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Dia dos Pais: Exemplo insubstituível e inspirador

O futebol e a advocacia fazem parte da rotina de Vitor Hugo e Hugo Zenatto, pai e filho

O florense Vitor Hugo Zenatto, de 58 anos, decidiu que queria trabalhar com advocacia por volta de seus 15 anos, quando estava no Ensino Médio e percebeu ser algo que sempre despertava seu interesse, independente do fato de não haver nenhum advogado na família até aquele momento. 
Após concluir o curso de Direito, em meados de 1980, uniu forças com seu irmão e fundou a empresa Zenatto Advogados, no ano de 1990, na qual Vitor segue atuando até os dias de hoje. Contudo, há uma década, ele passou a contar com um colaborador que exerce muito mais do que a função de um profissional, representa a continuidade do trabalho de uma vida: seu único filho, Hugo Zenatto. 
“Quando o Hugo completou o segundo grau eu sempre deixei muito à vontade. Penso que cada um escolhe o que acha que deve, não se pressiona ninguém a nada. Ele optou por fazer o vestibular, ali com seus 17 anos, e passou. Então eu disse para começar devagarinho, com poucas cadeiras, para tentar se ambientar e ver. Se gostar, gostou, porque passar no vestibular é uma fase apenas, o curso é muito diferente do Ensino Médio, ainda mais o Direito, no noturno”, revela o pai.
Diante dessa escolha e com o intuito de identificar os pontos positivos e negativos da profissão, bem como vivenciar a prática da advocacia, no período da manhã e da tarde Hugo passou a colaborar com algumas atividades administrativas no escritório: “Ele foi ficando, concluiu o curso em cinco anos e chegou até a fazer nove cadeiras. Hoje já está ‘veterano’, vamos dizer assim”, brinca Zenatto, acrescentando que, aos poucos, o Direito vai sendo incorporado pelos advogados e se prolongando pela vida toda. 
“E aí tem o folclore, a visão de que a profissão é muito glamorosa por alguns aspectos, mas, na verdade, é um trabalho muito intenso. Às vezes a gente está pensando em Direito, em processo, na situação do cliente, muito depois do expediente, porque nós não temos uma chave de liga e desliga, fazemos Direito de forma integral, levamos o problema para casa, por mais que a gente não leve a pasta”, desmistifica o advogado acerca dos entraves da profissão. 
Desafios com os quais o filho se adaptou muito bem e rapidamente: “Graças a Deus o Hugo veio e eu fiquei muito feliz, se tivesse escolhido outra profissão também, porque todas têm suas dificuldades. E no Direito o profissional tem que ser multidisciplinar, têm algumas coisas que ele precisa conhecer, porque a advocacia, potencialmente, mudou muito em 30 anos. Fomos muito impactados pelos meios eletrônicos, saímos da máquina de escrever para operar com uma agência virtual, com celular, é uma mudança extremamente importante”, evidencia o florense, complementando que é o advogado mais velho do escritório e adquire conhecimento todos os dias, resultado de uma troca constante de informações entre colegas e clientes. 
“É extremamente prazeroso trabalhar com o Hugo. Dizem que os filhos se espelham nos pais e eu trabalhei com o meu pai a vida toda, em outros setores, depois fui para o Direito. É o melhor dos sentimentos, porque você imagina que se o seu filho repugnasse a sua profissão seria uma situação bem ruim. Por isso, se eu pudesse dar um conselho para alguém seria que quando os filhos chegassem nos 17, 18 anos, não pressionar a escolher uma profissão para o resto da vida, porque nessa idade enxergamos o mundo de uma maneira e, com 25 de outra, completamente diferente”, aconselha Zenatto, afirmando que quando os filhos e filhas se envolvem nos negócios da família, as empresas tomam outro ânimo, com vocação para o crescimento, mas que isso precisa acontecer espontaneamente. 
O filho, Hugo Zenatto, de 26 anos, é a prova de que as orientações do pai deram certo. Ele conta que, desde a infância, na companhia dos primos, costumava ir ao escritório para brincar que estava advogando, já que se tratava de um ambiente acolhedor e familiar, no qual sua mãe, Marlene, também trabalhava. 
“A gente ficava correndo pelo escritório e atrapalhando eles aqui, desde pequenos. Depois, no Ensino Médio, chegou um ponto em que tinha que escolher o que fazer no vestibular. Meus pais sempre deixaram claro que eu poderia olhar outros cursos, fazer o que eu quisesse, mas olhei só por olhar, porque eu já estava decidido que, desde o início, tinha que ser Direito, tinha que ser advocacia”, lembra Hugo, acrescentando que, na convivência diária, sempre ouvia falar sobre recurso, agravo de instrumento e, mesmo sem ter noção do que estavam debatendo, isso já despertava seu interesse. 
Motivação que ganhou ainda mais fôlego em 2012, quando ele começou a atuar no escritório do pai. Conforme o jovem, nesse período de dez anos ele trabalhou cinco como estagiário e cinco como advogado: “Foi bastante tempo de aprendizado, fui evoluindo até achegar na metade do curso e as coisas começarem a ter mais sentido. Me habituei ao dia a dia do escritório, comecei a fazer peças e a trabalhar, claro, sempre estava pedindo como fazia isso ou aquilo. Mas, com certeza, tinha que ser assim, porque eu não me via fazendo outra coisa, não me imaginava sendo engenheiro, médico, ou abrindo uma empresa, eu queria tocar esse negócio da família”, revela.
Acerca das vantagens e desvantagens em trabalhar ao lado do pai e familiares, o jovem esclarece que sempre haverá opiniões divergentes, no entanto, cabe a eles separar as coisas e focar no problema a ser resolvido. “Quem, às vezes, está aqui no escritório e olha, acha que nós somos dois malucos discutindo, porque é tanto tempo de convívio que não é nem uma discussão, é um debate para achar a melhor solução para o cliente e, às vezes, a gente bate as testas na questão de ideias e soluções, mas é muito prazeroso isso, porque no fim do dia esquecemos tudo e vamos assistir um futebol, jantar, comer alguma coisa e segue a vida”, exemplifica Zenatto, que mantém outra paixão em comum com o pai: o futebol. 
“As duas coisas começaram juntas. O meu pai me ensinou que se quero fazer advocacia tenho que ter um hobby, porque não posso ficar vivendo 24 horas advocacia, se não a gente fica maluco. E desde cedo ele me incentivou a jogar futebol, participar de escolinhas, campeonatos, times, sempre esteve muito presente e está até hoje. Quando jogo em Caxias do Sul ele está sempre junto, acompanhando”, revela Hugo, completando que no sábado ou no domingo tem que ter um futebol para assistir ou jogar, já fazendo parte da programação dos dois que, além de pai e filho, possuem uma relação de amizade à frente da Zenatto Advogados que, em outubro de 2022, completa 32 anos.
“Uso o meu pai como inspiração. Ele é como um mentor, sempre foi aquele cara que quando precisei estava lá, dizendo como eu tinha que fazer, mas, com liberdade de escolha. Nas decisões difíceis, sempre mostrando os benefícios e prejuízos de cada um dos lados. Ele me colocou e me manteve na linha, desde a adolescência, com objetivos bem traçados. Por isso eu agradeço e tenho ele como insubstituível. Além de ser pai é um amigo, companheiro de trabalho, não tenho nem o que falar. Tenho amigos que tem problemas com os pais e com o meu eu nunca tive, convivo com ele o dia todo e no dia seguinte quero continuar, então até que pudermos vamos estar juntos”, finaliza Hugo, emocionado. 

Vitor Hugo e Hugo Zenatto, pai e filho, estão à frente da Zenatto Advogados. - Karine Bergozza
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