Florenses pelo Mundo – Vida nos Estados Unidos
Sandra Calgaro conta um pouco da sua vida nos EUA na terceira reportagem da série ‘Florenses pelo Mundo’ do Jornal O Florense
O ano era 1987. O presidente do Brasil José Sarney anuncia o congelamento dos aluguéis e dos salários. A Seleção Brasileira de Basquete Masculino conquista uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos ao derrotar os Estados Unidos, e Brasília é declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Em meio a esse contexto, a florense Sandra Calgaro, então com 19 anos, sonhava com uma vida fora do país: oportunidades, viagens e novos aprendizados. Largou a faculdade de Educação Física e, com ajuda de uma tia que morava nos Estados Unidos, resolveu passar uma temporada por lá. “Na época tudo era mais difícil, mas nada foi empecilho para desistir. Digo hoje que tive muita coragem de ir sozinha para outro país sem saber o que iria encontrar”, afirma Sandra, hoje com 49 anos e estabelecida na Filadélfia há 30 anos. Sandra ilustra a terceira reportagem da série especial Florenses pelo Mundo.
Os primeiros meses foram de adaptação com a cultura e principalmente com a língua. Sandra conta que a sorte dela foi ter residido em um bairro de italianos, com quem conseguia se comunicar com facilidade por entender e falar um pouco o talian, e aos poucos foi aprendendo o inglês. “Foi difícil nos primeiros anos, mas aos poucos me acostumei com as diferenças da cultura e aprendi o inglês. A partir disso trabalhei como tradutora para brasileiros”, lembra ela, que voltou ao Brasil após seis meses, mas sentiu que muita coisa tinha mudado dentro dela e que aqui não era mais o seu lugar. “Eu queria me encontrar naquela fase toda, mas já não me sentia em casa aqui, por isso viajei bastante até voltar à Filadélfia e me estabelecer lá”, conta Sandra. A comunicação era feita por cartas e postais com os familiares e amigos brasileiros, já que a ligação telefônica era muito cara. “Hoje com a internet tudo fica fácil, a gente se fala o tempo todo e diminui a distância.”
Com uma população de mais de 1,5 milhão de habitantes, a Filadélfia, capital do Estado da Pensilvânia, é uma das mais antigas cidades norte-americanas, e por isso tem muitos monumentos antigos e é utilizada frequentemente como cenário para filmes e documentários históricos. A famosa estátua do personagem Rocky Balboa é um dos pontos turísticos mais visitados, pois fica nos degraus do Museu de Arte da Filadélfia, outro ponto muito visitado. A série de seis filmes dos anos 1980 que conta a saga do boxeador Rocky deixou a cidade conhecida no mundo inteiro.
Atividades
Sandra já trabalhou em diversas atividades, desde cuidar de cachorros, limpeza de casas e principalmente com traduções, afirma gostar muito de viver lá, mas sente falta da família e do calor humano que existe no Brasil. Das peculiaridades brasileiras das quais sente falta estão a variedade de frutas e o pão ‘cacetinho’. “Os americanos não aceitam tanto contato físico quanto os brasileiros, mas são sempre muito educados. Passei a maior parte da minha vida lá, não penso em voltar”, frisa. Em 1997, Sandra casou com o americano John Schimkus. Atualmente ela convive com o marido e a tia que, devido à idade, precisa de cuidados, além de dois filhos dele que os visitam sempre que possível. A brasileira escreveu sua trajetória lá, mas anualmente visita a mãe Rosalina, os irmãos Lorena, Milton, Fernandes e Álvaro, os sobrinhos e os amigos que moram na Serra Gaúcha. “Quando tu sai do lugar onde nasceu, tu se acostuma a uma nova vida, mas a tua essência sempre vai ser do lugar de onde veio. Sinto que chego em casa quando subo a Serra e vejo as araucárias”, enfatiza.
Sandra ficou no Brasil por três meses, e na semana passada voltou aos EUA. Aqui ela viajou e reencontrou amigos de longa data. “Sempre é bom voltar para se reconectar com tudo, mas sinto falta da minha vida lá, minha rotina, meu marido e amigos”, destaca. Quando a pergunta é qual o conselho que daria para quem quer seguir seu exemplo de morar fora do país, ela não hesita em responder: “O melhor momento é agora. Quem tem vontade de viajar ou morar fora do país deve ir. Se esperar muito não acontece, a vida muda e os nossos objetivos também. Vale a pena o risco, pois os aprendizados são incontáveis”.
Sandra! Parabens pela coragem! Estamos no mesmo pais, em estados distintos. Moro no estado de Maryland que e visinho da Pensilvania. Quem sabe podemos nos conhecer pessoalmente. Conheco a sua mae Rosalina. Gente boa! Abracos e sucesso!
A reportagem e vídeo ficaram ótimos. Obrigada Larissa, pela experiência.