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Erradicar os lixões no Brasil é questão de saúde pública

Por dia, 200 mil toneladas de resíduos são produzidas no país

O Brasil gera, diariamente, cerca de 200 mil toneladas de resíduos sólidos. Deste montante, 35 mil toneladas terminam dispostas em lixões. Apesar de proibida, a prática ainda é comum - são mais de 2,7 mil lixões a céu aberto no país. Junto ao meio ambiente, a saúde das populações mais vulneráveis paga o preço do descarte inadequado. Para modificar o cenário, a alternativa é investir em novos modelos de manejo de resíduos. 
Os números são do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur). O diretor de Sustentabilidade do Selur, Carlos Rossin, projeta um importante avanço no setor com a sanção do novo Marco Legal do Saneamento Básico. “Vai trazer sustentabilidade financeira aos investimentos”, afirma. Rossin ainda explica que a indústria de resíduos é uma indústria ambiental. “O nosso papel é antecipar os impactos que virão de produtos e formas de consumo, para melhor atender o usuário”, complementa. 
Já o presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João Gianesi Netto, critica a situação dos lixões. “É vergonhosa. Além de crime ambiental e das contaminações das águas subterrâneas, do solo e do ar, soma-se a realidade deprimente das pessoas que lá convivem, disputando a cada carga de lixo materiais para reciclagem e até alimento”. 

Termômetro 
Com o objetivo de medir a adesão das prefeituras à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pelo governo federal em 2010, o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU), elaborado pelo Selur, em parceria com a consultoria PwC Brasil, calculou em 2020 que quase a metade (49,9%) dos municípios brasileiros pesquisados ainda deposita resíduos irregularmente, em lixões. Segundo o estudo, mais de 17 milhões de brasileiros não têm coleta de lixo nas casas e apenas 4% dos descartes são reciclados. 
O diretor de Sustentabilidade do Selur alega que a razão principal dessa conjuntura está na preponderância de um modelo de custeio dos serviços de manejo de resíduos centrado no orçamento municipal. “A preponderância do modelo remanescente de custeio dos serviços de manejo de resíduos sólidos, centrado no orçamento municipal, suficiente, em regra, para cobrir apenas as despesas com o afastamento dos resíduos dos centros urbanos, sem responsabilidade ambiental em lixões a céu aberto, compromete gravemente a saúde das populações socialmente vulneráveis, residentes nas periferias das cidades, e subtrai das gerações atuais e futuras o direito a um meio ambiente saudável e equilibrado”. 
Rossin ainda explica que de acordo o ISLU, as cidades que romperam com este modelo de custeio e adotaram uma arrecadação específica por meio de tarifa ou taxa, são as que apresentam os melhores avanços em reciclagem e destinação final ambientalmente adequada em aterros sanitários. 

Rotas tecnológicas 
Instituída em 2010 no Brasil, a PNRS estabelece que os resíduos devem, obrigatoriamente, passar por processos de tratamento antes da sua disposição final em aterros. 
A partir da legislação nasceu o termo rotas tecnológicas. “Isso abriu uma gama de alternativas de formas de gestão de resíduos, desde a mais simples, onde há a separação da matéria orgânica dos materiais recicláveis e rejeitos, até as mais sofisticadas”, relata o presidente da ABLP. 
Recentemente, há um enorme movimento entre as rotas tecnológicas, aponta Gianesi, focado na recuperação energética dos resíduos sólidos, chegando à geração de energia elétrica através da incineração ou do aproveitamento do biogás - muito diferente da realidade nos lixões. “Os aterros sanitários são obras de engenharia, submetidas a rigorosos procedimentos, desde licenciamentos ambientais, à operacionalidade, à fiscalização com rígidos controles ambientais e, finalmente, às exigências técnicas para seu encerramento”, conclui. 

Cadeia produtiva 
O setor de manejo de resíduos sólidos também gera emprego e renda. Ele representa, no Brasil, cerca de 400 mil empregos diretos e um milhão de empregos indiretos. Os números correspondem a R$ 10 bilhões por ano em folha de pagamento. Atuam na área profissionais de engenharia civil, ambiental, mecânica de produção, técnicos em coleta e saneamento, biólogos, ecólogos, economistas, administradores, especialistas em logística, entre outros.

*Fonte: Assessoria de imprensa in.Pacto

O que você precisa saber: Por mais que a gente tenha vontade de ajudar a preservar o ambiente, ainda podem surgir algumas dúvidas quando o produto a ser jogado no lixo não se enquadra claramente em um dos grupos principais de descarte: reciclável/seco ou orgânico.

Roupas velhas vão para o orgânico: Dependendo do material, mesmo seco, ele vai para os rejeitos, por não poder ser reaproveitado. Qualquer roupa velha, sem condições de ser doada, deve ir para o lixo de rejeitos/orgânico.

Lâmpadas fluorescentes nunca devem ir para as lixeiras domésticas: É um produto considerado perigoso, pois contém mercúrio. A lâmpada queimada deve ser devolvida sempre no local da compra.

Eletrônicos velhos (que não servem nem para enfeite) merecem um destino correto: Existem locais que recebem aparelhos eletrônicos como CPUs, monitores, teclados, cabos, estabilizadores, celulares e eletrodomésticos obsoletos. Esses resíduos podem conter chumbo, bromo, mercúrio e cádmio, metais perigosos e com alto poder de contaminação. A prefeitura de Flores da Cunha realiza anualmente a coleta de eletrônicos.

Pilhas e baterias voltam para as lojas onde foram compradas: É um produto em que há presença de mercúrio, substância poluente. Devolva o produto usado no local onde você comprou. 

 - Divulgação
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