Florenses pelo Mundo – Vida na Inglaterra
Giovana Zilli conta um pouco da sua vida na Europa na quarta reportagem da série especial do Jornal O Florense
A decisão de viver fora do Brasil transformou a vida da florense Giovana Zilli. Em 2004, após a primeira viagem pela Europa, ela foi para Londres, na Inglaterra, e apesar de ter data marcada para voltar, mora em uma cidade próxima até hoje. Giovana ilustra a quarta reportagem da série especial Florenses pelo Mundo do Jornal O Florense.
A vontade de conhecer o mundo além do que se vê por meio das telas, de desbravar locais e conhecer novas culturas era algo presente na vida da estudante que nasceu no distrito de Otávio Rocha. Essa inquietude só aumentou com a oportunidade de fazer um intercâmbio em Portugal, que se seguiu com dois meses com uma mochila nas costas percorrendo Espanha e Itália. A experiência foi tão marcante que rendeu a publicação do livro Passos Contados e Crônicas na mochila, lançado em 2008.
A volta para o Brasil após o intercâmbio foi de adaptação e apenas uma certeza: que precisava de uma imersão no inglês, língua a qual percebeu que precisava dominar para viajar mais e aproveitar melhor cada experiência. “Ironicamente, percebi a importância do inglês fluente quando estava viajando pela Itália e Espanha. Como sempre me hospedava em albergues, e por lá quem não falasse a língua local falava inglês. Sentia dificuldades em me comunicar”, conta. A partir de então, Londres foi uma decisão certeira. Giovana, que é formada em Ciências Biológicas pela Universidade de Caxias do Sul, largou o trabalho como professora, vendeu o carro, se despediu da família e amigos e foi estudar e trabalhar na capital britânica.
A cidadania italiana ajudou na busca pelo emprego, e inicialmente trabalhou em uma pizzaria como garçonete. “Apesar de o trabalho ser simples, era um desafio atrás do outro. Eu tinha que entender todos os sotaques locais e estrangeiros, as gírias e assim aprendi inglês na marra”, destaca. Nessa época, ela dividia uma casa com outros brasileiros. Foi então que veio a decisão de trabalhar como au pair (onde a pessoa mora e trabalha com uma família local, e vivencia suas experiências). Foi o que fez nos dois anos seguintes, em uma família de ingleses onde cuidava de duas crianças pequenas e de um labrador. “Viajei por quase todo o Reino Unido e muitos lugares da Europa. Foi uma experiência enriquecedora.”
Depois desse período, com o inglês bastante treinado, Giovana resolveu voltar para o Brasil. “Depois da euforia dos primeiros meses de volta, me sentia irrequieta e sem rumo, uma estrangeira no lugar onde nasci.” E então, novamente ela toma a decisão de voltar para Londres e estudar Jornalismo, na University of Westminster. Depois de formada, passou a escrever matérias para revistas brasileiras e locais. Atualmente, ela traduz artigos acadêmicos em Ciências Biológicas para universidades brasileiras, juntando dessa forma todas as suas formações.
A vida atual
Hoje, aos 43 anos, Giovana vive em Berkhamsted, uma cidade pequena (em torno 20 mil habitantes), distante 55km a Noroeste de Londres. Casou com Andy com quem tem dois filhos, Laura de quatro anos e Douglas, de dois anos. “Desde o início só falei português com as crianças. Hoje, eles são bilíngues. É fascinante acompanhar o processo de aprendizagem deles, como trocam de idioma ao falar comigo e com o pai, e como traduzem literalmente expressões, do mesmo jeito que eu fazia quando recém havia chegado”, conta.
A cidade onde vivem é tranquila e segura, e a família dispõe de opções variadas de restaurantes, cafés e escolas públicas de qualidade. “O que mais gosto daqui é que tem uma área arborizada maravilhosa, a Ashridge Estate, com muitas trilhas para caminhada. Além disso, trens frequentes que vão a Londres em meia hora”, enfatiza Giovana. Sobre a maternidade, ela aponta que na Inglaterra a licença do trabalho para as mães vai até o primeiro aniversário do bebê, sendo 39 semanas remuneradas. “Para entreter as crianças que ainda não têm idade escolar, existem muitos playgroups, que são espaços comunitários para os pais levarem as crianças brincar. É uma forma de socializar as crianças e os adultos. Em Berkhamsted há no mínimo um playgroup para cada dia da semana – só falham aos domingos”, conta Giovana, que está curtindo muito a fase mãe.
Apesar de a sua vida estar estabilizada, ela não esconde as saudades da família e dos amigos brasileiros, e principalmente do sol e das praias, característicos da terra verde e amarela. “Mesmo com todos os recursos de comunicação que temos hoje, fica difícil manter contato com todo mundo. Mas visito sempre que possível, pois será para sempre o lugar de onde eu vim”, pontua.
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