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Estudo apontará viabilidade do transporte coletivo

Previsão é de que levantamento seja iniciado em setembro e mostre a origem e o destino dos passageiros e o valor da tarifa

Está prevista para a próxima terça-feira, dia 6, a finalização do processo licitatório que servirá para contratar uma empresa de assessoria técnica para realizar um estudo sobre a viabilidade de implantação do transporte coletivo em Flores da Cunha. A vencedora deverá fazer uma pesquisa de campo com o objetivo de definir a origem e o destino dos futuros passageiros urbanos, bem como mapear os itinerários, o tipo de veículo que melhor atenderia a demanda e o valor da tarifa. “Este estudo é fundamental para implantar um sistema de transporte que venha para ficar”, avalia o secretário de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito, Paulo Ribeiro.

Além de utilizar as informações do estudo técnico, a prefeitura irá levar em consideração a experiência de transporte coletivo implantado em 2004, no final do governo do prefeito Heleno Oliboni (PDT). O serviço foi oferecido por apenas seis meses, pois a administração que assumiu a prefeitura em 2005 (Renato Cavagnoli, do PMDB) extinguiu o projeto, alegando que o mesmo não seria viável em uma cidade com menos de 50 mil habitantes. Para o ex-prefeito Oliboni, passados sete anos, essa é uma necessidade atual da população florense e isso deve ser considerado pela prefeitura no momento da decisão final. “O poder público tem obrigação de atender as necessidades da população, nem que seja necessário intervir com algum subsídio junto à empresa que irá prestar o serviço. O maior lucro da administração pública é a satisfação de seus contribuintes”, opina.

Ribeiro concorda que existe a necessidade de transporte coletivo de alguns bairros para o Centro da cidade e vice-versa. Porém, ressalta a importância de se conhecer essa demanda, já que o principal objetivo da prefeitura é implantar um sistema de qualidade. “Com base no resultado dessa pesquisa, que levará 90 dias para ser concluída, avaliaremos a possibilidade de concepção da ideia. Não adianta termos a boa vontade de fazer se não tivermos público suficiente. Caso isso acontecesse, a tarifa se tornaria muito cara, o que também não é a intenção. Queremos que esse serviço seja ágil, acessível e, principalmente, de qualidade”, pontua.

Particularmente, Ribeiro acredita que seria possível a implantação do sistema em Flores. “Com base no que vi em outros municípios, acredito que é viável. Devemos, porém, iniciar com calma, com dois ou três ônibus e aumentar esse número à medida que a demanda crescer”, argumenta.

Proporcionalmente, Flores da Cunha está entre as cidades gaúchas que tem uma das maiores frotas de automóveis – em julho eram 17.221 veículos, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Considerando que o município tem uma população de 27.126 pessoas (Censo 2010), a média é de 1,6 habitante por veículo. Em decorrência dos transtornos causados pelo elevado contingente nas ruas, o secretário Ribeiro destaca que um dos futuros objetivos da administração é estimular a população para que deixem seus carros em casa e utilizem o transporte coletivo. “Temos que criar uma cultura de andar de ônibus. Para isso, precisamos ter um transporte ágil, de qualidade e acessível”, argumenta o secretário.

Florenses aguardam o transporte coletivo
A estudante Siele Nunes Petri, 16 anos, reclama do valor elevado que paga pelo transporte que utiliza duas vezes por dia, de manhã e à tarde. Ela reside no loteamento São Pedro e trabalha na prefeitura, distante cerca de 2,5 quilômetros. Fazendo as contas, no final do mês ela gasta cerca de R$ 114 com transporte, considerando que a tarifa custa R$ 2,85. “Pago o mesmo valor de quem vem ou vai até Caxias do Sul. Não compensa para quem mora em Flores e precisa fazer um trajeto curto. Muitas vezes vou a pé para não gastar tanto. Acho que está mais do que na hora da prefeitura implantar um sistema de transporte coletivo na cidade”, considera.

A estofadora Marlene Rodrigues Benello, 46 anos, faz a mesma conta de Siele para saber quanto gasta por mês com transporte. Ela mora no loteamento Bela Vista e vem ao centro da cidade em média duas vezes por semana. Para conseguir pegar o ônibus, ela ainda precisa ir a pé de sua casa, que fica próxima a AABB, até o pórtico, no acesso norte da cidade, onde existe a parada de ônibus. “É um transtorno muito grande. Como não temos nada aqui no bairro, temos que nos deslocar até o centro. Acredito que o transporte coletivo, com um preço justo, seja a solução para esse problema”, sugere.

Exemplos positivos na região
O secretário de Planejamento de Flores da Cunha, Paulo Ribeiro, tem buscado, ainda, exemplos em outros municípios vizinhos que já implantaram o sistema, como é o caso de Carlos Barbosa, Garibaldi e Veranópolis. “Cada cidade tem sua peculiaridade. Vimos exemplos de cidades menores que a nossa e que o transporte funciona muito bem. Por isso, estaremos iniciando esse estudo em breve para evitar os erros já cometidos por outros administradores. Reativar o transporte coletivo em Flores foi um compromisso de governo do prefeito Ernani Heberle”, frisa Ribeiro.

Em Carlos Barbosa, cidade com 25.192 habitantes (Censo 2010), o sistema de transporte coletivo urbano funciona desde 21 de março de 2011. Conforme a diretoria de trânsito do município, dois ônibus foram disponibilizados para atender a demanda. Quatro linhas compõem o itinerário que abrange praticamente todos os bairros e o valor da tarifa foi fixado em R$ 1,50. Segundo o departamento responsável pela implantação e fiscalização do sistema, o contrato prevê que no primeiro ano, de fase experimental, a prefeitura deve subsidiar parte do valor gasto pela empresa prestadora do serviço. Como o sistema é novo no município, os moradores estão se habituando aos poucos e a demanda é considerada crescente.

Garibaldi possui um número de habitantes semelhante ao de Flores da Cunha (30.692) e também disponibiliza transporte coletivo urbano à população. O serviço foi implantado em 2008 e hoje dispõe de seis ônibus que são responsáveis por 20 roteiros, atendendo todos os bairros. O valor de tarifa atualmente é de R$ 1,70. Em Veranópolis, com 26.121 habitantes, o sistema de transporte coletivo também foi implantado em 2008, depois de dois anos de estudos sobre a viabilidade e necessidade de demanda do serviço. Conforme o secretário de Planejamento veranense, Luciano Zanella, o transporte tornou-se realmente viável para a prestadora somente no ano de 2011. Até então, a prefeitura subsidiava parte do valor.


 - Na Hora / Antonio Coloda
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