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Ele escolheu a carreira militar

Florense Samuel Pontel se formou nas Agulhas Negras e segue para o Pará para atuar na única unidade de cavalaria de selva do Brasil

Superação, dedicação, abnegação. Essas são algumas das características destacadas pelo jovem Samuel Pontel, 24 anos, para quem deseja, assim como ele, seguir a carreira militar. No último sábado, dia 2 de dezembro, ele recebeu das mãos dos pais Jorge Pontel e Hilda Maria Nardello Pontel a espada de oficial do Exército Brasileiro, além do diploma de bacharel em Ciências Militares. Samuel concluiu os cinco anos de estudo e preparação na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em Resende, no Rio de Janeiro. O primeiro desafio como aspirante a oficial (designação que dura seis meses) será no 23º Esquadrão de Cavalaria de Selva, em Tucuruí, no Estado do Pará.

Pontel não sabe ao certo o que o motivou a procurar a profissão de militar. Acredita que os sete anos de escotismo no Grupo Alberto Mattioni foram motivadores para uma paixão que nasceu com ele. “Sempre foi um sonho seguir esta área. Gostava muito de ser escoteiro, dos acampamentos, e quanto mais difícil era a atividade mais eu gostava”, brinca o florense. O jovem começou os estudos para ingressar na carreira militar, passou por três processos seletivos e, aprovado também nos exames médicos e físicos, aos 18 anos iniciou a formação. O primeiro ano foi na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas, São Paulo. “Neste período inicia-se a formação básica e transformação militar, com adaptação da disciplina, das regras, e assim por diante. Passada esta fase somos promovidos a cadetes e seguimos para a Aman”, explica.

Nas Agulhas Negras são mais quatro anos de formação. A partir do segundo ano os cadetes escolhem qual especialização será desempenhada por cada um, seguindo uma grande divisão definida por Arma, Quadro ou Serviço. Pontel decidiu pela Arma e seguirá na cavalaria, que reconhece, proporciona segurança às demais formações e combate por seus próprios meios, seja blindada ou mecanizada, mantém nos seus atuais veículos as capacidades das tradicionais formações hipomóveis (a cavalo). “No Exército se preza muito a meritocracia. As vagas em cada área específica são limitadas, por isso precisamos ter uma boa classificação geral para garanti-la. Durante a formação temos provas semanais de Direito, Administração, Sociologia, Psicologia, e assim por diante”, conta ele, que ficou entre os cinco melhores colocados dos 62 aspirantes que se formaram na cavalaria. No total foram 429 formandos em seu grupo.

A rotina

Encarar o dia a dia de uma escola do Exército não é para qualquer um. Ainda assim, o jovem Samuel Pontel diz que a maior dificuldade foi a saudade da família. Toda formação é em regime de internato, sendo que os finais de semana são livres. “Mas se a cama ficar mal arrumada, se o coturno não estiver bem engraxado ou algum fiapo estiver solto na farda, há punição e perda desta folga no fim de semana”, acrescenta Pontel. O dia se inicia às 5h50min, com café da manhã às 6h20min. “Nesta hora temos de deixar o alojamento limpo e organizado. É uma rotina bem puxada, com muita disciplina e regras, sem descanso”, reconhece. A manhã segue com aulas, assim como um período da tarde, que tem ainda o treinamento físico. “À noite mais estudos, pois toda semana tinha prova e eu sempre busquei uma boa classificação”, complementa o florense.

Tanta dedicação faz os olhos do oficial brilharem ao falar sobre seu primeiro desafio após a formatura. Pontel atuará no 23º Esquadrão de Cavalaria de Selva, no Estado do Pará, uma das unidades mais disputadas por ser a única de cavalaria de selva do Brasil. “Aqui no Sul a cavalaria é mais comum. Mas de selva só existe no Pará. É uma atividade diferente e onde farei os primeiros seis meses como aspirante a oficial do Exército e, após, assumo como segundo tenente. A função é de comandante de pelotão, sendo instrutor dos recrutas (aqueles que estão prestando o serviço miliar obrigatório) ou os soldados engajados. O pelotão é formado por soldados, cabos e sargentos”, explica Samuel, que inicia a função em fevereiro do ano que vem. Até lá aproveita a cidade natal ao lado dos pais, do irmão Gabriel e da namorada Patrícia Meneguzzo.

Ingressar na carreira militar exige obediência a severas normas disciplinares, disponibilidade permanente, além do enorme esforço físico. Para Pontel, é preciso ter vocação. “É um caminho bastante difícil, exige superação, dedicação e abnegação já que abrimos mão de muitas coisas. Mas ao mesmo tempo é um lugar único, com atividades que jamais faria em outras profissões, assim como conquistas que não existem em outras áreas. Além disso, gosto da instituição, que é séria e tem credibilidade”, avalia.

Samuel Pontel, ao lado do irmão Gabriel e dos pais Hilda e Jorge, durante sua cerimônia de formatura realizada no dia 2 de dezembro, na Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. - Arquivo Pessoal/Divulgação
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