da estação, serão comercializados arroz, feijão, café, biscoito, geleia, refrigerante orgânico, entre outros itens sadios, limpos, cultivados sem agrotóxicos e sem fertilizantes químicos, provenientes de Flores da Cunha, Nova Pádua e outros municípios da região como Ipê. A Sexta Orgânica abre às 15h e segue até às 19h, hoje com degustação de produtos e música ao vivo com Jéssica Mileski e grupo Bombacha Preta.

A feira de orgânicos foi uma iniciativa da Associação dos Ecologistas de Nova Pádua (Ecopadua), que contou com o apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Flores da Cunha e do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS/Ascar). Embora tenha sido criada por produtores paduenses, atualmente a entidade tem a maioria de associados em Flores – no total são seis. Formada em 2007, a entidade tinha o objetivo inicial da venda de uvas orgânicas para clientes de outros municípios. Com o passar dos anos, a lista de produtos foi ampliada, resultado do ingresso de novos produtores. A Ecopadua constitui o núcleo Serra da Rede Ecovida de Agroecologia, uma rede de certificação participativa que conta com mais de 230 famílias cadastradas. Além da Ecovida, os produtos disponíveis da feira florense terão outras certificações como a Econativa e a Ecocert.

Como o nome sugere, a Sexta Orgânica funcionará semanalmente às sextas-feiras, das 15h às 19h. Com a venda dos orgânicos, outras atividades deverão ser programadas. Nesta semana haverá ainda exposição de orquídeas. “Além da degustação de sucos, cafés, biscoitos, entre outros produtos, a ideia é sempre oferecer atrativos relacionados ao viver bem. Existe uma demanda muito grande para Flores da Cunha e a ideia da feira veio justamente pela procura dos consumidores. Todo produto orgânico tem em média de 60% a 70% a mais de nutrientes, é um alimento que satisfaz mais, é mais saboroso e o consumidor só tem a ganhar com ele”, valoriza um dos associados da Ecopadua, Douglas Balardin. Ele complementa que conforme for a procura, a feira poderá ser estendida para mais dias por semana.

Na feira de hoje estarão disponíveis mais de 100 produtos orgânicos como açúcar, arroz, azeite de oliva, balas, barrinhas, biscoito, café, canjiquinha, chocolates, doces de frutas, erva mate, farinhas, geleias, melado, óleos, sal, sucos e vinagre, além de frutas e legumes. Poderão ser feitas encomendas no local ou até as quartas-feiras ao meio-dia – informações pelo telefone (54) 9692.9484 (WhatsApp), pelo email ecopaduaoficial@hotmail.com ou na fanpage www.facebook.com/ecopaduaoficial. Produtores interessados em participar da feira ou mesmo de iniciar uma produção orgânica também podem tirar dúvidas com Ballardin.

 

De onde vêm os orgânicos

A família do agricultor Rafael Pradella, 34 anos, é uma das que destinará sua diversificada produção para a Sexta Orgânica. Há seis anos ele, os pais Luiz e Inês, a irmã Stela e a esposa Daniela iniciaram uma agricultura diferenciada, buscando diminuir o uso de agrotóxicos e adubos químicos. O projeto que começou com a uva, hoje conta com uma lista extensa de produtos que variam conforme a estação do ano e época de plantio. “Naquele ano pensamos primeiramente na nossa saúde e bem-estar. Mas vimos que também era um negócio rentável por ter um valor agregado”, recorda Pradella. Depois de três anos, com o auxílio da Emater-RS/Ascar, a família investiu em uma estufa e com isso ampliou os produtos. “Nas hortaliças fomos os primeiros de Flores da Cunha a ter uma produção orgânica e daí por diante a produção só cresceu e se diversificou”, complementa agricultor.

O alimento orgânico é isento de insumos artificiais como adubos químicos e agrotóxicos, além de drogas veterinárias, hormônios e antibióticos e de organismos geneticamente modificados. Esses alimentos não são menores ou de aspecto inferior aos convencionais, se forem produzidos com qualidade, são competitivos, saborosos e mais saudáveis que os convencionais. “Utilizamos somente produtos naturais que funcionam como controles biológicos, como quando tomamos um chá. Estamos buscando ainda o cultivo por meio das sementes crioulas, fugindo dos transgênicos”, adianta Pradella. A produção da família é certificada pela Ecovida.

Na lista de produtos estão couve-flor e folha, brócolis, alface, radici, repolho, salsa, cebolinha, tomate, cenoura, beterraba, entre outras verduras e legumes, além da uva. A produção tem como destino a Feira Orgânica de Porto Alegre, o restaurante Salute e agora a Sexta Orgânica. Embora os alimentos ainda não sejam a principal fonte de renda da família, Pradella e a irmã Stela destacam que o uso de agrotóxicos é cada vez menor na lavoura. “Comprar um alimento orgânico é investir em saúde. Os produtos se conservam por mais tempo, são mais saborosos e têm um custo-benefício excelente”, valoriza Pradella. “Nosso objetivo é evitar ao máximo produtos químicos, até mesmo na produção convencional de uva. Nossos pais já tinham esse objetivo e queremos investir nesta meta”, complementa Stela, que é engenheira agrônoma.

A propriedade da família Pradella fica na localidade de Lagoa Bela e está sempre aberta para quem quiser conhecer a produção orgânica. Eles têm um caderno de campo onde são registrados todos os produtos utilizados nos alimentos. “Nossas portas estão abertas para os consumidores”, valoriza Rafael. Outras informações pelo telefone (54) 9912.5660.

 

Triste estatística: Brasil é líder mundial em consumo de agrotóxicos

Os agrotóxicos são considerados extremamente relevantes no modelo de desenvolvimento da agricultura no Brasil. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o país é o maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo. Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de veneno agrícola por ano. O uso de agrotóxicos na agricultura brasileira mais do que dobrou entre 2002 e 2012, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa, o uso de agroquímicos saltou de 2,7 quilos por hectare (kg/ha) em 2002 para 6,9 quilos por hectare em 2012 – ampliação de 155%.

Em decorrência da significativa importância, tanto em relação à toxicidade quando à escala de uso, os produtos têm ampla cobertura legal no Brasil, com um grande número de normas legais. Segundo a legislação vigente, agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais. Desde a Revolução Verde, na década de 1950, o processo tradicional de produção agrícola sofreu drásticas mudanças, com a inserção de novas tecnologias, visando a produção extensiva de commodities agrícolas. Estas tecnologias envolvem, quase em sua maioria, o uso extensivo de agrotóxicos, com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade.

 

O agricultor Rafael Pradella e a irmã Stela plantam alguns dos alimentos orgânicos que estarão disponíveis todas as sextas feiras. - Camila Baggio/O Florense
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1 Comentários

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    Camila, parabéns pela matéria e muito obrigado pela ajuda na divulgação. Seu trabalho foi essencial para o sucesso da feira. Vou continuar trabalhando intensamente para melhorar ainda mais.

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