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Dialetos italianos na pauta do Bate-Papo no Villa

O tradicional Bate-Papo no Villa terá uma noite diferente na próxima quarta-feira, dia 8 de julho.

O tradicional Bate-Papo no Villa terá uma noite diferente na próxima quarta-feira, dia 8 de julho. Esta edição do evento será voltada aos dialetos italianos e contará com a exibição do documentário Ecos das Montanhas, que aborda a língua cimbro, e da apresentação do projeto Inventário da Diversidade Cultural da Imigração Italiana (inclui o dialeto e a culinária), do qual a Universidade de Caxias do Sul (UCS) faz parte. O encontro terá a presença dos coordenadores e professores José Clemente Pozenato e Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro, e também do diretor e roteirista do documentário André Costantin e do produtor Fernando Roveda. O evento tem início às 20h, no Hotel Villa Borghese. A entrada é franca e toda a comunidade está convidada a participar. Pauta O Bate-Papo no Villa estará dividido em dois momentos. Na primeira parte será exibido o documentário Ecos das Montanhas, que foi produzido durante os anos de 2006 a 2008. Gravado em Antonio Prado e em províncias italianas, o filme retrata os herdeiros de um idioma arcaico e praticamente extinto denominado de cimbro. A personagem central do documentário é a anciã Rosa Costa Martello, moradora do interior de Antônio Prado, que faleceu em fevereiro deste ano, aos 96 anos. Segundo seus realizadores, o filme "retrata relações de identidade entre personagens e terras distantes, ligados por reminiscências de um idioma". Após a exibição, o diretor André Costantin e o produtor Fernando Roveda irão conversar com o público sobre o documentário. Na segunda parte da noite, os professores da UCS, José Clemente Pozenato e Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro, explanarão sobre o projeto piloto Inventário da Diversidade Cultural da Imigração Italiana. Numa parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério da Cultura, a UCS está participando de um projeto piloto sobre o inventário cultural Talian e da culinária da imigração italiana, que aborda o dialeto vêneto e a gastronomia. O Bate-Papo no Villa é realizado periodicamente pelo Hotel Villa Borghese, pelo jornal O Florense, pela G4 e pela Apac – Associação dos Produtores de Arte e Cultura e com apoio da Apromontes. O evento tem por objetivo debater algum assunto e proporcionar momentos de cultura e informação aos florenses. O que é o inventário cultural O Iphan criou um grupo de trabalho de Diversidade Linguística do Brasil, que se dedica à criação de um inventário de línguas. Em parceria com a UCS será estudado o Talian e a culinária da imigração italiana. Segundo o coordenador deste projeto, professor e pesquisador José Clemente Pozenato, "há uma política da Unesco de preservação da diversidade linguística, inclusive no salvamento de línguas em extinção. Coube a nós realizar o levantamento do talian, uma variante do dialeto vêneto". O talian nasceu no Brasil e é praticado na região da Serra Gaúcha, porém não há um registro oficial do número de pessoas que o utilizam. O talian foi incluído entre as cinco primeiras línguas a serem inventariadas no Brasil. A professora Marley Terezinha Pertile, coordenadora científica do projeto, explica que um grupo de bolsistas da UCS está trabalhando na localização desta língua: qual é a população que a conhece, se ainda se fala e é entendida, se a comunidade identifica ou não o talian, quais as instituições da comunidade que trabalham com a língua, entre outros aspectos. "A pesquisa não é da Universidade de Caxias do Sul, é da comunidade que quer ver reconhecida o talian como língua brasileira, construída aqui, mas de origem da imigração italiana", comenta. Culinária O inventário inclui, também, a culinária da imigração italiana. Essa parte da pesquisa é coordenada pela professora Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro, diretora do Instituto Memória Histórica e Cultural da UCS. Ela explica que "a pesquisa inicialmente busca detectar, através do exame de correspondência das administrações da colônia, quais sementes eram distribuídas aos colonos na década de 70 até meados da década de 80 do século XIX". O projeto tem como premissa teórica que a cozinha é um discurso cultural, temseu léxico que corresponde ao nome das matérias-primas que se elabora qualquer prato. "E tem sua sintaxe que se traduz no modo de fazer o prato. Tem toda uma retórica que disciplina a ordem dos pratos à mesa", pondera Cleodes. Como a língua falada, todo o sistema alimentar contém e expressa a cultura de quem a pratica, incluídas suas tradições e funciona como elemento de identidade do grupo.
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