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Empreendedorismo nos Campos de Cima da Serra

Agricultores de Flores da Cunha buscam, nos últimos anos, o sustento da família em áreas menos acidentadas, como Vacaria

O sucesso de um empreendimento, seja ele na cidade ou na colônia, depende muito do esforço e da dedicação de seus idealizadores. Em Flores da Cunha, o desenvolvimento econômico é prova de que os florenses buscam o crescimento e o sucesso de suas empresas. Mas, muitas vezes, o destino oferece outras opções, entre elas a oportunidade de crescer profissionalmente em outros municípios. A agricultura é um exemplo.

Diversos agricultores estão tirando de outras terras o sustento da família. A busca é por terrenos menos acidentados, oferecendo, com isso, a chance de cultivar hortifrutigranjeiros. O município de Ipê é um dos que recebeu diversos florenses nos últimos anos, entre eles Gilmar Molon, que planta alho, cebola, beterraba, entre outros. Além de Ipê, as cidades que pertencem à região dos Campos de Cima da Serra vêm chamando a atenção de agricultores daqui. Por lá, plantam alho, frutas e verduras.

Altair Schiavenin é um deles. Arrendou 20 hectares no interior de Vacaria. “Fui em busca de terras melhores. Aqui a temperatura é favorável e tem mais mão de obra”, diz ele. Em Campestre da Serra, a Sociedade de Bebidas Panizzon tem um vinhedo, onde cultiva uvas viníferas e americanas. A seguir, conheça um pouco mais sobre a história de outros dois florenses: Miguel Rizzotto e José Sozo. Ambos têm empresas instaladas na parte mais alta da Serra – e já são case de sucesso.

Estudo, experiência e amor ao trabalho
Ele nasceu em Flores da Cunha, filho de uma família de agricultores. Estudou seis anos em um seminário, depois cursou o segundo grau no Colégio Carmo, em Caxias do Sul. Em seguida, fez a faculdade de Economia na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Depois, foi para São Paulo fazer pós-graduação na área de marketing e finanças na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Só com esse histórico podemos dizer que o empresário José Sozo é uma pessoa que sempre buscou estudo e qualificação para obter sucesso na carreira.

Atualmente, Sozo é um dos principais produtores de frutas no município de Monte Alegre dos Campos, cidade que faz limite com Vacaria e que pertence à região dos Campos de Cima da Serra. O florense, depois que finalizou a pós em São Paulo, teve passagem por diversas empresas nacionalmente conhecidas. Sua história começou em uma editora de São Paulo. Depois, foi trabalhar na extinta Cica, onde morou um tempo em Pelotas; passou pela Portobelo, de Santa Catarina e, por último, na Rasip, em Vacaria, no cargo de diretor de vendas e exportação.

Mas foi em Monte Alegre dos Campos que ele plantou macieiras e, posteriormente, videiras. No total são 33 hectares de maçã, 10 hectares de uvas e 10 hectares de noz pecã. Com as uvas são elaborados vinhos brancos e tintos e um espumante. Os vinhos da Sozo são vinificados na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves. Investimentos em uma vinícola e em enoturismo estão nos planos do empresário, mas isso deve acontecer futuramente. “Nosso foco hoje é investir no vinhedo e na marca”, salienta o empresário.

Além de ser um grande entusiasta dos vinhos desta região, Sozo ajuda a divulgar outros produtos nobres dos Campos, como as frutas vermelhas e o queijo. “Essa região está começando a chamar atenção. Tem um clima excelente e uma rodovia importante”, destaca, referindo-se, no último caso, a BR-116.

Empreendedores que viraram empresários de sucesso
O jovem casal florense Miguel e Fabrícia Rizzotto fixou raízes em Vacaria. Mais que isso: tornaram-se os maiores produtores individuais de morangos do Brasil, com uma produção de seis toneladas de fruta por ano. Juntos, eles administram a Morangos Rizzotto. Mais recentemente, surgiu a SulFrut Agroindustrial Importação e Exportação, onde, além de comercializar a fruta in natura, as vendem congeladas.
O sucesso da empresa é resultado do trabalho e do amor a terra por parte de Miguel, que desde muito jovem acompanhava o pai nas lidas da colônia. Desde o final dos anos de 1950 a família Rizzotto plantava morangos no interior de Flores da Cunha. Com o tempo, diversificou as culturas e decidiu também investir na uva e em hortifrutigranjeiros.

Em 2003, Miguel decidiu investir em outro município, Ipê, já que na Terra do Galo o relevo é muito acidentado. Além de alguns hortifrutigranjeiros, ele plantou 60 mil mudas de morangos. Com o sucesso obtido, logo em seguida passou a plantar 250 mil mudas e criou uma logística própria para comercialização da fruta para fora do Estado.

Em 2006 já eram 550 mil mudas. Com uma visão ambiciosa, instalou-se em Vacaria, passando a plantar mais de 600 mil mudas de morango. Recentemente os empresários construíram também um pavilhão com 3.800 metros quadrados, sendo que mil metros comportam câmaras frias. Hoje, além do morango, a empresa comercializa amora, mirtilo e framboesa, e tem como missão ser referência nacional na comercialização de frutas frescas.



Plantação de morango de Miguel e Fabrícia Rizzotto produz seis toneladas ao ano. - Tatiana Cavagnolli / Divulgação
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