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Eles querem ser coroinhas

Nove crianças de Flores da Cunha disseram sim ao chamado da Igreja Católica e estão participando do curso preparatório na Igreja Matriz

Assim como todas as crianças, eles gostam de brincar, de ver televisão, de jogar videogame, de estudar e de estar com os amigos. Porém, todas as quintas-feiras, Caroline, Christian, Érika, Fabrício, Nathan, Elisa, Maria Antônia, Gabriel e Pedro se encontram para realizar uma atividade não tão comum para os dias de hoje. Eles estão participando de um curso de formação para o Ministério de Coroinhas, promovido pela Paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Flores da Cunha.

As aulas começaram em julho, depois de um mês conclamando interessados nas turmas de catequeses e nas missas realizadas nas igrejas do município. Porém, conforme Renan Jorge Espindola, 18 anos, seminarista capuchinho e coordenador do projeto, ainda é possível ingressar no grupo. Os interessados podem acompanhar os encontros que acontecem às quintas-feiras, a partir das 18h30min, na Igreja Matriz. Os alunos inscritos aprendem sobre a liturgia católica e sobre o andamento da missa.

O curso mescla aulas teóricas e práticas e a previsão é que se encerre ainda em setembro. A partir de então os coroinhas irão participar das celebrações religiosas, em sistema de rodízio, colaborando com diversas atividades como o serviço do altar e na recepção dos fieis na Igreja Matriz. Na sequência, a intenção da Paróquia é realizar outros cursos também nas comunidades do interior, para formar coroinhas para trabalharem nos templos locais.

Segundo Espindola, a ideia surgiu porque há décadas a Paróquia florense não dispõe mais de um grupo de coroinhas. Hoje, o trabalho de auxiliar o sacerdote durante as missas é feito pelos ministros da Eucaristia. Além disso, a ação pretende promover a integração das crianças com a Igreja Católica. Ele acredita que este seja o primeiro curso de formação de coroinhas realizado no município.

Por que ser coroinha
Além da importância da função dos coroinhas para a Igreja Católica, a atuação como colaborador nas celebrações litúrgicas ajuda muitos jovens a descobrirem suas vocações, mas isso não é um pré-requisito, ou seja, a criança não precisa ter vocação para a vida religiosa para ser um coroinha. “Esse é um serviço prestado à Igreja, independentemente da profissão que eles queiram seguir”, esclarece. O seminarista Renan Espindola explica que o trabalho realizado com as crianças e os jovens é voltado, principalmente, para a formação de cristãos conscientes, respeitadores e com senso de responsabilidade. “A criança que passa por esse tipo de serviço adquire responsabilidade desde cedo. Também resgatamos valores morais e espirituais, o respeito com os pais, religiosos, professores e colegas. Acima de tudo, um coroinha deve ser um bom exemplo para outros jovens”, completa.

Conforme Renan, não existe uma idade mínima para ingressar no curso. A turma de novos coroinhas da Paróquia florense tem nove alunos de três a 14 anos. Outro detalhe importante é que meninas também podem ser coroinhas. No grupo, são quatro meninas e cinco meninos. “Acredito que as crianças precisam desde cedo criar esse sentimento de pertença à Igreja. Nesse sentido, o grupo facilita muito, pois eles têm mais intimidade com os serviços litúrgicos. Além disso, procuramos situar cada faixa etária dentro de um trabalho, distribuindo as atividades de acordo com as possibilidades de cada um”, explica.


Aproximar os jovens da Igreja

O seminarista Renan Espindola destaca que aproximar as crianças e os jovens da Igreja nos dias de hoje não tem sido uma tarefa fácil e que a participação desse público tem diminuído ao longo dos anos. Segundo ele, esse é um processo que tende a se intensificar com o advento de novas opções de lazer. Justamente por isso a Igreja Católica está realizando ações nesse sentido, com o objetivo de aproximá-los novamente da religião. “Hoje a religião tem ficado de lado na vida de muitos jovens. Por isso, penso que é muito importante resgatarmos essa cultura, também por meio desse curso”, pontua.

Renan observa que o apoio dos pais é fundamental para que as crianças e os jovens se interessem pela Igreja. Foi assim com a coordenadora de catequese Michele Rigoto Boeira Prigol, 37 anos. Por ter ligação com os trabalhos religiosos, ela apresentou a ideia do curso preparatório de coroinhas para os dois filhos, Nathan Prigol, nove anos, e Elisa Prigol, três anos, que manifestaram interesse em participar. Para ela, essa é uma boa forma de preparar as crianças para a iniciação na vida cristã. “Jesus é o mais importante para nós. Então, considero importante colocar Deus na vida deles, desde cedo para que não desviem do caminho certo”, pondera Michele.

A aposentada Rita Pivoto é ministra da Eucaristia e acompanha o neto em todos os encontros do grupo. Ela conta que estimula Pedro Belló Pivoto, quatro anos, a participar das ações promovidas pela Igreja, pois considera um aprendizado para a vida toda. “Com o apoio dos pais dele, estou ensinando aos poucos. Ele gosta de ir à Igreja e reza comigo. É tímido, mas já está evoluindo e se desprendendo mais. Acredito que esteja bem encaminhado”, considera a avó. Pedro mostra que já está familiarizado com o ambiente religioso e fica à vontade na Matriz.

Caroline Guaresi Bordin, 10 anos, diz que está adorando o curso. E para quem pensa que é uma atividade pouca atrativa, ela trata de desfazer a confusão. “São muitas coisas legais que podemos fazer. Quero ser uma corinha, pois os ensinamentos me levarão para um ótimo caminho, longe das drogas. Estou muito feliz”, diz ela, com um sorriso meigo. A mãe, a diarista Neli Guaresi Bordin, diz que a manifestação voluntária da filha em participar do curso foi recebida com muita alegria pela família. “Ela é uma menina dez em tudo o que faz. Estamos muito felizes e apoiamos incondicionalmente a vontade dela”, conta a mãe, que participa de todos os encontros.

A fisioterapeuta Aline Beltrão Romano, que também é catequista de 1ª etapa, está empolgada com a participação do filho, Gabriel Beltrão Romano, 10 anos, no curso de coroinha. “Esta é uma maneira de trazer a criança para a igreja e dela aprender muita coisa sobre os ensinamentos de Jesus. Considero o serviço a Deus fundamental na vida do ser humano, que só nos traz benefícios”, destaca. Ela conta que Gabriel quer ser padre e que essa será uma maneira dele se aproximar mais da Igreja para que possa ter certeza se realmente tem a vocação para a vida religiosa. “Por enquanto ele está convencido disso”, ressalta Aline.

O pequeno Christian de Souza Pressi, 10 anos, fala com a serenidade e diz que deseja ser coroinha na Igreja de Monte Belo, loteamento florense onde mora. “Estou achando tudo muito legal. Já ia à Igreja com os meus pais. Eles ficaram felizes quando falei que queria participar e estão me apoiando”, conta. A estudante Érika de Miranda Afonso, nove anos, também está motivada porque, segundo ela, recebeu um chamado de Deus para participar do grupo. “Tive um sonho ruim com meu pai e nesse sonho via um menino que nos ajudava. No dia seguinte recebemos o Renan na aula de catequese para falar do curso e reconheci que o menino do sonho era ele. Então, decidi participar”, comenta.

O colega da turma, Fabrício Fernandes, nove anos, considera importante a relação com a Igreja e o contato com a liturgia. Ele conta que se sente bem dentro da Casa de Deus e que está muito feliz com a possibilidade de se tornar um coroinha. “As outras crianças que têm vontade de participar, que venham. É muito divertido. Além dos estudos, rezamos e encontramos os amigos. Está muito legal”, diz ele, fazendo o convite para as crianças da cidade. A outra aluna, Maria Antônia Verones Eckert, 10 anos, e Nathan Prigol, nove anos, também fazem parte do grupo, mas não estavam presentes no dia da entrevista.

Os encontros acontecem nas quintas-feiras, das 18h30min às 19h30min. A turma está aberta para receber novos coroinhas. - Mirian Spuldaro
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