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Alunos florenses obtiveram ótimos resultados na prova de redação do Enem 2021
Qual é o segredo para tirar uma boa nota na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? Focar na estrutura textual ou nos temas? Por onde começar? Para responder a esses e outros questionamentos que costumam ser bastante comuns entre os jovens no final do Ensino Médio, o Jornal O Florense conversou com dois alunos de Flores da Cunha que tiveram um desempenho excelente na redação de 2021, onde foram desafiados a escrever sobre “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.
“Eu tirei 960, mas, eu não tinha muita esperança de uma nota boa, porque eu nunca fui muito bem em redação e meus colegas se saíam melhor, isso até me preocupava um pouco. Fiquei muito surpreso ao ver a nota, porque quando saiu o resultado os meus amigos estavam falando que tinham tirado em torno de 860, 880 e eu pensei que, então, teria ido muito mal. Quando conferi a nota foi uma surpresa tão boa que eu nem acreditei”, comemora Enzo Zorgi Salvador, de 18 anos.
O jovem, que é motivo de orgulho para os pais, Dioneia Zorgi Salvador e Eduardo Salvador, seus grandes incentivadores, cursou o Ensino Médio no Colégio São José, em Caxias do Sul e conta que foi evoluindo sua forma de escrever no 2º e 3º ano, em meio às dificuldades do ensino a distância. De acordo com ele, ter sido treineiro na edição anterior do Enem foi muito importante para perceber que poderia ir além: “No 3º ano o foco é muito na parte de vestibular e de redação e a minha professora, Ana Carolina Silvestri, pedia para fazermos muita redação, no mínimo uma por mês, e eu sempre fazia”, lembra.
Além das atividades propostas em sala de aula, Salvador evidencia que estudou bastante por meio de sites, vídeos e, sempre procurou se manter atualizado em relação aos mais diferentes temas. “Um bom método que eu aprendi foi vendo as redações modelo, de pessoas que tiraram 1000, como elas formulavam. Depois eu tentava montar um modelo que eu conseguisse desenvolver os argumentos, criar uma estrutura própria”, revela o estudante que acredita que essa estratégia foi fundamental no dia do Enem.
“Quando eu cheguei na prova, a primeira coisa que fiz foi escrever a minha estrutura de redação, com os conectivos. Deixei tudo formulado, a estrutura certinha para completar, fiz o rascunho, com base nos textos motivadores, e desenvolvi meus argumentos: as pessoas sem certidão de nascimento e RG não conseguem empregos formais, não têm direito a aposentadoria ou férias remuneradas, e; o direito à cidadania, disposto na Constituição Federal”, explica o jovem, que aconselha a começar a prova pela redação.
Agora, o florense iniciará o curso de Publicidade e Propaganda na Universidade de Caxias do Sul (UCS), mas, por ter pouca idade, revela que ainda não tem certeza do que gostaria de seguir e brinca que, se possível, faria até 10 cursos. “Coloquei essa nota no SISU porque eu tinha um top 3 de cursos, além de Publicidade e Propaganda, eu me interesso por Arquitetura e Urbanismo e Engenharia da Computação. Eu tentei a nota na UFRGS, onde eu praticamente olhei todos os cursos para ver em quais eu passaria e, dentre as opções, teria Educação Física. Na UFSC os cursos que eu passaria não me interessaram muito e, na UFPel, eu ficaria na lista de espera em Engenharia da Computação; isso porque cada matéria tem um peso diferente, conforme o curso, a universidade e a nota de corte”, avalia o jovem, que também é apaixonado por inglês e teatro e, trabalha auxiliando o pai nas vendas em seu estabelecimento.
Nota excelente também em escola pública
Outro case de sucesso é o da florense Gabriela Fuhr Rigo, de 17 anos, estudante da Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael. A adolescente, que sempre gostou de dissertação, tirou 920 na última redação do Enem. “Desde o 1º ano eu comecei a me preparar, inclusive a professora Edolesia Andreazza me apoiou bastante no início e eu sempre procurei vídeos na internet sobre a redação em si, busquei estudar a estrutura e, ao longo do tempo, fui treinando e estudando”, revela Gabriela, que também teve aulas com os professores de Língua Portuguesa Rodrigo Schiavenin e Neiva Zanatta.
Da mesma forma que Enzo Zorgi Salvador, a jovem fazia redações, mas, focou mais na estrutura textual, estudou bastante por meio de sites e canais do YouTube, e também foi treineira. “Procurei sempre anotar o que mais caia no Enem de anos anteriores, refazer as provas, ler bastante redações nota 1000 e anotar exatamente os pontos. Também estudei alusões e repertório. Assim, eu montei a minha própria estrutura de redação que se encaixa, basicamente, em todos os temas”, evidencia Gabriela.
No que diz respeito aos temas, que sempre surpreendem, a florense explica que anotava e pesquisava os sugeridos pelos professores. De acordo com ela, fazer resumos sobre esses assuntos, ler bastante notícias, acompanhar as redes sociais e notícias divulgadas sobre o Ministério da Educação, contribuíram para seu aprendizado, mas, mesmo assim, o tema desse ano surpreendeu a jovem, que teve como argumentos negligência estatal e herança cultural. “Depois de ter feito a prova eu fiquei muito confusa, falei para minha mãe que poderia ter ido bem ou mal, mas achei bem complexo esse tema e não fiquei muito segura, pensei que iria tirar em torno de 700, mas quando veio a nota, 920, me surpreendi”, comemora a adolescente que reforça que esse desempenho vai ajudar a entrar na faculdade e, talvez, conseguir uma bolsa de estudos.
Neste ano, Gabriela deu início ao curso de Biomedicina, no Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG e revela seus planos para o futuro: “Eu pretendo concluir a faculdade, fazer uma pós, mestrado, doutorado e, assim, abrir uma clínica de estética, ou talvez, dar aula”, prospecta.
Os pais da jovem, Soeli Eliane Fuhr Rigo e Nelir Rigo, estão muito orgulhosos com o desempenho da filha, uma vez que participaram e incentivaram durante todo o processo. “Quando ela tinha 14 anos eu comecei a colocar ela em cursinhos, como de escova de cabelo, colorimetria e cabeleireira. Hoje, ajuda no salão e já tem algumas clientes fixas. Eu estou muito feliz por ela querer seguir nessa parte da estética, com o que eu faço, mas, tem muita batalha pela frente, tem que estudar muito e, agora é só o começo”, emociona-se a mãe, Soeli, que atua como cabeleireira.
O papel dos educadores
Apesar de ser cada vez menor o número de alunos que se inscrevem e tem interesse em realizar o Enem, é de extrema importância desenvolver a capacidade argumentativa de cada um. E foi focando nisso que a professora de Língua Portuguesa da escola São Rafael, Neiva Zanatta, ministrou as aulas para os alunos do 3º ano do Ensino Médio.
“Trabalhamos a matriz de referência da prova de redação e linguagens. Dei bastante ênfase naquilo que o Enem quer que você escreva no texto, em como tem que ser, porque é um texto técnico, em que você pode chegar na prova com uma estrutura semipronta. Trabalhamos a argumentação, a tese, os repertórios socioculturais que podem ser usados para defender e argumentar, a partir da ideia que você apresenta. Também focamos na proposta de solução, que é um aspecto que vale bastante pontuação, abordando todos os elementos que precisa ter”, explica Neiva.
“Essa é a grande dica: estudar a estrutura da prova. Os temas são problemáticas sociais, então em torno deles as teses e os argumentos são parecidos, as causas são muito semelhantes, as consequências são correlatas e as propostas e as soluções também. Então o que você precisa dominar é a técnica da redação e, obviamente, o estudo de leitura e da realidade é o que vai te dar o recheio do texto”, aconselha a professora.
De acordo com Neiva, muitos alunos que tiveram um bom desempenho não estudaram somente na escola. Além de Gabriela Rigo, Neiva menciona outros estudantes da escola São Rafael que se destacaram na prova de redação: “O Luis Henrique Fischer tirou 900. A Caroline Piroli também tirou 900 pontos. Tivemos alunos com notas na casa dos 800 e 700 e, uma quantidade bem boa em torno dos 600 pontos o que, considerando a média nacional da redação que, historicamente, fica na casa dos 500, são notas acima da média”, conclui, reforçando a importância dos resultados positivos em um período de pandemia.
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