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Diretores têm opiniões diferentes quanto ao retorno das aulas presenciais

Secretaria de Educação realizou pesquisa com os pais dos alunos sobre a volta das atividades e 80% não mandariam seus filhos às escolas

A retomada das aulas presenciais está sendo bastante debatida nas últimas semanas após o anúncio do novo calendário do governo estadual, não seguindo a pesquisa realizada pelo Estado com as instituições de ensino que mostrava que os ensinos Superior e Médio deveriam ser os primeiros a voltar. 
O último calendário divulgado prevê que a Educação Infantil seja a primeira a voltar, no dia 31 de agosto. O Ensino Superior seria autorizado a retomar as atividades em 14 de setembro, seguido pelo Ensino Médio no dia 21. O retorno do Fundamental está previsto em duas etapas: os anos finais a partir do dia 28 de setembro, e os anos iniciais em 8 de outubro. Pela proposta, os municípios terão autoridade para definir se aderem ou não ao retorno presencial, que deverá ser autorizado pelos pais. Este calendário pode sofrer alterações. 
Uma pesquisa feira pela Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) mostra que 94% dos prefeitos são contrários a este calendário de volta às aulas. A maioria aponta que a volta deveria se iniciar pelo Ensino Superior. Conforme a entidade, dos 442 prefeitos ouvidos, 418 declararam que não concordam. Como justificativa, os prefeitos elencaram como o principal problema o risco de contaminação entre os alunos e profissionais, e o cumprimento de protocolos no transporte escolar. 
A pesquisa da Famurs também aponta que, para 38% dos gestores, o retorno das aulas deve ocorrer apenas a partir da vacina para imunização da covid-19. Outros 33% acreditam que as aulas só devam voltar com a diminuição de casos de coronavírus e 25%, somente a partir de 2021.
Com o resultado, a Famurs se reuniu na terça-feira, dia 18, com os presidentes das associações regionais para debater o posicionamento da entidade a respeito da proposta apresentada pelo Estado. “Nós imaginávamos que haveria rejeição da proposta de calendário do Estado, mas não que os números fossem tão contundentes e fortes. Os números mostram a firmeza dos colegas do não retorno às aulas”, declarou o presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen. Para a Federação, a posição é muito clara: voltar apenas quando for seguro para alunos e professores e, quando ocorrer, que seja retomado com os estudantes de maior idade, que cumprirão os protocolos sanitários.
O levantamento foi apresentado ao Executivo na quarta-feira, dia 19, em reunião com o governador Eduardo Leite. Outra sugestão apresentado ao governador é que o governo assuma a responsabilidade de liberação das aulas, não transferindo a decisão aos prefeitos. Com relação a pressão das instituições particulares para reabertura, a sugestão apresentada pela Famurs é de que seja encaminhado ao governo, como alternativa, que o Banrisul abra uma linha de crédito para financiamento com juros subsidiados até o fim do ano.
Em live nesta quinta-feira, dia 20, Leite informou que na terça, dia 25, uma nova reunião será realizada para debater o assunto. 

Construção coletiva

O prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna, disse que antes de se manifestar a favor ou contra o retorno irá ouvir a opinião dos pais. Uma pesquisa foi encaminhada pelas escolas aos responsáveis dos alunos solicitando a opinião deles. “Antes de tomar uma decisão, se voltamos ou não com as aulas, é preciso saber se os pais vão mandar os alunos às escolas. Não adianta ter aula com todas as medidas sendo tomadas, transporte funcionando, se os pais não vão mandar os filhos”, argumenta Scortegagna. Com os dados, o município tomará uma decisão sobre o retorno. “Algum dia as aulas terão que voltar. Qual é o melhor momento para a retomada? Não temos nem ideia, mas é preciso que haja uma construção coletiva. Não adianta voltar às aulas agora se os pais não encaminharem os filhos”, declara o chefe do executivo. A proposta de Lídio é reconstruir o calendário da melhor forma possível dando segurança para pais, alunos e professores. “Não podemos ficar tendo um embate político como Governo do Estado e nem com as escolas privadas. E nesse quesito, não podemos tirar o direito das escolas privadas, elas precisam sobreviver. E a minha opinião é que elas são como empresas. Têm que se abrir essa possibilidade delas voltarem e trabalharem”. 

Dados da pesquisa

Conforme os dados da Secretaria de Educação, 80% dos pais não mandariam seus filhos às escolas neste momento e preferem a continuação dos estudos domiciliares. “Todos os pais da Escola Francisco Zilli que retornaram a pesquisa afirmaram que gostariam que seu filho continuasse recebendo as atividades em casa”, enaltece a diretora Gabriela Slaviero. 
Na escola 1º de Maio, conforme os dados de uma turma de 23 alunos, apenas dois retornariam. O mesmo padrão segue na escola Antônio de Souza Neto. 82,5% dos pais querem continuar com os estudos domiciliares, e apenas 17,5% votaram pela retomada das atividades presenciais. 
A secretária de Educação, Cultura e Desporto, Ana Paula Zamboni Weber, diz que esse dado de 80% será levado em consideração. “Nesta quinta-feira, dia 20, tivemos uma reunião com os gestores das escolas municipais para tratar deste assunto e iremos respeitar a decisão dos pais”, declara. Conforme Ana Paula, o retorno se torna inviável na rede pública municipal com poucas crianças. “Teremos que mexer com toda uma estrutura para atender muito poucos alunos no sistema presencial. Então, no dia 31, não teremos a volta das aulas presenciais na rede pública municipal”, enfatiza.

Gestores opinam

O Jornal O Florense entrou em contato com todas as escolas particulares, municipais e estaduais de Flores da Cunha para ouvir a opinião dos gestores sobre o retorno das aulas. Duas questões foram feitas: "você acha viável retornar as atividades escolares presenciais conforme o calendário sugerido pelo Estado?" e "como a escola está se preparando para isso?". Das 25 escolas contatadas, sete não deram retorno ou preferiram não opinar: Frei Caneca, Madre Assunta, Brincando e Construindo, Passos Para o Futuro, Magali, Sonho de Criança e Estrelinha Mágica. A reportagem não conseguiu contato coma escola Antônio Soladatelli. 

Escola Municipal Antônio de Souza Neto

Diretora: Claudete Gaio Conte
Conforme o resultado da enquete com os pais não achamos viável retornar as aulas presenciais nesse momento. Mas, se acontecer, seguiremos os protocolos de distanciamento, com o uso de máscara, álcool em gel, medição de temperatura, espaçamento em sala de aula e no refeitório. 

Escola Municipal Benjamin Constant

Diretora: Ana Silvia Valentin Cemin
Acredito que nesse momento ainda não seja viável, principalmente se esse retorno iniciar pelos alunos da Educação Infantil, como sugerido pelo governo do Estado. Após uma pesquisa realizada com os pais desses alunos, constamos que 99% querem continuar com os estudos domiciliares. Caso aconteça o retorno das aulas presenciais, a escola irá seguir a risca todos os protocolos determinados pela Secretaria de Educação e de Saúde.

Escola Municipal Francisco Zilli 

Diretora: Gabriela Slaviero 
Não concordamos com o cronograma proposto pelo Governo. O retorno das aulas seria mais viável se o Governo tivesse seguido a ideia da consulta feita aos municípios, entidades, conselhos, na qual a volta iniciaria pelo Ensino Superior. Acreditamos que os alunos precisariam retornar para a escola, mas não é seguro neste momento. Vai ser bem comprometedor manter o distanciamento na sala de aula, no parque, no refeitório, no transporte escolar. A escola está se organizando para atender os protocolos para um possível retorno às aulas presenciais, como a limpeza em geral, distanciamento de classes, marcação no refeitório, recolhimento dos brinquedos e materiais de uso coletivo, além de máscaras e álcool gel oferecidos pela Secretaria de Educação.

Escola Municipal São José

Diretora: Melissa Vanelli Conz
Todos estamos muito ansiosos pelo retorno das atividades escolares presenciais, porém pensamos que isto deva acontecer de forma segura e bem organizada.  Entendemos que o ensino presencial é imprescindível para a formação acadêmica do nosso aluno e que nunca foi tão valorizado como nesse período. Por outro lado, também tivemos muitas aprendizagens significativas, como o uso da tecnologia, que é o que nos está garantindo um contato com os alunos. Estamos num cenário de muitas incertezas. Com certeza, iremos cumprir os protocolos exigidos, porém manter o distanciamento não será uma tarefa fácil.

Escola Municipal 1º de Maio 

Diretora: Silvana Leandra Deon Rigo
Penso que não seja viável nesse momento o retorno. A gestão, juntamente com professores e funcionários da escola, está pensando como os alunos irão se portar diante de tantos protocolos. As famílias precisam se sentir seguras em deixar seus filhos na escola e os profissionais de educação que estão engajados no trabalho com as aulas à distância terão que dar aulas também na instituição. Para o retorno precisamos ouvir as autoridades, os profissionais e as famílias. Cada um terá que fazer sua parte para que um possível retorno seja viável. 

Escola Estadual Horácio Borghetti

Diretora: Fabiana Simonaggio
Não concordo com o retorno presencial das aulas neste momento. É uma insanidade voltarmos às aulas presenciais agora, estaríamos colocando os alunos, pais, professores e funcionários em risco. Para um retorno às aulas nesse momento, o ideal seria termos o controle total do distanciamento, higienização e da prevenção da Covid-19. O que não é a realidade. A escola está elaborando um protocolo para o retorno conforme orientações da mantenedora.

Escola Estadual Pedro Cecconelo

Diretora: Rosa Mara Neves Mathias
Enquanto equipe diretiva, corpo docente e funcionários da escola, nós acreditamos que ainda não seja o momento de retorno. O segmento escola deve ser o último a voltar e, na minha opinião, só quando tiver uma vacina. Não adianta os pais mandarem os filhos para a escola se as professoras só irão ficar cuidando para não ter aglomeração, para não encostar nos materiais do colega. E, até porque, a gente não tem uma estrutura física para esses alunos voltem com o distanciamento que é solicitado e nem recursos humanos para que se efetive esses protocolos que estão sendo enviados. Em questão da aquisição de equipamentos, o Governo diz estar enviando uma verba para comprar o que é necessário, mas até o momento não recebemos nada. 

Escola Municipal Leonel de Moura Brizola

Diretora: Dorilda Viali Schiavo
Nossa escola vai trabalhar de acordo com a decisão da  maioria das escolas, juntamente  com a Secretaria  municipal de Educação em relação ao que o governo do  Estado propor.

Escola Municipal Rio Branco

Diretora: Priscila Gelati Tronco Betanin
Acredito que a vigilância sanitária estará liberando a volta presencial no momento em que os alunos poderão retornar de forma segura, e esta decisão cabe aos órgãos da saúde. Contudo, o retorno neste momento com a Educação Infantil preocupa ainda mais, pois exigem mais cuidados e um olhar mais aprofundado para suas necessidades.
Quanto à organização da escola, a Escola Rio Branco, como parte da Rede Municipal de Ensino, vem seguindo as orientações da Secretária, adaptando os espaços, estudando protocolos e dentro do que é solicitado, fazendo o possível para receber os alunos com todo cuidado que este momento requer.

Escola Municipal Tancredo de Almeida Neves

Diretora: Alessandra Drebes
Penso que não seria o momento de retornar, mas caso retorne, que fosse com Ensino Médio, anos finais até chegar a Educação Infantil. Aguardamos mais informações da Secretaria da Educação para sabermos como deveremos nos organizar e preparar a escola.

Escola Municipal Tiradentes

Diretora: Vivian Fontana
Em nossa escola, a maioria dos pais da Educação Infantil não aprova este retorno e nós da gestão também temos dúvidas se esta seria a opção mais acertada. Entendemos que os pais precisam retornar ao trabalho e que as crianças precisam da escola, mas sabemos também que será bastante difícil o cuidado com os pequenos: manter distanciamento, higienização, uso da máscara, a mudança grande na rotina da escola. Será um momento de adaptação, de cuidados extremos com os procedimentos de higienização da escola como um todo, além de evitar o contato físico entre as pessoas. Já estamos organizando as salas de aula e refeitório com o distanciamento adequado.

Escola Estadual Professor Targa

Diretora: Andreia Pegoraro
Pessoalmente, gostaria muito que as aulas fossem retomadas, mesmo que de forma gradual. Porém, quem precisa definir o melhor momento para o retorno são os responsáveis pela área da saúde, já que a saúde de todos precisa ser preservada.
Quanto à organização da escola, por enquanto, providenciamos apenas itens de cuidados básicos e criamos o COE da escola. 

Escola Estadual São Rafael

Diretora: Ana Paula Citolin Rigotto 
Acho importante e necessário o retorno, mas ele deve ser feito com cautela e com as devidas medidas de proteção da saúde dos alunos e dos professores, atendendo todos os protocolos exigidos pelas autoridades. Sem essa proteção, sem o respaldo das autoridades, não acho que seja viável o retorno. Estamos estudando o plano de contingência fornecido pelo Estado, para podermos aplicá-lo de maneira segura para todos. Adquirimos produtos de higiene e limpeza, como álcool 70%, álcool gel, água sanitária, tapete sanitários em todas as entradas da escola, termômetro infravermelho, dispenser de papel toalha em todos os banheiros, além de mudanças dentro das salas de aulas e pátio em relação ao distanciamento.

Lua Encantada

Proprietária: Vanessa Meneguzzo
Acho muito viável o retorno e estamos prontos para isso. Tudo está retomando e a educação, em sua extrema importância, precisa retomar gradativamente, até porque nessa retomada o novo normal será com uma capacidade menor de alunos, com protocolos a cumprir e fiscalização pelo COE municipal e local da escola. Já se passaram cinco meses e chegamos ao extremo: ou abrimos ou vamos fechar nossos estabelecimentos por falência. Os protocolos são bem rígidos e já seguíamos vários itens, como uso de álcool gel nas mãos, luvas nas trocas, álcool líquido 70 nos brinquedos várias vezes por dia e os demais vamos nos enquadrar. 

Fazendinha

Diretora: Maristela Andreia da Silva
Na minha visão, as escolinhas não deveriam nem ter fechado, pois os pais não têm aonde deixar os filhos. A partir do momento que os pais voltaram a trabalhar, elas deveriam ter aberto imediatamente. Quanto à preparação, nós estamos preparados. Nós sempre usamos álcool em gel, sempre fizemos a higienização dos brinquedos, sempre usamos as luvas para trocar as crianças, então, o que o plano de contingência pede, nós sempre fizemos, a diferença é que agora nós iremos intensificar esses cuidados.

Catavento

Diretoras: Francieli Brollo e Cibele Parisenti 
Desde o início da pandemia passamos por incertezas sobre os possíveis retornos. No entanto acreditamos que este retorno deva ocorrer de forma consciente, onde as crianças e os funcionários estejam seguros. Estamos lidando com vidas importantes para nós, a responsabilidade em retornar é muito grande. São inúmeras as incertezas, porém nossa escola vem se adaptando ao plano de contingência do Governo, reforçando alguns hábitos que a escola já vinha seguindo e introduzindo outros, que auxiliarão nesta árdua tarefa, a fim de estarmos preparadas para atender os alunos, suas famílias e os colaboradores da melhor forma possível. 

Interativa

Diretora: Eroni Koppe
Realizamos uma pesquisa com os pais de nossas escolas e percebemos que a comunidade escolar se mostra bastante dividida quanto ao retorno das aulas presenciais. Estamos atendendo nossos alunos de forma remota com grande competência. Porém, estamos muito preparados para o retorno às aulas presenciais, aguardando o pronunciamento das autoridades. 

 

Diretora da Escola São José, Melissa Vanelli Conz, já prepara algumas salas com as normas exigidas.  - Gabriela Fiorio
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