Dia da Mulher: “Eu quero ter meu próprio negócio, minha própria vinícola”
A fala é da florense Janaína Marzarotto, a primeira enóloga brasileira a capitanear uma vinícola
Um orgulho para Flores da Cunha e para as mulheres.
Batalhadora, sonhadora e determinada. Assim se descreve Janaína Marzarotto, 32 anos, enóloga e sommelier internacional, que hoje enaltece sua veia empreendedora e brinda suas conquistas com a consolidação do seu trabalho. “Não é nem um pouco fácil. Desde que eu comecei, caí várias vezes, já chorei nesse projeto várias vezes, e cada vez que eu me levanto, me levanto mais forte”, conta a enóloga e empresária que dirige totalmente sozinha a Vinícola Marzarotto. “Como são vinhos autorais, a proposta da empresa é que eu acompanhe todos os processos. Ela é muito pequena, hoje a gente faz um lote limitado de garrafas, não é uma grande litragem se tratando em volume de vinícola. Então eu consigo, ainda, dominar tudo, por mais difícil que seja. Na época de janeiro a março eu escolho a minha matéria prima, visito os fornecedores que me entregam a uva, vinifico todos os vinhos – claro que no mais pesado eu tenho a ajuda do meu pai – depois eu engarrafo todos os produtos e, no restante do ano, eu vou para a área comercial, assumindo tudo, além de todo o administrativo”. Feiras, tratativas e negociações com clientes, demonstrações do produto, viagens e eventos são algumas das atividades de Janaína na vinícola. “Ainda dá pra fazer tudo, não sei até quando”, informa.
A também rainha da Fenavindima, no ano de 2015, diz ter passado por muitos obstáculos, principalmente por ser mulher. “Quando somos apaixonados pelo que fazemos, a gente não trabalha nem um dia. É prazeroso. É preciso amar o que faz e ter muita coragem para empreender sozinha, principalmente sendo mulher. Eu tive muito preconceito em várias situações, em vários setores”, relata, afirmando que é preciso ter paciência e persistir, “porque empreender hoje, no Brasil, é um ato de fé, então tem que ter muita coragem, mas, nós mulheres somos bem corajosas”, enaltece.
O início
Por ter no sangue a tradição da uva e do vinho, não podia ser diferente. “Meu pai também é enólogo e eu trabalhei com ele desde novinha. Ele tinha um laboratório e eu o acompanhava, fazia algumas análises de vinho em casa e sempre gostei muito”, conta Jana, como é conhecida. “Mas, não foi isso que eu fui fazer de arrancada. Eu fui para a área da saúde, porque eu tenho outras duas irmãs e elas também são da área da saúde, daí eu achei que era isso, que mulher tinha que fazer isso”, explica. Mas ela só estava postergando o que, dentro do seu coração, já falava alto: o amor pelo vinho.
Janaína é formada em Tecnóloga em Viticultura e Enologia pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul e Sommelier Internacional pela UCS-FISAR. “Quando eu comecei a estudar, que eu busquei saber mais sobre o processo, ler, entender e compreender, aí que surgiu a paixão e a vontade de fazer. E eu não faria outra coisa na minha vida. É muito esforço, é muito puxado, mas eu sou apaixonada. Eu digo que o vinho é uma arte e eu sou muito dinâmica, gosto de todo o dia fazer alguma coisa diferente, e esse ano eu estou comemorando 10 safras e eu nunca tive uma igual, sempre diferente e é isso que me move e me faz ter paixão pelo que eu faço”, declara.
Janaína, que já trabalhou em outras vinícolas e em laboratórios, decidiu ajudar seu pai nas vinícolas da família, quando teve a oportunidade de vinificar. “Eu vi que eu tinha umas ideias que não casavam com aquela coisa tradicional, que ele já vinha fazendo. Eu queria imprimir um pouco mais da minha personalidade dentro dos produtos que eu elaborava”. Assim, em 2017, Janaína se arriscou e abriu sua própria vinícola, sendo a primeira mulher enóloga brasileira dona da própria vinícola e com uma linha de vinhos autorias. “Hoje é uma marca, uma identidade minha, as pessoas conhecem o meu produto e a minha história como sendo a pioneira”, enfatiza, com muito orgulho.
Novo projeto
“Logo que eu comecei, em 2017, a ideia era adquirir um lugar para que eu pudesse estar estruturando o físico, fazer a vinícola em si. Em 2018, através do programa Prodenp, de Nova Pádua, adquirimos as terras no Travessão Paredes. Fomos extremamente bem recebidos pelo município e contamos com todo o apoio da prefeitura em um espaço que terá mais outros dois empreendimentos voltados ao enoturismo”, conta Janaína, que pretende até o final do ano inaugurar a vinícola.
“A ideia é levar todo o processo produtivo, e lá ter uma loja de vinhos, um varejo, talvez um wine bar, fazer algumas propostas diferentes e trabalhar em conjunto com esses outros dois projetos para trazer os turistas do Brasil inteiro. A Vinícola Marzarotto tem como foco a pequena vinificação aliada ao enoturismo. Isso é o maior sonho da minha vida. É a consolidação do meu trabalho e do que eu tenho pensado até agora. Esse projeto tem todo o meu coração e não vejo a hora de inaugurar ele”, finaliza a eterna rainha da Fenavindima.
0 Comentários