Geral

O desenvolvimento turístico de Flores da Cunha e Nova Pádua ganhou um novo aliado. O Centro Empresarial de Flores da Cunha divulgou durante a reunião-almoço, realizada pela entidade a cada dois meses, que está abraçando a causa do turismo. O intuito do CE é se unir ao poder público, demais entidades, lideranças e comunidade para fomentar as atrações turísticas. Algumas ações já estão planejadas e o próximo passo está marcado para o dia 19 de novembro, quando ocorre uma palestra sobre o assunto. Com o tema Turismo: um bom negócio para todos, a consultora, mestre em Turismo e presidente da Associação Internacional de Enoturismo (Aenotur), Ivane Fávero, falará sobre a atividade turística como um fator de desenvolvimento local e regional. Ivane trará possíveis caminhos e estratégias para que os profissionais e empresas do setor empreendam nos seus negócios com inovação e criatividade, criando assim uma identidade forte dos destinos de Flores da Cunha e Nova Pádua. “Eu digo sempre que para desenvolver o turismo nas cidades há três palavras que são mágicas: união, planejamento e ação. Assim nós teremos os desenvolvimentos dos territórios”, enfatiza a profissional, que foi a responsável por alavancar o turismo na cidade de Garibaldi.

Conforme o presidente do CE, Alessandro Cavagnolli, num primeiro momento a entidade se responsabilizará por capitanear a iniciativa privada para o turismo. “Ou seja, ver o que as empresas e nossos associados podem contribuir e como contribuir, além de verificar quais os produtos turísticos que seriam específicos para as nossas demandas, que sejam sustentáveis e que possam gerar negócios. Mas o projeto só é viável quando é feito em conjunto, fomentando além da iniciativa privada o poder público, entidades e comunidade”, cita Cavagnolli, complementando que a palestra com Ivane Fávero será um ponto de partida para o início dos trabalhos e a união com todos que estarão dentro do projeto. “Nessa palestra vamos saber como podemos obter resultados com o turismo. Não é uma bandeira específica do CE, a CDL, o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares, estão sendo convidados. É uma carta aberta para a comunidade participar junto”.

O projeto para o desenvolvimento turístico será tratado, num primeiro momento, pela própria diretoria da entidade. Depois, quando já estiver em andamento, com suas especificações e ações já traçadas e definidas, o turismo receberá um Comitê e uma Câmara Setorial específica dentro da entidade. “Mas nesse momento, dada a relevância e importância, a gente vai manter a nível de diretoria, até porque esse assunto é recorrente em jantares, encontros e reuniões e alguns dos nossos associados nos desafiaram a trabalhar isso. O que precisamos pensar é fora da caixa e fugir dos pré-conceitos do que foi feito ou não foi feito nessa área”, pontua Cavagnolli.

Para a secretária de Turismo, Indústria, Comércio e Serviços, Fátima Ortiz, a iniciativa vem a somar com os planos realizados pela pasta, que atualmente realiza a revisão do Plano de Marketing, que está em fase de elaboração do site específico do turismo e trabalhando na marca visual. “Ficamos muito felizes em ter esse apoio e o CE estar contribuindo, porque o turismo necessita de todos os setores. Temos a percepção de que cada um precisa fazer um pouco. O poder público dá a infraestrutura, promoção e divulgação, mas o empreendedor precisa se vender, oferecer hospitalidade e receptividade”, diz a secretária.

Destino turístico

Flores da Cunha tem dificuldades em trabalhar a questão turística e está distante de ser protagonista na área, como as cidades vizinhas de Bento Gonçalves e Garibaldi, as quais recebem mais de 1 milhão de visitantes ao ano.  Numa pesquisa divulgada no início do ano pelo Observatório do Turismo do Rio Grande do Sul, o município não constava entre os 10 destinos gaúchos mais ofertados por agências. Em contrapartida, cidades próximas como Gramado, Canela, Bento, Garibaldi, Nova Petrópolis, Carlos Barbosa, Monte Belo do Sul e Caxias do Sul integravam a lista. Conforme o relatório, a Região Uva e Vinho foi a mais comercializada em 2017.

Uma reportagem do Jornal O Florense, publicada no mês de março, apontou que a ausência de Flores entre os destinos turísticos gaúchos estava ligada, justamente, em ações específicas e engajamento da iniciativa privada, além de um baixo orçamento. Em 2018, a Secretaria de Turismo teve um repasse de R$ 1,7 milhão, sendo o menor volume orçamentário entre as nove pastas.

“Agora é a hora da cooperação para o turismo”

O pontapé inicial para a fomentação do turismo em Flores da Cunha e Nova Pádua foi dado pelo Centro Empresarial no dia 29, durante a reunião-almoço promovida pela entidade.  Em sua quinta edição, o evento trouxe um entendedor da promoção turística na Serra Gaúcha. Por cerca de uma hora, o diretor-superintendente da Rede de Hotéis Dall’Onder e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento turístico de Bento Gonçalves, Tarcísio Michelon, falou da importância que a atividade turística tem para o desenvolvimento de uma economia forte. “A vocação turística é uma herança cultural de nossos antepassados e nossa região oferece turismo o ano inteiro. O importante é nunca desperdiçarmos uma oportunidade e estarmos cientes que agora é a hora de cooperação para promover o turismo”, afirmou Michelon.

Durante o encontro, o visionário, que percebeu o potencial do Vale dos Vinhedos no início dos anos 80, recontou a trajetória que levou a cidade de Bento Gonçalves a receber anualmente mais de 1,3 milhão de visitantes. “Começamos a proporcionar visitas que valorizassem a colônia, a mostrar a cultura além da uva e do vinho, dentro dos inúmeros ofícios de antigamente, com isso criamos o roteiro Caminhos de Pedra, onde a ordem, embora não escrita, seja de que duas pessoas não podem oferecer a mesma coisa. Por isso, temos o tomate, a erva mate, as ovelhas, as massas”, explicou, lembrando que a valorização da arquitetura italiana foi outro ponto de destaque. “Inclusive, adquirimos casas antigas de Flores da Cunha para levar a Bento para comporem esse roteiro. Tudo é uma oportunidade e o turismo é um canal de vendas riquíssimo. Somos habilitados a fazer de tudo e não apenas a uva e o vinho, que são oneráveis, mas não únicos”.

Para Michelon, atualmente existem o turismo de eventos, o cicloturismo, os passeios de barco, o turismo esportivo que podem ser explorados. “Toda a oportunidade que aparecer temos que oferecer para alguém e as pessoas do interior estão esperando por isso. Minha mãe costumava dizer que os turistas gostam daquilo que é nosso”, finalizou o palestrante.

Em desenvolvimento

Neste ano, algumas iniciativas de empreendimentos florenses aumentaram a lista do que se fazer em Flores da Cunha e Nova Pádua. Atrações diversas passaram a integrar o hall do turismo local, tanto na cidade quanto no interior. Um desses casos é o Casarão dos Veronese, no distrito de Otávio Rocha. Inaugurado no final de 2017, o espaço foi totalmente restaurado e conta com um passeio que permeia sobre colonização, produção de uvas e descendência italiana.  Aos sábados e domingos, o espaço conta com um bistrô com gastronomia e opções de vinhos, espumantes e demais bebidas. Nas noites de sábado ocorrem shows-acústicos. A entrada é gratuita.

Desde que foi inaugurado o Casarão dos Veronese já recebeu cerca de 15 mil visitantes.

Próximo passo: Dia 19 de novembro

Palestra sobre Turismo: um bom negócio para todos, com a consultora e mestre em Turismo, Ivane Fávero (foto). A partir das 19h30min, no salão paroquial. A entrada é gratuita, porém é preciso fazer inscrição pelo e-mail contato@centroempresarialfc.com.br ou pelo telefone (54) 3297.3055.