Dia de vender o peixe
Parque dos Peixes aposta na Semana Santa e na Feira do Peixe Vivo para alavancar suas vendas
Para os produtores de uva, a época de safra equivale aos primeiros meses do ano. Já os produtores de peixe chamam de safra os dias que antecedem a Páscoa. E neste ano de 2021, a expectativa é que esta semana seja santa para eles, capaz de fazer ressuscitar um negócio que, como tantos outros, se sente afogado pela pandemia.
“O Parque só estava crescendo, o movimento cada vez melhor: na lancheria, no restaurante, no pesque-pague. Aí veio a pandemia. O restaurante ficou fechado durante quatro meses. Quando começa a engrenar de novo, acaba fechando. Nós podemos vender porções e nos tanques, mas a procura cai para 5% do que era, às vezes nem isso”, explica o administrador do tradicional Parque dos Peixes em Nova Pádua, Marcio Langner, que está à frente do negócio nos últimos cinco anos.
A época de Páscoa costumava ser de muito movimento no local, não só de consumidores à procura de peixes, mas também de famílias buscando diversão – além do restaurante, da lancheria e do pesque-pague, o complexo conta com uma infraestrutura completa de quadras esportivas, camping, churrasqueiras e pedalinhos. “Vinha bastante gente, a maioria para pescar. Tem gente que vem e, não podendo pescar, nem leva o peixe, porque o que eles querem é o prazer da prática da pesca”, diz Langner, que não pode abrir justamente nos finais de semana e feriados, quando os sete hectares da propriedade costumavam ficar lotados de visitantes.
“Nosso trabalho é no final de semana. E é muito injusto. Se estivéssemos na beira de uma rodovia, nós poderíamos trabalhar”, protesta. A lancheria, que tem um cardápio à base de peixes, em outros anos estaria lotada nesta época do ano, a mais alta temporada até outubro, quando o calor retorna à região. “Nós trabalhamos o ano inteiro para essa época, gastamos o dinheiro agora para nos mantermos no inverno e recuperar no verão. Este ano, é o que vai dar o respiro de novo para nós”, detalha Langner.
Com cerca de seis mil quilos na sua criação de peixes, Marcio espera que a Semana Santa os salve, ao menos para pagar as dívidas acumuladas ao longo do último ano, mesmo que a procura até agora seja menor do que em feriados passados. “Uma razão pode ser que, no ano passado, a Páscoa caiu próxima do dia 10 e, neste ano, é no começo do mês. O pessoal não recebeu ainda, pode ser algo que está influenciando. Mas muito é por causa da pandemia, pessoal está meio sem dinheiro”, lamenta o empresário.
Boa parte da esperança está depositada na tradicional Feira do Peixe Vivo, que ocorre nesta quinta-feira, dia 1º de abril, na Praça da Bandeira, em Flores da Cunha, das 7h às 19h, sem fechar ao meio dia. No tradicional evento realizado em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que vai contar com todos os cuidados contra a Covid-19, Langner espera vender de 600kg a 700kg das espécies bagre, carpa-cabeçuda e carpa-capim – segundo ele, uma procura ótima seria de 1.800kg a 2.000kg, o que costumava ocorrer em Páscoas anteriores.
No mesmo dia, o Parque dos Peixes, localizado em Nova Pádua, no Travessão Paredes, estará aberto, vendendo peixes no formato drive-thru, que serão comercializando limpos, diferentemente do que vai ocorrer na Feira. “A expectativa é boa, a gente sempre fica esperançoso que a gente vá conseguir vender bem”, afirma Langner.
Para ele, o diferencial do Parque dos Peixes é a tradição de mais de duas décadas atuando no ramo. “São 21 anos de qualidade, procedência. É diferente do que comprar de um caminhão que passou ali na rua na frente de casa. Nossos peixes têm a qualidade e garantia Parque dos Peixes. Fica o convite para que venham pegar seu peixe aqui ou na Praça da Bandeira”, encerra o produtor.
Por que se come peixe na sexta-feira santa?
Segundo a Bíblia, foi na chamada sexta-feira da paixão em que Jesus Cristo foi crucificado. É um dia de sacrifício para os cristãos, em misericórdia pela morte de Jesus, e a tradição católica é de não comer carne vermelha. Isto porque, à época, a carne era artigo de luxo, enquanto o peixe era abundante e barato, comum à mesa dos pobres.
O costume de comer é ligado a uma forma de praticar o jejum e a abstinência, práticas que, ao lado da caridade e da esmola, são indicadas pela igreja como típicas da Quaresma. Mais do que simplicidade, comer peixe também é um ato de penitência. Não basta apenas comer frutos do mar, toda a refeição deve ser simples e deve-se evitar quaisquer prazeres ao longo do dia.
Mais do que um valor material, o jejum é uma expressão de fé. No sábado de aleluia, os cristãos refletem sobre a morte de Jesus e, no domingo, renovam suas esperanças com a ressurreição de Cristo e a promessa da remissão dos pecados e da vida eterna.
Feira do Peixe Vivo
Data: 1º de abril, quinta-feira
Local: Praça da Bandeira
Horário: 7h às 19h, sem fechar ao meio-dia
Espécies: Bagre, carpa-cabeçuda e
carpa-capim
Valores: R$ 18,95 a R$ 21,95 ao kg
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