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Estudantes cada vez mais violentos

Conselho Tutelar, Brigada Militar, Polícia Civil e colégios estão preocupados com o aumento dos casos de violência escolar. No comparativo de outubro com setembro, acréscimo é de 106,3%

As conselheiras tutelares de Flores da Cunha, que assumiram os cargos em 1º de setembro, estão preocupadas com o aumento do número de casos envolvendo adolescentes dentro e fora de escolas. De janeiro até outubro foram 677 ocorrências leves e graves. Somente no último mês ocorreram 130 registros, ou 19,2% do total. No comparativo de outubro com setembro, o aumento é de 106,3%. Ou seja, mais do que duplicaram. “A maioria dos atos infracionais são registrados na entrada ou na saída do turno da noite. No caso mais recente, registrado terça-feira, dia 3, um jovem foi agredido e teve lesões na boca (leia mais abaixo). Por isso, ele será encaminhado ao Departamento Médico Legal (DML) de Caxias do Sul para fazer um exame de corpo de delito”, explica a conselheira Goretti Andrighetti. Os principais motivos para o início das brigas são fúteis. “Ou é namorada, ou é um olhar atravessado. Na semana passada, registramos uma briga envolvendo quatro guris. O motivo: um chiclete”, conta Goretti. Dependendo do tipo de ocorrência o Conselho Tutelar aciona a Brigada Militar (BM). Porém, a corporação não é responsável diretamente por tais ações. “Tivemos uma reunião em setembro com as conselheiras tutelares. Na ocasião, elas nos pediram apoio para desenvolver ações preventivas. No entanto, nesses casos de violência em escolas, o Conselho é quem atende o caso e o encaminha à Delegacia de Polícia (DP), para posteriormente ser remetido ao Ministério Público (MP), conforme recomenda o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, aponta o comandante da 2ª Companhia do 36º Batalhão de Polícia Militar (36º BPM) de Flores da Cunha, capitão Juliano André Amaral. De acordo com o oficial, a diretora de um colégio já solicitou à BM que policiais façam a abordagem de determinados alunos. “Não temos como fazer isso porque não é nossa competência. Além disso, nosso efetivo tem outras prioridades. Na minha opinião, dois aspectos influenciam, nos últimos anos, o aumento do número de casos: problemas estruturais na família e drogas – inclusive o álcool”, cita Amaral. Conforme o Conselho Tutelar, as principais ocorrências são de evasão escolar, dano ao patrimônio público, brigas, ofensas morais com gestos e palavras a diretores e colegas, lesão corporal e furto e roubo, todas envolvendo menores de 18 anos. “Em setembro, fizemos três visitas diárias em apenas um colégio, principalmente à noite”, exemplifica Goretti. Ela lamenta que a estrutura do Conselho é considerada “precária” – os equipamentos de informática que foram doados estão defasados e o único veículo, um Uno ano 1991, tem mais de 116,9 mil quilômetros rodados. Para 2009 havia a possibilidade de um novo automóvel ser adquirido pela prefeitura e repassado à entidade, porém, devido à redução da arrecadação (argumento do Executivo), a medida foi postergada para 2010.

Mais um jovem é agredido dentro da escola

Nessa semana, mais um jovem sofreu agressão física dentro de uma escola do município. O estudante de 15 anos (nome preservado) teve a mandíbula fraturada após receber um soco de jovem de 16 anos. O ato ocorreu na manhã de terça-feira, dia 3, durante a troca de período de aula. O caso foi encaminhado à Polícia Civil, que instaurou um procedimento de ato infracional (destinado a menores de 18 anos). Hoje, dia 6, o aluno será submetido a exame de corpo de delito. Conforme o jovem agredido, ele estava se dirigindo para a sala de aula e atravessou a quadra de esportes da escola, onde o outro estudante jogava bola. "Nós dois começamos a brincar com a bola e a nos empurrar. De repente ele me deu um soco no rosto. Fiquei tonto e quase cai", conta o aluno da 6ª série. Segundo o jovem, os dois não eram colegas de classe, já que o outro adolescente estuda está na 5ª série, mas eram amigos. A agressão resultou, conforme o laudo médico, na fratura da mandíbula que ocasionou uma modificação da oclusão dentária. Na próxima segunda-feira, o adolescente será submetido a uma cirurgia para correção. O tratamento, em caráter de urgência, está orçado em R$ 3 mil. "Vou cobrar os gastos que estou tendo e vou entrar na justiça contra danos morais. É preciso tomar providências para que esse tipo de agressão não aconteça", pontua a mãe do estudante. De acordo com ela, na hora da agressão não havia nenhum professor por perto. Os estudantes estão afastados temporariamente da escola. Na semana passada, foram registrados mais dois casos. Num deles uma adolescente de 12 anos foi agredida por um colega e precisou fazer pontos no rosto.
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Jovem de 15 anos teve a mandíbula fraturada. - Danúbia Otobelli
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