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Equipamento facilita a produção de suco de uva

Embrapa Uva e Vinho apresenta o ‘suquificador’, processador que permite elaborar a bebida integral em pequenos volumes

Produzir suco de uva integral em pequenos volumes, sem agregar água, é a proposta do novo equipamento desenvolvido pela Embrapa Uva e Vinho, em parceria com a empresa Monofrio. Lançado em abril, o suquificador integral foi pensado e projetado para ser de fácil uso e resolver o problema de mais de 50 mil pequenos produtores no Brasil, que atualmente produzem cerca de 8 milhões de litros de sucos de uva e outras frutas utilizando o método da panela extratora por arraste de vapor, no qual há acréscimo de água ao produto final, o que altera sua composição e classificação.

O ponto de partida foi agregar valor à produção e oferecer uma alternativa para os pequenos produtores, em sua grande maioria concentrados no Rio Grande do Sul, segundo recorda o pesquisador Celito Guerra, da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves. Num trabalho conjunto que durou cerca de três anos, foi construído o suquificador. “Nossa maior preocupação era desenvolver um equipamento fácil de ser operado e que produzisse um suco de qualidade superior. E tivemos sucesso”, enfatiza Guerra.

As análises realizadas com diferentes variedades de uva nas safras 2014, 2015 e 2016 indicam que o equipamento (que na verdade é um processador) produz um suco de uva integral de cor mais intensa, menos turvo, de melhor aroma e sabor, comparado ao suco elaborado com as mesmas uvas, mas pelo método da panela extratora. No item gasto de energia, o novo equipamento é mais econômico, pois necessita apenas de energia elétrica monofásica. Guerra informa que, além das condições normais da fruta para a elaboração, como estar madura e sadia, o novo sistema requer a necessidade de se trabalhar com uvas previamente desgranadas e esmagadas, uma vez que o aquecimento se dá pela parede interna do suquificador.

Valor agregado
Segundo a legislação brasileira, se houver a agregação de água ou qualquer outra substância, o suco deixa de ser considerado integral e será enquadrado na categoria de néctar. “O suco de uva integral tem sido a alegria das vinícolas, por representar uma importante parcela de sustentação das vendas. É o produto vinícola com o maior crescimento nos últimos anos”, informa o diretor-executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani. Enquanto o suco integral natural de uva pode ser comercializado a R$ 15/litro, o néctar é adquirido por menos da metade deste valor, chegando em geral a R$ 4/litro. 

A produção de suco de uva no Brasil possui grande relevância econômica e social, apresentando características específicas, seja em relação à produção vitícola, seja em relação ao processamento. O RS é o principal Estado produtor. Considerando o período de 2010 a 2014, a produção alcançou crescimento recorde de 53%. No mesmo período, a comercialização teve aumento de 93%. 

O suquificador foi projetado para a elaboração de suco integral de uva, mas já foi testado e aprovado para a elaboração de sucos de framboesa, morango, amora e mirtilo, respeitadas as especificidades de cada matéria-prima. O equipamento processa até 70kg de uvas desgranadas e esmagadas por hora, com um rendimento de pelo menos 35 litros de suco. É construído em aço inoxidável e montado de forma inclinada sobre estrado simples e rodas, para facilitar o deslocamento. Na parte interna, é constituído por tambor perfurado para colocação das uvas, o qual gira ao redor de um eixo central, facilitando a homogeneização da massa.

O processador é comandado por sistema eletrônico que permite a regulagem da temperatura, do tempo de aquecimento, da velocidade e do regime de giro do tambor. Segundo estimativa de João Carlos Taffarel, supervisor do setor de Prospecção, Gestão e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Uva e Vinho, o novo equipamento deverá ser comercializado a R$ 15 mil. 

O suquificador processa até 70kg de uvas desgranadas e esmagadas por hora. - Viviane Zanella/Embrapa Uva e Vinho/Divulgação
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