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Escolas estaduais estão sem professores

Instituições de Flores e Nova Pádua têm déficit de docentes em diversas disciplinas

O ano letivo iniciou em 18 de fevereiro, ou seja, há mais de um mês, e desde lá os estudantes de escolas estaduais de Flores da Cunha e Nova Pádua têm enfrentado a falta de professores. Na Escola Estadual de Ensino Médio Frei Caneca o problema afeta as disciplinas de Matemática, Física e Língua Inglesa, já na Escola Estadual São Rafael a carência é de professores de Matemática, Língua Inglesa, História e Geografia, além de servente de limpeza. Em ambas as escolas os alunos não estão sendo dispensados e sim tendo aulas com professores substitutos. Na Escola São Rafael, de acordo com a supervisora Neiva Zanatta, o Conselho de Pais e Mestres (CPM) está arcando com as despesas de pagamento de duas professoras (Inglês e Matemática) e mais a funcionária de limpeza, enquanto que as vice-diretoras estão dando aulas de História e Geografia.

“Também não estamos dispensando os alunos, pois temos professores voluntários das disciplinas em falta que planejam as aulas, as quais estão sendo aplicadas pelos docentes setorizados, como secretárias e direção”, conta a diretora da Frei Caneca, Patrícia Paula Pontalti.

Em Nova Pádua, a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Gelain tem ausência de professor de História e Geografia para os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. Os estudantes também continuam frequentando as aulas, mas não estão recebendo o conteúdo. “A vice-diretora está desenvolvendo outras atividades com eles, como jogos recreativos ou leituras. Os alunos não ficam fora da sala de aula, mas também não estão aprendendo a disciplina, o que acaba deixando uma lacuna no ensino”, explica a diretora da Luiz Gelain, Lenita Sonda. 
Segundo a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) a vinda de professores aguarda por decisão da Secretaria Estadual de Educação. Todas as solicitações já foram encaminhadas e serão contempladas, porém não há uma data prevista.

Escola Luiz Gelain
Em solo paduense, as dificuldades escolares são maiores. A Escola Luiz Gelain amarga também com a falta de cozinheira, já que as antigas profissionais se aposentaram em 2018. Desde o início do ano letivo quem tem feito a merenda da escola é a própria diretora, com o apoio da monitora Kelin Cristina Menegat Verza. As duas são as responsáveis por preparar o lanche de mais de 280 alunos nos turnos da manhã e tarde. “Temos um estoque de produtos e até poderíamos dar para outra escola e não fazer a merenda para os alunos, mas achamos melhor continuar com o serviço e estamos preparando para servir algo todos os dias”, diz Lenita, que tem se revezado entre a direção e a cozinha. 
Uma solicitação junto à Secretaria Estadual de Educação para os cargos de professor e merendeira já foram efetuadas. Até o momento, foi aprovada apenas a vinda da profissional da cozinha. “O Estado já liberou a admissão da merendeira, mas ainda não tem data para iniciar. Acredito que daqui uns 30 dias já teremos ela trabalhando aqui”, destaca Lenita. 

Outras demandas
Com um contingente de 280 estudantes, a Escola Luiz Gelain teria direito por lei a um atendimento melhor. Atualmente, a instituição conta com apenas 20h de atendimento na biblioteca, 20h de coordenação, 20h de secretaria e 40h de servente. A falta de horas de uma servente tem feito com que os próprios estudantes limpem as salas de aulas. Com a defasagem no setor da limpeza para atender aos dois turnos, no início do ano a direção escolar reuniu os estudantes e solicitou para que eles próprios organizassem as salas antes do término das aulas. “Pedimos uma colaboração para que coloquem as cadeiras em cima da mesa, limpem o que sujaram, passem uma vassoura no chão e organizem a sala para o turno seguinte. Desde o ano passado, temos feito isso e não tivemos reclamação porque os estudantes estão conscientes que estamos com falta de profissionais e veem que é um engajamento de todos”, pontua Lenita.
De acordo com a diretora, já a alguns anos a escola enfrenta dificuldades, especialmente com a falta de professores. “Realmente estamos trabalhando no limite. Temos dificuldades de encontrar professor, porque Nova Pádua é distante, não há transporte no horário escolar, então o professor teria que ter carro próprio e não recebe por difícil acesso, já que a escola é no Centro. No ano passado, o CPM precisou ajudar nos custos de transporte de um professor. Sentimos que cada ano está pior a nossa situação”, desabafa Lenita.

Municipalização
Há cerca de três anos, a prefeitura de Nova Pádua tem trabalhado num projeto de municipalização da educação do Ensino Fundamental da Escola Luiz Gelain. Reuniões com a direção da escola, Conselho de Pais e Mestres (CPM) e comunidade têm sido feitas para tratar do assunto. De acordo com o prefeito, Ronaldo Boniatti, nos próximos dias será formada uma comissão interna para a busca de todos os processos legais e burocráticos para a municipalização, além de um debate junto à população e comunidade escolar sobre o assunto. “Essa não é apenas uma decisão do executivo, mas também da comunidade. Precisamos saber o que a população quer e espera da educação de Nova Pádua”, diz o prefeito. 
A partir de agora, conforme Boniatti, serão realizados todos os procedimentos legais para verificar quais passos precisam ser tomados. “Sabemos que é possível que o Estado faça um comodato do prédio para o município. Mas precisamos saber também quanto tempo demora a municipalização, qual caminho devemos seguir, a questão orçamentária, como é a aprovação do currículo. Até o momento nenhum martelo foi batido, mas agora chegamos num momento que a comunidade precisa decidir se quer a municipalização do Ensino Fundamental”, pontua Boniatti.
Hoje, dos 280 alunos da Escola Luiz Gelain, mais de 200 estão matriculados no Ensino Fundamental – conforme a legislação o Ensino Médio é de responsabilidade do Estado.

Desde o início do ano, a diretora da Escola Luiz Gelain, Lenita Sonda (D), e a monitora Kelin Cristina  Menegat Verza (E), precisam preparar a merenda escolar. A vinda de uma cozinheira já está aprovada.  - Danúbia Otobelli
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