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Emater-RS confirma safra da uva com quebra de 65%

Estimativas parciais da fruticultura na Serra mostram perdas em praticamente todas as culturas

Em 2015, os 38 mil hectares com videiras na Serra Gaúcha produziram 855 mil toneladas de uva. Em 2016, segundo estimativa da Emater-RS/Ascar apresentada nesta semana, dia 27, em Caxias do Sul, a produção da fruta deve ser de 304 mil toneladas. Ou seja, a quebra na produtividade da região pode chegar a 65%, ou seja, 551 mil toneladas, no comparativo com a safra anterior. Se isso acontecer, o impacto financeiro estimado é de que R$ 380 milhões deixem de circular no setor primário. No dia 15, o Jornal O Florense publicou uma reportagem informando que uma família produtora da comunidade da Restinga terá perda de 70%. A Comissão Interestadual da Uva estima uma quebra em 50 mil toneladas em Flores da Cunha, número 56% menor, levando-se em conta a safra de 2015, quando foram colhidas 88,3 mil toneladas.

Na Serra, a colheita da uva se estende até março, a do pêssego já encerrou e a do caqui ainda nem começou. No entanto, de forma geral, todas as frutíferas cultivadas na região devem apresentar quebra, que podem variar de 17% a 71%, com exceção do morango, que não registra perdas. Conforme os dados apresentados pelo presidente da Emater-RS/Ascar, Clair Tomé Kuhn, no caqui a queda na produtividade poderá chegar a 71% e, no kiwi, 67%.

Segundo o agrônomo da Emater-RS/Ascar, Enio Ângelo Todeschini, na viticultura, o principal fator que afetou a produtividade, a qualidade e a rentabilidade da safra foi o esgotamento fisiológico das plantas, o que é natural após várias safras com alta produtividade, especialmente a de 2014-2015, que exigiram grande mobilização de nutrientes e energia pelas plantas para a produção. As reservas também foram afetadas pelo clima, que gerou o desfolhamento precoce das vinhas. Aliás, o clima contribuiu de forma decisiva para uma safra menor. O inverno atípico causou uma brotação irregular e desuniforme das gemas de folhas e de flores.

Segundo a Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves foram contabilizadas apenas 140 horas de frio em 2015, diante de uma média de 409 horas nos últimos 35 anos, cita o Todeschini. Conforme o agrônomo, o mês de agosto registrou temperaturas acima da média, o que antecipou a brotação e o florescimento das frutíferas, deixando-as expostas ao risco de danos por geadas tardias. E foi o que aconteceu. De 11 a 13 de setembro geou forte. Além disso, houve chuva acima da média e granizo.



Custos
Como consequência da maior aplicação de fungicidas, que muitas vezes precisaram ser reaplicados devido à chuva, e da desvalorização do real frente ao dólar, o que impactou no preço dos insumos (óleo diesel, fertilizantes e fungicidas), houve um aumento considerável nos custos de produção das frutas, que vêm apresentando qualidade abaixo do esperado no que se refere à coloração, sabor e teor de açúcar. Em compensação, a lei da oferta e da procura tem beneficiado os produtores, que têm seu produto valorizado devido à oferta reduzida. “De modo geral, todas as espécies de frutíferas produzidas na região registram um amento médio de 25% no seu preço, o que ameniza as perdas no volume produzido impostas principalmente pelas condições climáticas, bem como as perdas financeiras. Outra consequência do menor volume de produto disponível será o abastecimento do mercado com frutas provenientes de outras regiões ou países”, esclarece o agrônomo.



 - Larissa Verdi
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