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Em busca de uma saída

Moradores do bairro União protestam contra o fechamento de rua que uniria escola à quadra de esportes

O fechamento de uma rua no bairro União, ao lado da Escola Tancredo Neves, tem gerado uma grande insatisfação entre os moradores do local, expressa em um ofício com mais de 100 assinaturas já entregue à prefeitura. O abaixo-assinado protesta contra a unificação da escola Tancredo de Almeida Neves com o ginásio de esportes, dois prédios atualmente divididos pela Rua Horácio Borghetti.
A obra faz parte do projeto de revitalização do colégio, que também prevê a construção de um auditório, um parque infantil, uma quadra esportiva aberta e diversas melhorias no ginásio e no prédio da escola. O trabalho foi desenvolvido e licitado na administração passada, mas somente neste ano as obras se iniciaram – o orçamento total gira em torno de R$ 451 mil. 
A reivindicação pela interdição da rua para a travessia dos estudantes até o ginásio é ainda mais antiga, solicitada na Câmara Legislativa em 2018, pelo então vereador Pedro Sperluk, do PSB. Segundo o prefeito César Ulian, o projeto foi apresentado à comunidade escolar, que deu amplo apoio. O intuito é de garantir a segurança dos alunos e evitar inconvenientes, como o deslocamento em dias de chuva e possíveis fugas de estudantes. “Quando os alunos se direcionavam até o ginásio, alguns acabavam indo para outros locais. O intuito da antiga administração era evitar transtornos como esse. Nós também precisamos pensar que a escola atende todo o bairro e nós temos muitos conjuntos habitacionais sendo construídos, o que vai incrementar significativamente o número de crianças na redondeza. Nós precisamos planejar a ampliação da escola o mais breve possível”, afirma o prefeito.

O protesto
Antigos moradores do bairro reclamam que o fechamento da Rua Horácio Borghetti atende às necessidades da escola, mas não necessariamente às dos demais moradores. Um dos principais prejudicados seria o caminhoneiro José Carlos Bolzan, residente na rua há mais de 30 anos. A interdição tiraria o único caminho possível para o seu veículo, de quase 15 metros de largura. “Para a direita, eu não posso ir com o caminhão carregado porque é só ribanceira. Se eu for para a esquerda, rua estreita, sempre com carros estacionados nos dois lados, corto meus pneus, como eu fiz uma vez. Nem o melhor carreteiro do mundo consegue tirar o caminhão daqui, ele não vira. Essa rua é minha vida, se fecharem eu vou trabalhar como?”, pergunta Bolzan.
O bloqueio do caminho para outros veículos pesados, como caminhões de bombeiros, de entregas e até de coleta de lixo também preocupa a comunidade. “Os moradores estão determinados a se mobilizar, não só os do nosso lado. Pessoas do lado de lá com parentes aqui vão andar duas, três quadras a mais, subir morros para visitá-los”, diz Silvia Tomazzo, moradora da rua há quase 40 anos.
Ela e o marido, Romildo Tomazzo, são fundadores do bairro. Eles contam que o ginásio de esportes foi construído pelos próprios moradores e, aos poucos, cedido à escola para o benefício das crianças, bem como o de um terreno ao lado, que antes era utilizado pela comunidade para encontros, reuniões, missas e velórios. “Se pensou somente na escola. Eles podiam fazer uma passarela ou trancar a rua apenas em horários de aula, como já se fazia”, sugere o casal.
Os moradores alegam que o pátio da escola é grande e que a estrutura do prédio permitiria uma ampliação vertical, sem a necessidade de avançar para os lados. Outra preocupação, segundo eles, é a desvalorização dos terrenos de quem mora atrás do colégio. “Nós vamos virar um beco, já que a rua não tem saída. Fomos pegos de calças curtas”, lamenta Romildo.
O prefeito César Ulian já se reuniu com a administração do bairro, que apresentou a ele a sua insatisfação. Segundo o prefeito, o intuito é discutir com a comunidade os prós e os contras antes de tomar qualquer decisão. 
“Diante dessa situação em que nós estamos envolvidos, onde o projeto já está inclusive em execução, nós estamos tentando ao máximo suspender a parte que envolve a rua em si. Vamos conversar com as duas partes do bairro, a parte que é favorável e a parte que é contrária. Nós vamos levar ambas em consideração e avaliar o que é mais favorável para a realidade do bairro e da escola, que são muito importantes para o nosso município”, garante Ulian.

Silvia Tomazzo, Romildo Tomazzo, Graziela Bolzan e José Carlos Bolzan apresentam o ofício entrega à prefeitura. - Pedro Henrique dos Santos
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