Florenses pelo Mundo - Londres: um lugar para morar
A florense e contadora Camila Vanin Carraro reside há quase 12 anos ‘na terra da rainha’ e conta um pouco da sua vida na primeira reportagem da série ‘Florenses pelo Mundo’
Depois de cinco anos, o Jornal O Florense retomou a série de reportagens chamada ‘Florenses pelo Mundo’. Nesta edição, a redação conversou com a contadora Camila Vanin Carraro, de 35 anos, que há cerca de 12 resolveu viver uma nova vida em Londres.
Camila sempre quis morar na Europa, aos 17 anos começou a trabalhar e guardar dinheiro para que um dia pudesse realizar o seu sonho. Seu plano inicial nunca foi Londres, mas sim, a Espanha. Durante anos estudou espanhol e inglês. A ideia de morar em Londres surgiu quando participou da Fenavindima e conheceu Eleida Mioranza, que a convenceu que a capital da Inglaterra e do Reino Unido era uma ótima opção pelo fato de vários florenses já terem morado na cidade.
Assim Camila embarcou, sozinha, em uma nova experiência e no dia 11 de outubro completará 12 anos que está vivendo na correria de Londres. “No meu caso eu trabalho muito e parece que nunca tenho muito tempo para lazer. Por outro lado, também, Londres é uma cidade com mil possibilidades, tanto de trabalho quanto de lazer, é um lugar estratégico e centro da Europa, dá para viajar a qualquer lugar do mundo por valores baixos. Você pode ir em um pub diferente todos os dias do ano, durante alguns anos, que nunca vai repeti-los”, relata a jovem, completando que existem muitos parques, opções de gastronomia de todos os lugares do planeta e que também é possível conhecer pessoas dos quatro cantos do mundo e imergir em culturas diferentes.
De acordo com a florense, os primeiros dias em outro país não são tão simples, exigem adaptação e existem diversas dificuldades a serem enfrentadas. No caso da contadora, o maior desafio foi a língua. “Eu tentava me comunicar, mas me faltavam palavras, expressões e até mesmo confiança, pois tinha vergonha de errar na hora de falar. O sotaque britânico também pode ser difícil para quem recém chega, por ser bastante carregado”, relata, informando que inicialmente optava por interagir com brasileiros, mas quando começou a trabalhar e a se expor mais foi ganhando confiança e tudo passou a ser mais fácil. “Outro ponto foi ter que dividir a casa com pessoas de outras nacionalidades e, às vezes, que não tinham o mesmo nível de limpeza que os brasileiros têm. Isso me afetava muito”, revela.
Além do já citado, a jovem também destaca algumas das grandes diferenças que existem entre sua cidade natal e a que reside hoje. Começando pela comida, que não é tão saborosa; o lado em que se dirige na estrada, que é ao contrário do que estamos acostumados; e as questões de tecnologia, que são muito mais avançadas. “As casas são preparadas para o inverno, nunca mais passei o frio que eu passava na Serra. Tudo é mais automatizado, por exemplo, nos mercados e farmácias você pode comprar tudo e pagar sozinho, sem nenhuma interação humana. Férias aqui não são dias corridos, só dias úteis contam, o que te possibilita ter muito mais dias de férias em um ano”, explica a jovem, ao mesmo tempo em que revela que lá existem oito feriados nacionais pré-estabelecidos e que sempre caem na segunda-feira, o que permite viajar por um final de semana prolongado.
Além disso, a florense revela que as empresas oferecem estudos gratuitos de graduação e pós-graduação, incentivando seus empregados a se qualificarem. Apesar disso, a jovem conta que o aluguel é muito caro e que se comprar uma casa irá levar décadas para conseguir pagar o empréstimo, entre outros pontos negativos, como as estações quentes, por exemplo.
“O verão em Londres sempre foi péssimo desde que eu vim morar para cá e isso afeta muito o meu humor. Outro fator é o ritmo acelerado, aqui as pessoas pensam muito em trabalho e progressão na carreira o que dificulta um pouco o balanço de trabalho com qualidade de vida”, explica.
Atualmente Camila trabalha na área da contabilidade, na qual é graduada, mas exerceu diversas atividades como: cozinheira, barrista, festas e eventos, babá, cuidadora de idosos e recepcionista. Quando questionada se pretende, no futuro, voltar a Flores da Cunha, sua resposta foi não e explicou que por lá existe uma infinidade de oportunidades de emprego, que a mão de obra é muito valorizada e que o poder de compra, tanto em Londres quando na Europa, é excelente. “Você pode guardar dinheiro para pagar suas contas e viajar tranquilamente. Na situação atual está sendo um pouco mais difícil por causa da inflação global”, relata a jovem.
Aos que sonham em algum dia também ir para Londres, a florense adianta que a cidade é um lugar único, cheio de oportunidades para aqueles que gostam de um desafio e se arriscam, divertido para aqueles que não gostam de monotonia, e liberdade para ser quem quiser ser, sem ser julgado. “Às vezes você precisa ser forte emocionalmente para encarar tudo sozinho sem ter o apoio das pessoas que te amam, mas posso dizer que vale muito a pena. Morar em outro país, qualquer que seja, te faz dar valor às pequenas coisas, priorizar mais a sua família e amigos, você aprende uma língua nova, conhece pessoas de todos os lugares do mundo e expande a sua perspectiva. Você nunca mais será o mesmo”, empolga-se, deixando uma sugestão de lugar para visitar: o London Eye e as Casas do Parlamento na Ponte de Westminster, seus favoritos. “É uma sensação indescritível pedalar em um dia de verão (quando isso acontece) e admirar essa vista. Você vai sempre ficar fascinado, não importa quantas vezes você já viu”, conclui Camila.
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