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Extinção de contratos preocupa avicultores

Criadores de Flores da Cunha e Nova Pádua sofrem com o reflexo da crise que atinge o setor em todo o país

A crise que atinge a avicultura brasileira tem deixado os produtores de Flores da Cunha e Nova Pádua em estado de alerta. O alto preço do milho e dos insumos agrícolas e as dificuldades de acesso ao crédito estão prejudicando os avicultores. Segundo um levantamento da União Brasileira de Avicultura, cerca de 5.750 pessoas foram demitidas nos últimos meses e muitos aviários fechados. Situação que têm se refletido em Flores e Nova Pádua.

Conforme o secretário de Agricultura de Nova Pádua, Rafael Martello, existem informações de que alguns aviários do município teriam tido seus contratos rescindidos por empresas abastecedoras, outros estariam parados ou com um prazo de alojamento entre um lote e outro maior do habitual.

“O agricultor está preocupado, pois houve um investimento alto para construção do aviário por parte do criador e também da prefeitura”, aponta Martello.

Em Flores, a situação está semelhante. “O produtor fica inseguro e preocupado, pois realizou investimento para se adequar às exigências normativas”, pontua o secretário de Agricultura e Abastecimento, Jair Carlin. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, alerta que muitos contratos firmados com os criadores foram desfeitos devido ao não enquadramento dos avicultores em normas exigidas pelas empresas. “Vamos conversar com outros municípios para ver qual a situação e procurar uma solução para o caso”, diz.

Auxílio
Desde 2009, a administração de Nova Pádua realiza o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Avícola (Pida) com o intuito de estimular a criação de aves. Nesse período, por meio de benefícios, como auxílio à terraplanagem, subsídio de R$ 13 mil para cada 100 metros de aviário para o telhado, areia e brita, o município investiu cerca de R$ 500 mil em 20 empreendimentos novos e reformas de outros criadores. Em contrapartida, os avicultores teriam que produzir durante cinco anos.

“Esse valor investido iria resultar numa arrecadação muito maior para o município, pois a avicultura é um dos principais setores. Após o Pida, notamos um aumento significativo na produção”, ressalta o secretário paduense.

Entretanto, a crise no setor tem deixado em alerta as autoridades. Conforme o presidente da Câmara de Vereadores de Nova Pádua, Elói Marin (PMDB), alguns avicultores procuraram a Casa legislativa para obter uma resposta do poder público. “A avicultura é motivo de sobrevivência tanto para as famílias quanto para o município. Queremos esclarecer o que está acontecendo e ver se isso não é apenas um problema isolado”, garante Marin.

Por enquanto, ainda não há número oficial de aviários fechados ou parados. Como uma única empresa responde por mais de 80% do fornecimento no município, a prefeitura solicitou explicações sobre o assunto. “Estamos preocupados com a situação e verificando o que está acontecendo com os nossos produtores”, diz o prefeito em exercício, Ronaldo Boniatti (PSDB). Nova Pádua tem 75 aviários e uma produção registrada, em 2011, de 13 milhões de quilos de frango.

Entenda a crise
A crise do setor avícola no Brasil foi ocasionada pelo alto custo dos insumos e a limitação do crédito. Segundo levantamento da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), de janeiro a setembro deste ano foram registradas altas em 90% nos preços do farelo de soja, 58% na soja em grão e 44% no milho. Os grãos compõem a base da alimentação dos frangos e representam 60% dos custos de produção do setor. A alta foi provocada pela estiagem que atinge a agricultura americana, provocando quebra de safra nos Estados Unidos e aumento de preços no mercado internacional.

No mês de setembro, o presidente da Ubabef, Francisco Turra, anunciou que empresas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina estariam com dificuldades para manter a produção e, com isso, reduzindo turnos, o que significaria uma produção 10% menor. O volume deverá ficar 1 milhão de toneladas abaixo das 13,1 milhões de toneladas de carne de frango produzidas em 2011. As exportações também deverão cair 10%.

No mês de setembro, o presidente da Ubabef, Francisco Turra, anunciou que empresas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina estariam com dificuldades para manter a produção e, com isso, reduzindo turnos, o que significaria uma produção 10% menor. O volume deverá ficar 1 milhão de toneladas abaixo das 13,1 milhões de toneladas de carne de frango produzidas em 2011. As exportações também deverão cair 10%.

O que diz a empresa
A empresa Seara é a maior fornecedora de aves de criação para Nova Pádua e agrega alguns produtores de Flores da Cunha. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, “as operações da Seara seguem normais e a contratação ou encerramento de contratos são atividades naturais da empresa que visam em geral adequar a oferta e a demanda do mercado e a sustentabilidade do negócio”.

Previsão é de que exportações caiam 10% em 2012 no país. - Arquivo O Florense
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