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Florenses relatam ‘clima tenso’ na Itália

Devido ao coronavírus país está em quarentena e tem direito de movimentação restrito

Vivendo na Itália, mais precisamente na província de Treviso, há 1,6 ano, a fotógrafa florense Natane Brustolin Areze, 28 anos, diz que um clima ‘tenso e inseguro’ se instaurou no país por conta do coronavírus. As autoridades determinaram uma quarentena que restringe a circulação em todo o país. Atividades comerciais, cinemas e escolas estão fechadas, assim como todos os eventos que exijam a reunião de pessoas, como casamentos e até funerais. Apenas farmácias e supermercados podem funcionar normalmente. A restrição é para até 3 de abril. “São medidas bem drásticas para evitar que os números continuem aumentando, porque os hospitais estão lotados. A orientação é para ficar em casa. Ninguém sabe muito bem o que fazer. Ninguém pode sair da província onde mora a não ser com uma autorização por escrito. Caso saia pode ser multado e até preso”, explica Natane que mora em uma das regiões mais afetada pelo vírus.

Segundo ela, a rotina se tornou ficar em casa, ir ao trabalho e ao supermercado – Natane trabalha em uma cafeteria em Veneza e estuda na Universidade de Veneza, porém está de férias e não sabe se retornará ao trabalho na próxima semana. “Estamos reféns disso e não temos o que fazer a não ser ficar em casa e quando sairmos respeitarmos as distâncias estabelecidas entre as pessoas. Estão organizando para ver se teremos aulas online”, conta ela, que diz não sentir medo. “Confio bastante no sistema de saúde italiano. Estão tomando essas medidas drásticas, pois se preocupam com o bem estar da população, até por que os hospitais estão cheios e não querem chegar ao ponto de ter que escolher quem será tratado e quem não será”, complementa.

A fotógrafa diz se sentir ansiosa devido ao fato de não saber quando as restrições irão terminar e como estará a economia italiana após isso. “O turismo está sofrendo bastante, porque as cidades estão vazias e os trabalhadores não receberão o salário normal, porque estão trabalhando menos horas. As pessoas estão preocupadas, mas respeitando todas as normas. É algo novo e nunca tinha vivido isso, mas tem que se adaptar e esperar pelas novas informações e torcer pelo melhor”, pontua ela que até pensa em retornar ao Brasil após a situação normalizar.  “Depois que passar vamos ver como a Itália estará e se terá trabalho. Vou avaliar se vale a pena continuar por aqui”.

Para a florense Maristela Dalsóglio, 50 anos, e que reside há 15 anos na Itália, a situação é surreal. “No início parecia que não ia chegar aqui, parecia algo muito distante. Mas agora o clima é de tensão e medo. O vírus é um inimigo invisível e fico com receio, pois tenho uma filha pequena e um doente na família e, justamente, essas são as pessoas do grupo de risco. Isso assusta”, conta ela que trabalha em um supermercado. Segundo Maristela, apesar da liberdade de ir e vir interrompida, a restrição é para o bem de todos. “Entendemos que é provisória. O vírus pode não ser mortal para mim, mas para outra pessoa sim. Precisamos aceitar as regras que o governo nos coloca, porque não é possível que todos fiquem doentes ao mesmo tempo, já que não tem uma estrutura hospitalar para atender todo mundo. Quando se está longe parece banal fatos como lavar as mãos, mas quando se está vivendo isso é muito importante que cada pessoa faça a sua parte. Tem que estar consciente e respeitar”, enfatiza Maristela.

A Itália é o país com maior número de pessoas com Covid-19 fora da Ásia. De quarta para quinta-feira, o número de mortes pelo surto de coronavirus aumentou em 196 para 827. Existem 12.462 casos registrados de pessoas infectadas. Dessas, 1.028 estão em terapia intensiva. Os dados são de quinta-feira, dia 12.

A fotógrafa Natane Areze mora em uma das regiões mais afetadas. - Arquivo pessoal
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