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É bom viver aqui

Flores da Cunha se destaca em diversas áreas, mas idosos buscam lugar para recreação. Prefeitura apresenta projeto de Centro de Convivência

A população do Brasil está mais velha. Conforme dados divulgados pelo IBGE em julho de 2022 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características Gerais dos Moradores), de 2012 a 2021, o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no país caiu 5,4%, enquanto houve aumento em todos os grupos acima dessa faixa etária no período, inclusive de idosos. 
A parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população. Em números absolutos, esse grupo etário passou de 22,3 milhões, em 2012, para 31,2 milhões, em 2021, crescendo 39,8% no período.  
Ainda de acordo com a pesquisa, as pessoas com 60 anos ou mais estão mais concentradas no Sudeste (16,6%) e no Sul (16,2%) do Brasil. Por outro lado, apenas 9,9% dos residentes do Norte são idosos. Na comparação com 2012, a participação da população idosa cresceu em todas as grandes regiões. Entre os estados, aqueles com maior concentração de idosos são Rio de Janeiro (19,1%) e Rio Grande do Sul (18,6%). 
E, neste mês do idoso, a redação do Jornal O Florense foi às ruas para saber: Como é ter mais de 60 anos em Flores da Cunha? 
Natural de Otávio Rocha, aos 75 anos, Gabriel Marzarotto morou em diversas cidades, mas, voltou para Flores da Cunha, há 45 anos. “Já morei em São Marcos, em Santa Catarina, várias cidades, mas melhor que Flores da Cunha não existe”, revela, sorrindo.
Comerciante ao lado da esposa, Rosinha Brochetto Marzarotto, 72 anos, e natural de São Marcos, Gabriel trouxe sua companheira para a cidade e, hoje, ela já diz ser ‘filha daqui’. “Temos a nossa loja, atendemos nossos clientes, quando dá vontade vamos jantar fora, almoçar fora, nas festas de igreja a gente gosta de participar, além de fazer as coisas de casa, porque eu não me sinto velha, o meu eu é jovem”, relata Rosinha. 
Para o casal, Flores da Cunha é um bom lugar para envelhecer. “Trabalho durante a semana e no fim de semana eu tenho duas hortas. Eu planto verdura, planto de tudo, alho, cebola, é meu passa tempo, é um divertimento que eu tenho. Mas é muito bom morar aqui, tem muitos vizinhos bons, a gente se dá bem de mais”, relata o comerciante. Junto com a esposa, a única dificuldade que sentem é em relação a médicos – onde não há muitos especialistas. “No mais, tá ótimo”, evidenciam, destacando que para quem gosta de fazer atividades fora de casa, há uma deficiência na cidade. “É ótimo envelhecer em Flores, não troco de jeito e maneira. Se fosse pra eu sair daqui, jamais, só quando me levarem lá pra cima e ainda vai ser aqui em Flores”, finaliza Rosinha, aos risos, acompanhada de Gabriel, que declara: “Vou chegar nos 100 anos tranquilo aqui”. 

A visão de quem recém chegou
Chegada ao município em novembro de 2021 para se estabelecer, Solange Bertuol, 74 anos, e o marido, resolveram se mudar para perto da família. Ela, natural de Cachoeira do Sul, sempre viveu um pouco em cada canto do Rio Grande: “Ele (o marido) era corretor de seguros, não parava em lugar nenhum, então como eu era professora eu tinha essa facilidade de acompanha-lo”, relata a aposentada que, nos primeiros dias na cidade passou por um AVC. “Aqui eu achei a comunidade maravilhosa, porque foi tudo tão rápido, tive a sorte de a ambulância estar ali, de o plantão me atender logo, de ter a injeção que eu precisava no hospital, tudo foi muito atencioso”, mostrando sua visão da área da saúde de Flores da Cunha. “Eu estou sendo muito bem tratada. Aqui achei excelentes médicos, a comunidade é ótima”, diz.
Mas, para Solange, o que falta são grupos de convivência na cidade. Em visita a Adiflores, Associação de Idosos de Flores da Cunha, ela procura alternativas para conviver bem na cidade. “Precisamos de pessoas da nossa idade para conviver, porque os assuntos são os mesmos, as doenças são as mesmas, os problemas são os mesmos”, declara, informando que muitas vezes se desloca a Caxias do Sul em busca de atividades. “Essa parte de lazer eu acho que falta. A convivência é o ponto principal que eu não vejo. Não temos um lugar de recreação, eu pago as minhas recreações que, felizmente, eu posso, sou aposentada, meu marido também, mas os que não podem onde vão ir?”, questiona. 

Centro de Convivência é apresentado
No encerramento das atividades do Mês do Idoso em Flores da Cunha, que ocorreu no domingo, dia 23, no Parque da Vindima Eloy Kunz, a administração pública apresentou aos 300 idosos presentes o projeto de um Centro de Convivência, um espaço voltado para a realização de múltiplas atividades e que será construído junto ao Centro Administrativo, tendo acesso pela Rua João XXIII. “O Centro de Convivência foi pensado com amor e respeito pelos que fizeram tanto por nós, a fim de atender a legislação vigente e integrar os públicos que utilizarão o serviço, principalmente os idosos”, garante a secretária de Desenvolvimento Social, Michelle Lusa, ressaltando que o projeto foi discutido a partir das indicações da legislação e através de visitas e troca de experiências com outros municípios. “Nosso olhar foi integrado, tanto para a estrutura física interna do prédio, que contemplasse espaços adequados para a execução das atividades, quanto para a área externa, proporcionando uma experiência junto à natureza a fim de ampliar o convívio entre os usuários”, relata.
Ainda conforme Michelle, o objetivo do Centro de Convivência é ampliar a oferta do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). “Será um espaço que promoverá atividades em grupo com crianças, adolescentes, adultos e idosos, onde estes atendimentos ocorrerão por meio da abordagem de situações de convivência através de encontros, caracterizados por escutas individuais, troca de experiências entre os grupos operativos com atividades culturais, esportivas e de lazer, conforme a faixa etária e o ciclo de vida dos usuários”.
O espaço, totalmente acessível, contará com salas multiuso, salas de atendimento individualizado, ambulatório, refeitório, cozinha e copa, salas para coordenação e equipe técnica, além do salão para atividades. Já a área externa do Centro de Convivência contemplará espaços de lazer. 
Conforme a prefeitura, a licitação da primeira etapa será publicada ainda neste ano e a conclusão está estimada para 2024.

Rosinha e Gabriel Marzarotto. - Gustavo Tamagno
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