Geral

Nascido na Capela de São Tiago, no distrito de Mato Perso, frei Aldir Crocoli, 72 anos, há seis está residindo na cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, para coordenar os frades do país. Mas, o motivo da sua permanência vai muito além do campo estritamente religioso. O frei, juntamente com os Freis Capuchinhos do Haiti, é idealizador de um projeto social e ecológico, motivado pela Carta do Papa Francisco ‘Laudato si’, que visa retirar os plásticos das ruas, proteger o meio ambiente, remunerar em torno de 100 famílias e produzir um material de primeira qualidade e primeira necessidade.
A ideia, que já saiu do papel, tem por objetivo diminuir os plásticos encontrados pelas ruas da cidade. Em uma de suas viagens para Novo Hamburgo, em 2017, o frei descobriu máquinas – um conjunto de nove equipamentos – que conseguem reaproveitar o lixo plástico, transformando-os em telhas ou tijolos, que podem ser utilizados em construções.
Para que o projeto pudesse ser realizado, os freis receberam uma ajuda financeira de entidades religiosas do mundo inteiro, além da mobilização dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. O valor que foi possível levantar com as doações custeou o preço das máquinas, que foram adquiridas no ano de 2019. 
Após quatro anos da idealização do projeto, as máquinas chegaram ao porto do Haiti, onde continuam até hoje. “A Conferência Episcopal tem a isenção das taxas padroeiras de importação (valor que a alfândega cobra por produtos importados), mas no momento que o governo recebeu as notas e percebeu o valor gasto (360 mil dólares), exigiu uma taxa no valor de 55 mil dólares para poder liberar”, informa Crocoli. De acordo com o frei, uma negociação começa a partir de agora para tentar baixar o valor, já que não há dinheiro previsto para essa situação. “Todo o valor arrecadado foi para os custos da aquisição das máquinas”, declara. 

Matéria prima
Para o projeto, que tem como objetivo limpar a cidade, o frei está fazendo parecerias com escolas, paróquias, casas de religiosos, casas de comércio, incentivando o recolhimento dos plásticos, depositando-os em grandes recipientes, que serão disponibilizados em cada local. Como incentivo para a coleta, o plástico será pago por quilo recolhido. “O ideal seria que o plástico não chegue até as ruas e lixões. Mas prevendo que isso vai ocorrer devido ao hábito cultural, em cada lixão terá uma pessoa que faz a coleta e que receberá um valor maior pelo quilo recolhido, porque ela separa lixo no lixo”, declara. A usina de transformação necessitará de 1200 kg de plástico por dia. 
Para a fabricação das telhas e tijolos serão usados saches de água, sacolas de mercado, baldes velhos, latões de lixo, galões de óleos, galão de detergente, de sabonete líquido, galão de óleo de cozinha e 10% de garrafas pet. O frei explica que só não será usado o PVC, por conter também ácido clorídrico em sua composição. “Esses materiais produzidos poderão durar mais de 50 anos. Não quebram nem passando por cima um veículo. Podem ser pregados ou parafusados. No Haiti não se encontram telhas de argila e nem de fibrocimento; só o zinco que, devido ao Haiti ser uma pequena ilha, a maresia deteriora rapidamente. Além desta grande vantagem para as famílias, deve-se mencionar a redução do calor na casa, em torno de 60%. Para um país que só tem verão, é um espetáculo”, conta o frei, que pretende vender o produto para o mundo inteiro. 

Cooperação
Para a empresa entrar em funcionamento, já está firmado um contrato para o terreno e foi iniciada a negociação com a alfândega, mas ainda faltam recursos. A ideia de Crocoli é ainda obter motos para carga, as quais passarão pelas ruas para recolher os plásticos e um caminhão. Assim, uma campanha se inicia para a finalização do projeto. Quem quiser auxiliar com o projeto pode direcionar verbas através de depósitos bancários:

Banco Banrisul
Agência: 0065
Conta corrente: 35.853.270.0-1
Titular: Aldir Crocoli
CPF: 183.314.910-68

Banco do Brasil
Agência: 2814-2
Conta Corrente: 26859-3
Titular: Aldir Crocoli
CPF: 183.314.910-68