Encontro sobre o alho debate crise do setor
Categoria deliberou que atos de mobilização a favor do produto nacional podem ser feitos no Estado
As dificuldades que a cultura do alho tem enfrentado em 2018 em todo o país, com protestos, baixa de preços, dificuldades de pagamentos e créditos para a nova safra foi a pauta do encontro que reuniu produtores da Região, na tarde de ontem, dia 3 de maio, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua (STR). Durante duas horas, os produtores de Flores, Nova Pádua, Campestre, Ipê, São Marcos, Antônio Prado e Vacaria assistiram ao presidente da Associação Nacional do Alho (Anapa), Rafael Jorge Corsino, e ao engenheiro agrônomo Marco Antonio Lucini, falarem sobre a atual conjuntura da cultura no país e as tendências futuras do mercado do alho.
O preço do produto sofre com a demanda da China, que precifica o mercado mundial, e com as medidas liminares. Outro problema é a importação do alho argentino, tanto em relação ao preço, quanto a qualidade. A baixa dos preços também tem causado transtornos. No mesmo período do ano passado, o quilo do alho chegou a ser vendido a R$ 8; hoje, em muitos casos, não ultrapassa os R$ 3. “A Anapa tem adotado uma série de medidas que de forma gradual têm surtido efeito. Já oficializamos junto a Receita Federal e ao Ministério da Agricultura sobre o ingresso sem fiscalização do alho argentino exigindo uma política mais protetiva e eficaz. É preciso frisar que o Mercosul viabiliza o livre comércio, o que dificulta medidas contra a Argentina. Também estamos intercedendo junto aos órgãos públicos para que seja possível viabilizar pagamentos sem que haja prejuízo ao produtor e a safra. Estamos passando por um momento difícil, que exige união e ação”, destacou o presidente da Anapa, Rafael Corsino.
De acordo com o presidente do STR, Olir Schiavenin, o encontro visou analisar o atual momento da cultura e apontar as perspectivas de mercado e de como China, Argentina e Espanha irão se comportar. Além disso, teve o intuito de definir se atos de mobilização a favor do alho nacional serão feitos no Estado. “Queremos fazer um ato público para ver se a situação melhora e se os juízes parem de fornecer liminares para que as importadoras continuem importando sem pagar o dumping. Está bem complicado, porque os produtores estão recebendo metade do preço e não está, praticamente, cobrindo os custos de produção”, aponta Schiavenin.
O evento foi organizado pelo STR, Anapa, Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (Agapa) e Secretaria da Agricultura. Encontros sobre a cultura do alho estão sendo realizados também em outros estados produtores. Em Flores da Cunha, o alho é cultivado em aproximadamente 70 hectares, produzindo anualmente cerca de 700 toneladas. O Rio Grande do Sul é o 4º maior Estado produtor com 11,9% da safra brasileira. A maior produção se concentra em Minas Gerais, com 36,9%, segundo os dados da safra 2016/2017.
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