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Estudo cria retrato social do município

Levantamento aponta questões que envolvem crianças e adolescentes, idosos, mulheres e deficientes

As mulheres são responsáveis financeiramente por 27,3% dos domicílios florenses; 41% dos idosos que moram em Flores da Cunha trabalham; a taxa de natalidade do município é de 9,1 nascimentos a cada mil habitantes, sendo que no bairro União esse número quase dobra e chega aos 19 nascimentos a cada mil habitantes. Esses e muitos outros dados – alguns podem ser conferidos abaixo – estão descritos no Diagnóstico Socioterritorial 2016, que constitui um retrato social do município. O estudo foi apresentado pela empresa Painel Instituto de Pesquisas no gabinete do prefeito, Lídio Scortegagna. O documento visa identificar áreas de vulnerabilidade do município e orientar políticas públicas a serem executadas de forma multidisciplinar.

Foram considerados mais de 50 indicadores divididos nas categorias: vulnerabilidade, criança e adolescente, mulheres, pessoas com deficiência e idosos. Além da entrevista com 730 famílias e 307 adolescentes, foram levados em consideração dados de órgãos públicos como o Conselho Tutelar e a Promotoria de Justiça, secretarias e serviços municipais, entidades e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De posse das informações, agora a prefeitura pretende focar em investimentos futuros. “Serão ações multidisciplinares que irão atuar em áreas que precisam de mais investimentos em determinados bairros e regiões, assim podendo investir melhor, economizando dinheiro e atendendo de forma mais acertada a população”, destaca o secretário Ricardo Espíndola, da Secretaria de Desenvolvimento Social.

Além dos dados, a pesquisa aponta sugestões em cada um dos diagnósticos como, por exemplo, a necessidade de trabalhar nas escolas o tema ‘drogas’, em específico o ‘álcool’ – o consumo de bebidas alcóolicas por menores está presente em 40% dos casos de vulnerabilidade das crianças e adolescentes. Além disso, duas questões se sobressaíram na discussão com a rede sobre as pessoas com deficiência: mobilidade urbana e inclusão na educação. “Ambas necessitam de planejamento e investimento do município”, cita o documento.

Diagnósticos

O Jornal O Florense selecionou alguns dos números presentes no estudo. Os dados de atendimento da rede são referentes ao ano de 2015, assim como as entrevistas realizadas com os adolescentes. Já a pesquisa domiciliar foi executada neste ano.

– 38% das famílias consideram sua situação financeira boa ou ótima. As mais satisfeitas moram nos bairros Centro e Aparecida e no distrito de Mato Perso; as menos satisfeitas residem em São Gotardo e bairro União.

– A renda média dos florenses é de R$ 3.044. No Rio Grande do Sul é de R$ 3.527 e no Brasil R$ 3.109.

– 13 famílias estão na linha de extrema pobreza no município (renda per capita inferior a R$ 70).

– 4,7% dos domicílios recebem Bolsa Família.

– 7,1% da população tem ensino superior.

 

Confira abaixo outras informações que são avaliadas pela administração municipal.

Vulnerabilidade

– Mais de 50% dos domicílios das regiões de Mato Perso, zonas Sul e Leste e Nova Roma estão em condições inadequadas (água, esgoto, lixo).

– Em relação ao desemprego, o maior índice se encontra nos loteamentos Pérola e Colina das Flores, com mais de 20% dos domicílios com pelo menos uma pessoa desempregada.

– O trabalho infantil apresentou altos índices na pesquisa domiciliar, sendo que no Colina das Flores, em São Gotardo e Zona Norte mais de 10% dos domicílios afirmaram que existiam crianças e adolescentes de 10 a 15 anos trabalhando. Essa questão foi aprofundada na discussão com o grupo de adolescentes que colocou de forma positiva contribuir com a família.

– O desenho geral da vulnerabilidade de Flores da Cunha, considerando os 11 indicadores levantados, mostrou a região Zona Norte como sendo a mais vulnerável. No geral o município tem indicadores positivos com problemas pontuais.

 

Criança e adolescente

– A população de zero a 17 anos corresponde a 23% da população total do município.

– A razão de dependência jovem é de 27%, e o destaque negativo fica com o loteamento Pérola: 34%. Esse indicador mostra que no Pérola existem muitas crianças e adolescentes (de zero a 14 anos) para serem sustentados pela população economicamente ativa (15 a 59 anos).

– Violação do direito à saúde e a vida: taxa de 9,3 crianças e adolescentes a cada mil, sendo que o bairro União registra uma taxa de 40. O consumo de bebidas alcoólicas por menores é responsável por 40% dos casos.

– 33% das crianças têm atendimento em creches (a meta é ter 50% da população de zero a 3 anos atendidas).

– 19% dos jovens que estudam à noite abandonam o ensino médio. No diurno, o percentual cai para 2,5%.

– Na entrevista a 307 adolescentes: o consumo de álcool não é considerado uma droga por 40,4% deles e 79% já provaram; apenas 52% são contra o uso da maconha e 17% afirmaram já ter fumado; 73% são contra o uso de outras drogas e aproximadamente 4% afirmaram já ter consumido outras substâncias; 56% deles não participam de nenhum grupo (esporte, jovens, etc.).

 

Idosos

– Os idosos correspondem a 12,5% da população total de Flores da Cunha (aproximadamente 3,4 mil pessoas).

– A razão de dependência idosa é de 18%. No distrito de Mato Perso, o índice chega a 37%, apontando que existem muitos idosos para serem sustentados por poucas pessoas na idade ativa (reflexo do êxodo rural).

– Apenas 4,8% dos idosos entrevistados não têm nenhuma participação na responsabilidade pelo sustento da família.

– 76% dos idosos não participam de nenhum programa voltado à melhor idade.

– 4,1% dos domicílios com idosos não recebem benefício (aposentadoria, pensão ou auxílio doença).

– 36% das pessoas que fazem parte de grupos de alcoolismo são idosos.

 

Mulheres

– Representam 49,8% da população de 18 a 59 anos.

– Foram registrados 112 ocorrências na Delegacia de Polícia, o que gera uma taxa de 13 mulheres a cada mil que têm seus direitos violados.

– 65% afirmam na pesquisa que sofreram violência, mas não denunciaram os agressores.

– A defasagem salarial da mulher em Flores da Cunha é de 35% em relação à remuneração do homem.

– As mulheres representam 57% das candidatas a vagas na agência do Sine.

 

Pessoas com deficiência

– 4,9% da população tem alguma deficiência que gera grande dificuldade ou total dificuldade (1.333 florenses).

– 30% criticam a acessibilidade do município e 34% reclamam do atendimento médico especialista.

– Dados do IBGE mostram crianças com alguma deficiência fora da escola; a pesquisa local complementa a informação mostrando que as pessoas com deficiência solicitam acessibilidade nas escolas.

 

Fonte: Diagnóstico Socioterritorial 2016 de Flores da Cunha.

As pessoas consideradas mais satisfeitas moram nos bairros Centro e Aparecida e no distrito de Mato Perso. - Antonio Coloda/Arquivo O Florense
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