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É hora de ocupar a mente

Grupo de psicólogos florenses se une para realizar atendimentos online voluntariamente

O isolamento social é a medida adotada para conter a pandemia de coronavírus. No entanto, o que funciona como segurança para o corpo pode não causar o mesmo efeito para a mente, já que uma nova rotina se instalou. Pensando nisso, psicólogos adotaram ações voluntárias de acolhimento online para ajudar pessoas de Flores a conter a ansiedade e o medo. O serviço de apoio vem sendo compartilhado nas redes sociais – @psicologos_floresdacunha no Instagram e @psicologosfloresdacunha no Facebook. “Entendemos que somos seres complexos, sociais e dependemos de muitas questões para garantir nossa saúde como um todo. Além da saúde física, é necessário dar espaço para que se fale também da saúde mental. É inevitável que em meio a uma crise, muitas questões de ansiedade e estresse surjam decorrentes do próprio isolamento social, das dificuldades de ir e vir, e das preocupações relacionadas ao futuro”, explicam as psicólogas Maísa Gelain e Roberta Trentin.

Conforme elas, o grupo formado no WhatsApp como troca de informações, conta com mais de 30 profissionais da cidade e está aberto para receber mais colegas. Através das redes sociais, é realizado um breve processo de triagem por quem busca o serviço e encaminhado a um dos psicólogos. “Nosso intuito é oferecer à comunidade, formas de lidar com questões de ansiedade, alívio do estresse, informações acerca das normativas municipais, além de dicas dentro da quarentena”, pontuam.

Insegurança

O momento atual é de insegurança e ansiedade pelo perigo de um inimigo invisível. De acordo com a psicóloga Rochele Sachet Antoniazzi, a ansiedade é uma característica natural do ser humano. “Ela nos movimenta. Faz a gente levantar de manhã, ir em busca e cumprir as nossas obrigações. Ela tem a característica de sobrevivência. Mas, quando a situação não está mais no nosso controle, a ansiedade começa a ser produzida em maior escala”, esclarece. Quando a pessoa permanece em um período contínuo de ansiedade ela vai começar a gerar angústia e medo. “Precisamos estar atento ao nosso corpo para mantermos o equilíbrio. E, nesse momento, precisamos cuidar dos nossos pensamentos, porque os pensamentos se transformam e levam o nosso organismo a ação”, declara.

Conforme a psicóloga Madeleine Ferrarini, quando uma mudança chega de forma tão abrupta e inesperada é compreensível que as pessoas fiquem repletas de dúvidas. “Temos que tomar muito cuidado com o discurso do que fazer na quarentena, afinal o que funciona para um não dá certo para todos. Não precisamos ser produtivos o tempo todo, ainda mais num momento delicado como esse. Para descobrir o que nos faz sentirmos bem, somente experimentando e nos permitirmos reinventar velhos e novos hábitos”, informa. 

Esse é o momento de desenvolver atividade para ocupar a mente com coisas saudáveis e sentir-se bem consigo mesma. “Nesse momento, é muito importante reduzir leituras ou

o contato com notícias que são relacionadas ao Covid-19 e que possam estar causando ansiedade. Além disso, buscar informações em fontes confiáveis, evitando as fake news, que acabam aumentando o imaginário”, comenta a psicóloga Duana Nesello. A dica da profissional é buscar o autocuidado. “Manter o contato com a rede de amigos e familiares, através das plataformas online, buscando falar de assuntos positivos; é importante o cuidado com a alimentação, para fortalecer o sistema imunológico, ter uma boa noite de sono para poder descansar, relaxar e desligar um pouco dos fatos; além da prática de atividades físicas, que tem papel fundamental no controle da ansiedade”, elenca.

O período também é importante para explicar para as crianças o que está acontecendo. “É preciso ter uma conversa sem alarmar os pequenos. É importante ouvir o que eles sabem, sempre lembrando e reforçando sobre os cuidados e as práticas de higiene”, enfatiza Duana. É o caso da família da educadora física Luciana Pulino Tasso Sciescia, 39 anos, e do empresário Cleber Sciescia, 46, que tem explicado aos dois filhos Helena, de seis anos, e Pedro, de um, o que está acontecendo e a importância de permanecer em casa. “Tentamos explicar bem certinho para a Helena não ter dúvidas e nem ficar preocupada. Falamos que a família se cuidando e se protegendo também está ajudando a muitas outras pessoas”, declara Luciana. A pequena, que frequenta o 1º ano na Escola São José, também está estudando neste período. “Todas as tardes tiramos um tempo e pegamos as tarefas que a escola está mandando. Enquanto isso, o Pedro dorme. Depois, sim, tem o momento de lanche comunitário, das brincadeiras e das atividades físicas”, conta Luciana, que complementa que em sua casa uma rotina foi estabelecida. “Organização é a palavra chave. Tem a hora do estudo, a hora livre, e assim por diante”, elenca.

 

 - Gabriela Fiorio
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