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Dia da Mulher: agricultora, professora e vereadora

Quem sempre insistiu em permanecer no meio rural fui eu

Sou Giseli Boldrin Rossi, tenho 38 anos, casada e mãe de dois filhos. Formada em Geografia, pós-graduada em História e Geografia do Brasil, e pós-graduada em Gestão Escolar. Fui professora estadual por oito anos, nas Escolas Luiz Gelain (Nova Pádua) e São Rafael (Flores da Cunha). Em 2008, aos 24 anos, escolhi a agricultura, atividade que amo e pretendo exercer sempre. 
Na agricultura, minha dedicação e esforço logo foram notados. Aos 22 anos estava formada, com Láurea Acadêmica (todas notas da graduação acima de 90/100). Aprovada em concurso do Magistério entre os 100 melhores do Estado (posição 99). Uma carreira de professora que tinha todos os requisitos para ser brilhante. Em 2007, ao nascer minha filha, tomei uma das decisões mais difíceis da vida: escolher apenas uma profissão: professora ou agricultora. Foi nesse momento em que o amor à terra falou mais alto (confesso que o salário do professor estadual também não era atrativo).
 A partir desse momento, dediquei- me exclusivamente à agricultura. Além das terras do pai, Rui Luiz Boldrin (meu ídolo e meu exemplo na agricultura), adquiri outros 8,5 hectares, pois queria minha propriedade, meu espaço. Ao longo dos anos, meu desafio sempre foi fazer a propriedade produzir (cumprir o papel social da terra, produzir alimento). Atualmente, junto com o marido, Vanderlei, cultivamos 10 hectares de parreiras, 4 hectares de pêssego, 2 hectares de caqui, e 1 de ameixa. 
Quem sempre insistiu em permanecer no meio rural fui eu. Se dependesse do marido, estaríamos morando na cidade. Por outro lado, ele acatou minha decisão e participa de todas as atividades agrícolas comigo. Até hoje, muitos perguntam: “você não se arrepende?”, ou ainda: “Você não tem saudades de estar em sala de aula?”. Ao que respondo que tenho saudade, mas não me arrependo. Como diz o ditado: ‘trabalhe com o que você gosta, e você nunca mais vai precisar trabalhar na vida’. 
Desde muito jovem, sempre quis ser independente. Aprendi a liderar, organizar a propriedade, tomar decisões, dirigir trator, caminhão, levar cargas de frutas e uva até o destino, participar de eventos onde só havia púbico masculino. Tanto que sou conhecida como ‘a mulher da F-4000’. Em meu dia a dia, além do trabalho, considerado até então apenas masculino, aprendi a conviver, debater temas ligados à agricultura, negócios e tomadas de decisões, tudo isso em meio ao público masculino. Jamais me intimidei. Ao contrário, percebia que devia utilizar meu aprendizado para auxiliar a classe dos agricultores, que via em mim uma pessoa com coragem de defender os interesses da categoria. Assim sendo, era coordenadora de núcleo (função de representatividade de associados) na cooperativa Nova Aliança e Sicredi. Nessa última, precisei retirar-me, para ocupar o atual cargo político de vereadora. 
Ser eleita a vereadora mulher mais votada da história de Nova Pádua demonstra a confiança do povo paduense nas mulheres agricultoras. E nesse momento, entendo que não sou a única. Em nosso município, as mulheres carregam essa marca de serem trabalhadoras, guerreiras e são elas ‘os três pilares da casa’, como muito bem se destaca, para enaltecer a importância delas. A Giseli, agricultora, vereadora e professora, carrega a responsabilidade de representar o povo paduense, em sua maioria agricultores. E como mulher, representar a todas nós guerreiras. Quando falamos em empoderamento da mulher, entendo que seja conquistar o espaço que desejamos, não porque uma lei nos beneficia, mas porque de alguma forma fomos merecedoras desse lugar de destaque. Lutar e trabalhar para chegar a um lugar de destaque, por mérito próprio.  

Giseli Boldrin Rossi, professora com formação em Geografia e pós-graduada em gestão escolar - Gabriela Fiorio
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