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Estrada Velha pode ser uma nova alternativa à ERS-122

Trecho que liga Flores a Caxias tem 12 quilômetros. Destes, 2,7kms estão asfaltados no trecho caxiense e 1,2 no lado florense. Ainda restam 6,6 sem pavimentação. Prefeitura busca recurso para iniciar a obra até o final do ano

Desde a década de 1920 até os anos 1970, quando iniciou abertura da RS-28, atual ERS-122, a principal ligação que existia entre Flores da Cunha e Caxias do Sul era uma via de chão batido hoje chamada de Estrada Velha. Com a inauguração da rodovia principal, na década de 1980, a estreita via tornou-se obsoleta e passou a ser utilizada apenas por moradores da região. Hoje, contudo, voltou a receber atenção dos governantes, pois é vista como uma alternativa para motoristas que desejam desviar do tráfego intenso da ERS-122.

Atualmente, o trecho de 12 quilômetros ainda não está totalmente asfaltado. No perímetro caxiense, 2,7 mil metros, entre a barragem da Maestra e a comunidade de Nossa Senhora das Dores, recebeu a pavimentação em 2012. Na época, a prefeitura do município vizinho investiu R$ 3,17 milhões para realizar a obra, por meio do Programa de Asfaltamento do Interior (PAI). Já no trecho florense, que é de 7,8 quilômetros, restam 6,6 quilômetros de estrada de chão, sendo que 1,2 é pavimentado. Mesmo assim, o tema é tratado como prioridade pela administração. O prefeito Lídio Scortegagna (PMDB) diz que já possui um projeto para pavimentação da Estrada Velha. A obra custaria em torno de R$ 3,5 milhões.

Segundo Lídio, o município se cadastrou junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para conseguir auxílio financeiro para a construção da base asfáltica. A partir disso, a prefeitura executaria o restante da obra. “Hoje não dispomos desse dinheiro, mas estamos dispostos a buscar, se for necessário, um financiamento para fazer esse trabalho. Entendemos que é necessária a construção de uma rota alternativa para preservar a vida das pessoas, pois observamos a atual situação da ERS-122, a quantidade de veículos que a utilizam e vemos que isso só deve aumentar. Nossa ideia é facilitar a vida das pessoas”, justifica o prefeito, que tem expectativa de que até o final deste ano o município consiga o recurso, seja por meio de uma linha de crédito ou pelo MDA.

O presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha, Vanderlei Dondé, defende a restauração da Estrada Velha. Para ele, em decorrência da atual situação da 122, investir em uma via alternativa de acesso ao município para veículos leves seria uma decisão acertada. “Não é mais possível ficarmos reféns das obras na ERS-122. Hoje, se tivermos que pegar um voo em Caxias, por exemplo, temos que sair duas horas antes de casa, porque nunca sabemos como está o trânsito. Então, acredito que nós precisamos de investimentos nesse sentido”, defende.

Investimentos a longo prazo
O presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha, Vanderlei Dondé, destaca que a duplicação da ERS-122 entre Flores da Cunha e Caxias do Sul não irá resolver o problema da região. Segundo ele, é necessário discutir um novo projeto modal de transporte rodoviário para desafogar o trânsito da Serra. “A velocidade de entrega e o custo dos fretes conta muito para uma empresa. Então, nós temos de redesenhar essa logística. Nesse sentido, se não tivermos um projeto maior, estaremos perdendo. Nós, com o governo do Estado, precisamos estudar essa questão”, sustenta.

Pensando no futuro, o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede Serra), José Adamoli, vai além da ideia de duplicação do trecho Flores-Caxias e diz que a entidade enxerga a ERS-122 como uma via expressa. Ele defende que a rodovia seja duplicada desde a BR-116, na localidade de São Manoel, em Ipê, até a Scharlau, em São Leopoldo. “Uma estrada sem passagem de nível, com passarelas e viadutos que garantam a segurança do trânsito e que se possa andar em uma velocidade que nos permita que em uma hora e meia estejamos em Porto Alegre. Isso é uma necessidade”, aponta o presidente do Corede.

Conforme Adamoli, ainda é preciso federalizar a RSC-470 e fazer com que esta rodovia saia em Arambaré, na BR-116, fazendo com que o tráfego que vem da parte Norte do Estado e de Santa Catarina vá direto para o porto de Rio Grande e não entre na Região Metropolitana da Capital. “Nós também precisamos fazer a duplicação entre Bento e São Vendelino e de São Vendelino a Nova Milano. Essa duplicação também precisa ocorrer na Rota do Sol, a partir do Viaduto Torto (em Caxias), pelo menos até Lajeado Grande (São Francisco de Paula), mas a nossa meta é que seja até a BR-101 (em Terra de Areia). Mais do que isso, nós estamos lutando pela federalização da Rota do Sol, o que já foi levado pelo ex-ministro das Cidades, César Borges, que assumiu isso como um compromisso do governo federal”, adianta.

Foto/Fabiano Provin



Entidades defendem duplicação da ERS-122

Flores da Cunha está inserida em uma das regiões mais ativas economicamente do Rio Grande do Sul. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011 o município teve Produto Interno Bruto (PIB) médio de R$ 749.508 milhões. Com uma população estimada em 27.322 habitantes em 2011, conta com uma renda per capita de R$ 27.432, superior a do Estado. O segmento da indústria se consolida como maior contribuinte, com 60,81% de participação no valor total; a agricultura responde por 16,03%, seguido do comércio com 13,69% e dos serviços, com 9,47%.

Além de ser um grande consumidor de matéria-prima, nos últimos anos se observou um crescimento no percentual de importações. Dados do Perfil Socioeconômico 2013 mostram que em 2012 foram exportados US$ 27 milhões, com maior representatividade do setor moveleiro, seguido do metalúrgico, com componentes para veículos. No mesmo período, as importações somaram US$ 23 milhões, com materiais destinados à indústria metalúrgica e automotiva. Com tantos produtos entrando e saindo do município, vem à tona o crescente problema da logística de transporte, já que praticamente 100% da economia local, regional e nacional está sustentada no sistema rodoviário.

Em decorrência disso, empresas do município estão perdendo competitividade pela dificuldade de chegar aos grandes centros, assim como de trazer o que é comprado. “Nós temos que ter presente que estamos em uma região com economia de primeiro mundo e temos uma infraestrutura de região subdesenvolvida. Isso faz com que empresas daqui procurem outros pontos estratégicos voltados ao consumidor para se colocar, tendo em vista de que esse custo de 19% do PIB estrangula as nossas empresas e tira competitividade”, aponta o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede), José Adamoli.

Atualmente, a principal via de acesso entre Flores da Cunha e Caxias do Sul é a ERS-122 (também conhecida como Rodovia Sinval Guazzelli, uma homenagem ao político que governou o Estado em duas ocasiões –1975-1979 e em 1990, por 11 meses), aberta há 40 anos. Diferentemente daquela época, hoje o trecho registra movimento mensal médio de 120 mil veículos, segundo a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que administra a estrada. O alto fluxo, aliado às obras de repavimentação, iniciadas em fevereiro deste ano, demonstram o quanto a via está congestionada. Em certos horários os motoristas demoram até uma hora para percorrer os 15 quilômetros entre as duas cidades.

Foto/Fabiano Provin


Tais fatores fizeram ressurgir a discussão da necessidade de duplicação da ERS-122, entre Flores e Caxias, um assunto que vem sendo discutido desde os tempos do mandato do ex-governador Germano Rigotto (PMDB, 2005-2008). Segundo Adamoli, naquela época o governo estadual desenvolveu um estudo chamado Rumos 2015, que discutia o desenvolvimento regional e a logística de transporte no Estado e que também incluía a duplicação do trecho.

Hoje, esse tema está sendo discutido pelo Corede Serra com os Conselhos Comunitários das Regiões das Rodovias Pedagiadas (Corepes) e a EGR. “Em fevereiro, durante uma reunião com o Corepe, em Flores da Cunha, nós discutimos as necessidades da ERS-122, no trecho pedagiado. Na oportunidade, o Corede defendeu que fosse feito um estudo de viabilidade para a duplicação da ERS-122. Em relação a isso, tenho clareza que a EGR está fazendo essa análise”, afirma Adamoli, que também é membro do Conselho de Administração da estatal que controla os pedágios estaduais.

Recursos
Conforme relatório apresentado pela EGR, no mês de junho a praça de pedágio localizada em Flores da Cunha arrecadou R$ 768.518 mil, sendo que o desembolso foi de R$ 2.541 milhões, incluindo folha de pagamento, serviços oferecidos e obras de recuperação. Em um ano de serviços a EGR faturou R$ 89,5 milhões, com R$ 30 milhões de lucro líquido (33,5%). Destes, R$ 10,5 milhões foram gastos em conservação de rodovias. No entanto, no entendimento do Corede Serra, esse recurso não deve provir apenas do que é arrecadado no pedágio, mas deve ter, por parte do Estado, o compromisso de contribuir com receitas do Tesouro para fazer essa obra.

Segundo José Adamoli, do Corede, as parcerias público privadas (PPPs) também não são a melhor opção. “Pelas experiências que temos, esse modelo tem sido prejudicial para a sociedade porque o empreendedor privado termina tendo muitas garantias e superestimando fluxo e, depois, nós temos que pagar essa conta”, observa. O Corede defende que seja feita uma parceria público sociedade, uma PPS. “Nós, por meio do pedágio, arrecadaríamos uma quantia para fazer essa obra e o governo do Estado, com os impostos que ele recebe do Tesouro, deve dar a sua contrapartida”, defende.


Foto/Mirian Spuldaro

Encontro ocorreu no gabinete do prefeito Lídio na tarde de quinta-feira.


EGR debate demandas em Flores

Na tarde de ontem, dia 17, o presidente da Empresa Gaúcha de Rodovia (EGR), Luiz Carlos Bertotto, acompanhado do diretor técnico Manoel João Souza de Freitas, participou de uma reunião com representantes do Corepe, em Flores da Cunha, no gabinete do prefeito Lídio Scortegagna. Também estiveram presentes o empresário Júlio Fante, que representa o Centro Empresarial; e o representante dos moradores do trecho pedagiado, Bertinho Piccoli. Na pauta estava a prestação de contas por parte da EGR, o esclarecimento sobre as obras da ERS-122 e o encaminhamento das demandas do Corepe.

Durante o encontro, o diretor técnico informou que o estudo de viabilidade de duplicação da ERS-122, no trecho Flores-Caxias, está em avaliação. Segundo ele, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer-RS) já contratou o estudo, mas analisa a possibilidade de ceder esse contrato para a EGR. “Depois disso, iremos avaliar os valores e a viabilidade”, afirmou Freitas, sem dar maiores esperanças aos presentes. A situação é a mesma com relação ao projeto de ligação entre a ERS-122 e a Rota do Sol, em Caxias do Sul. A estimativa do Corede Serra é que o projeto executivo custe R$ 1 milhão.

Também estão em avaliação da EGR outras solicitações do Corepe, como a criação de pontos de ultrapassagem (3ª pista) na ERS-122, o estudo de viabilidade do trevo de acesso próximo à Cooperativa Nova Aliança e no trevo da capela do Carmo. Assim como a autorização para instalação de lombadas no loteamento Pérola, o que compete ao Daer-RS. Segundo Freitas, a empresa já concluiu o estudo técnico de viabilidade das obras de construção de trevos de acesso ao bairro União e na empresa Fante Indústria de Bebidas. Contudo, devido ao alto custo, cerca de R$ 2,5 milhões, a EGR não iniciará as obras nesse ano. A partir de agora, serão realizadas tratativas com o município.

Reclamações
Quanto às reclamações com relação ao serviço de urgência e emergência, a EGR se defende e diz que os cidadãos podem ligar para os Grupos Rodoviários (GRv) ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que terão atendimento. Além disso, Freitas anunciou que a partir de segunda-feira, dia 21, todas as praças de pedágio, incluindo a de Flores da Cunha, irão contar com um funcionário que estará equipado com um carro e equipamentos de segurança, para atendimentos durante o dia. “A função dele será prestar o primeiro atendimento, com auxílio de sinalização e para chamar serviços de emergência”, explica. Também está quase pronto o contrato com uma empresa que irá disponibilizar o serviço de guincho para cargas pesadas, no trecho de Flores da Cunha – porém, a EGR não sabe estimar quando isso será efetivado.

Os telefones do serviço de emergência são: 198 do Grupo Rodoviário (acionamento de guincho) e 192 do Samu (para atendimento de emergência em caso de acidentes).
 

Prefeitura florense pleiteia verbas federais para obra considerada prioritária. - Fabiano Provin
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