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Evolução no campo com sustentabilidade

Objetivo da Emater-RS é identificar formas de melhorar a qualidade de vida dos agricultores e preservar a natureza. Projeto beneficia 100 florenses

Flores da Cunha está entre os municípios da região que participam da Chamada Pública da Sustentabilidade, programa que visa orientar os agricultores sobre práticas sustentáveis e sobre qualidade de vida. Para tanto, 100 famílias florenses enquadradas como agricultores familiares recebem acompanhamento de técnicos da Emater-RS.

Distribuídas em oito municípios da Serra, 1.200 famílias estão participando do programa. Durante um ano será analisada a forma como é feita a produção e identificados meios de racionalizar o uso de insumos químicos e de garantir saúde aos agricultores. Assim, a Chamada também pretende orientar os agricultores sobre a importância da evolução do trabalho agrícola, que cada vez mais segue princípios originários na indústria, como a aplicação da tecnologia.

Os agricultores familiares são incentivados a usar menos agrotóxicos, por exemplo. A Chamada Pública se divide em diagnóstico, realização de plano de trabalho, visitações periódicas de técnicos às propriedades, reuniões de grupos, capacitações e seminários. “Vamos cumprir uma série de métodos de trabalhos para um atendimento centralizado e que ao final de três anos possamos ter indicadores de melhorias de qualidade”, explica o gerente regional da Emater-RS, Neuri Frozza.

O técnico agrícola do escritório da estatal em Flores da Cunha, Jair Carlin, explica que agora a fase é de levantamento das características da propriedade. Os passos seguintes serão diagnóstico e planejamento de ações. “Temos tentado levar o pessoal para outros locais para verem o que os outros estão fazendo e para que eles aproveitem aquilo que há de melhor e que pode ser adequado na propriedade”, comenta.

Esta é a primeira vez que a Emater-RS realiza a Chamada Pública da Sustentabilidade. Fazem parte desta edição os municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Roma, Nova Pádua, Ipê, Antônio Prado e Flores da Cunha.

Expansão do negócio
A família de Martinho Stuani, 53 anos, é uma das que recebe orientações da Emater florense desde janeiro. Uma das maiores contribuições dentro do programa foi o auxílio para implantação de um açude, que servirá para irrigar os parreirais da família. Foi com a orientação de técnicos da estatal que a família se inscreveu no projeto estadual Mais Água, Mais Renda.

A reserva d’água permitirá que as videiras sejam irrigadas a gotejamento, método que economiza água. Até então as uvas eram regadas naturalmente pela chuva ou a família recorria ao método manual, com mangueiras. O projeto do açude já foi aprovado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fepam) e está enchendo por meio de um curso hídrico que passa próximo dali, respeitando a distância exigida por lei. A previsão é de que, se não chover, em 10 dias o açude esteja cheio. “Eu sabia que ia vir, mas achava que ia demorar”, comenta Stuani, surpreso com a rapidez da Fepam em liberar o projeto. “Eu nem acreditava”, completa a esposa, Laira Rizzotto Stuani, 48 anos.

Em junho a família começa a plantar as mudas das uvas tintas do novo parreiral, que irá ocupar 2 hectares, totalizando em 7 hectares o cultivo da família. A expectativa é que em 2016 a nova planta já dê frutos. Os Stuani fornecem uvas para a Cooperativa Nova Aliança.

O uso de agrotóxicos também mudou. Há cerca de duas semanas, Laira viajou a Rio Pardo para visitar a Expoagro Afubra, feira de agricultura familiar. Lá ela conheceu agrotóxicos com menor carência dos que usava. Agora, a uva que demorava até 15 dias para poder ser consumida após a aplicação pode ir para a mesa em apenas cinco dias. Com o tomate, outra fruta cultivada pelos Stuani, a carência caiu de duas semanas para 24 horas.

Além de poder consumir e vender seus produtos mais rápido, a substituição dos pesticidas ainda favorece o orçamento da família, que estima pagar cerca de 15% mais barato nos produtos mais suaves. Os avanços na lida agrícola tranquilizam o casal, que prepara a propriedade para ser administrada pela única filha, Franciele Stuani, 25 anos, estudante de Farmácia. “Eu vou dar uma diploma para ela, mas ela tem a missão de tocar a propriedade do pai e da mãe”, avisa Laira.

Família de Martinho e Laira Stuani recebeu orientações para implantar um açude e a diminuir o uso de agrotóxicos. - Gesiele Lordes
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