Diferentes, mas com um amor em comum: o caminhão
Para comemorar o Dia do Motorista, conheça histórias de quem não tem medo de por o ‘pé na estrada’
Você já parou para pensar a importância de um motorista? E já pensou fazer da sua ferramenta de trabalho moradia?
Muitos motoristas perdem momentos importantes de suas vidas para fazer a diferença, seja na vida de outras pessoas ou na economia do nosso país. Por isso, nesta edição especial do Colono e Motorista, O Florense deu destaque a eles, que amam a profissão e que, mesmo em momentos como os vivenciados atualmente, em meio a uma pandemia, não pensaram em nenhum momento em parar.
Alexandre Chinato, 62 anos - 44 na estrada
Desde pequeno apegado aos caminhões, Alexandre não via a hora de completar 18 anos para fazer uma a carteira de motorista. E assim foi. “Não me imagino em nenhuma outra profissão”, conta ele, que nunca bateu um cartão ponto na vida. “Já estou aposentado há oito anos, mas não parei. Quando fico alguns dias em casa, que não tem carga, eu já fico meio perdido. Então, enquanto eu tiver saúde eu vou continuar”, diz ele, que sempre preferiu fazer viagens mais longas, para o Norte e Nordeste do Brasil. “Quando eu estudava no colégio São José, a irmã Joana me mostrou uns slides de como era o Nordeste, e eu sempre pensei comigo: “um dia quero viajar para lá para conferir, ver se é verdade de fato””, relata Chinato.
Sobre a profissão, “hoje já não é mais como antigamente. Facilitou em tudo. No início a comunicação era precária, nós conseguíamos ligar para casa uma vez por semana. O telefone público só tinha dentro das capitais, senão era central telefônica e, para ligar, às vezes ficava meio dia na fila”, relembra.
Chinato já passou por momentos difíceis, que compara com a pandemia. “Em 1980, eu levava bomba de garimpo no Pará, foi no auge do garimpo Serra Pelada. Ali morria muita gente de malária, febre amarela. Eu fiz vacina para malária, uma vez, mas nunca peguei nada. Sempre fé em Deus e vamos indo”, relata Chinato, que diz ter continuado seu trabalho normalmente, mas com todos os cuidados, sem se intimidar com o vírus que levou muitos colegas de profissão.
José Francisco Ferreira da Silva, 69 anos - 38 na profissão
Aqui, a paixão começou quando José resolveu viajar de carona para conhecer a profissão. “Gostei e então comecei a viajar e estou até hoje”, relata ele, que já é aposentado e pretende viajar mais uns três a quatro anos. Vacinado com as duas doses do imunizante contra a Covid-19, Zé, como é conhecido, sempre viajou dentro do Brasil. “Lugar mais bonito que o Rio Grande do Sul não tem. Mas tirando a nossa região, gosto de Pernambuco”, diz Silva, que em meados do ano passado estava com medo de viajar por conta da pandemia. “Dava medo porque não sabíamos o que poderia acontecer. Agora, vacinado, é mais tranquilo”.
Alberto Caldart, 66 anos - 47 viajando
O colono e motorista unido em uma única pessoa. “Eu estava na colônia e só pensava em caminhão, só pensava em viajar, até hoje não pensei em desistir ainda”, diz Caldart, que afirma: “se não fosse caminhoneiro seria agricultor”.
Alberto destaca a garra dos motoristas nesse momento de pandemia, “Nós temos muita coragem, muita força, não temos medo de vírus. Não foi fácil, mas alguém tinha que enfrentar, porque quem leva as vacinas, a comida, somos nós. Se nós tivéssemos parado, o que iria acontecer?”, pergunta ele.
Sobre conhecer vários lugares, Caldart alerta: “O Brasil tem muito lugar bonito. Antes das pessoas quererem conhecer a Itália e outros países de fora, tem que conhecer o Brasil, porque tem muitas coisas boas”, deixa a dica.
Volmir Alves dos Santos, 47 anos - 22 na estrada
“Eu comecei trabalhando com 13 anos em outras empresas e meu irmão trabalhava em uma lavagem de caminhão e eu fui trabalhar com ele para poder dirigir, porque eu era doido por um volante”. Assim se intensificou o amor de Volmir por caminhões: ele já viajou por toda a América do Sul atrás de um volante. “Na lavagem eu falava com os motoristas, eles me contavam de alguns lugares e isso me enchia os olhos. Eu tentava imaginar, mas nem tinha noção de algumas coisas. A partir do momento em que comecei a viajar, fui conhecendo lugares e peguei amor pela profissão”, relata Santos, que diz com todas as letras: “ser motorista de caminhão é pra quem gosta, não é para quem quer”.
Segundo ele, a tecnologia aproxima a família, mas nem tanto. “A distância da família judia muito da gente. Eu tenho um filho de 14 anos que eu não vi engatinhar, não vi falar, não acompanhei em nada. É muito difícil”, conta Volmir, que ainda dá uma dica para quem quer seguir nesse ramo. “Se as pessoas querem ser caminhoneiros para não viver trancado dentro de uma empresa, nós ficamos dentro de um cubículo de 1 por 1, 24h por dia”, informa Santos, que completa: “a gente não tem um chefe toda hora botando olho em você, somos um pouco mais livres, mas temos nossos compromissos. Tal dia e tal hora é preciso estar em tal lugar. Aquilo que você vai fazer até chegar lá só depende de você”, finaliza.
Marcelo João Nichett, 42 anos - 25 na profissão
“Desde pequeno gostava de brincar de carrinho, de caminhão. Vem de família: o vô era caminhoneiro, o pai era caminhoneiro e sempre gostei de caminhão também”. As histórias são parecidas. O amor vem desde criança. Mas Marcelo tem algo diferente: “não viajo longe, fico mais por casa, mas sempre em cima do caminhãozinho”. Nichett optou por trabalhar na região da Serra – Bento Gonçalves, Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Antônio Prado, Ipê, São Marcos e Nova Roma do Sul. “Conciliei o meu amor pelo caminhão com a vontade de estar sempre por casa. Tenho muitos motoristas conhecidos que dizem que estão muito perigosas as estradas, então dormir em casa é sempre melhor”, relata ele, que tem uma filha pequena e consegue estar mais presente.
Sobre a Covid-19, Marcelo perdeu vários amigos e colegas de empresa. “Estou cuidando muito, mas não paramos de trabalhar”.
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