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Dia da Mulher: A cor da alma

A psicologia lembra que a luta é diária e árdua, sendo guerreira ou cinderela

A vida das mulheres não é cor-de-rosa, nem azul, nem verde, nem roxa... é um arco-íris banhado por gotas d’água translúcidas que o vento sopra entre os raios de sol.
A leveza das águas move moinhos e abre caminhos; a suavidade dos ventos impulsiona nuvens e alastra o aroma das flores pelos ares, a alma feminina oferece poesia para a vida! 
“São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração”, cantou Elis Regina, numa melodia ao mês que traz uma homenagem às mulheres que valorizam a vida, principalmente a vida semeada em seu ventre. 
Sendo ou não geradoras, o senso de equilíbrio, resistência, proteção e a plenitude do Sentido da Vida habitam sua essência, mesmo nos supostos rompantes enlouquecidos, quase sempre necessários para colocar os “pingos nos ‘is’”.
Um descobrir e descobrir-se constante que além de revelar diferenças e injustiças também apresenta a oportunidade de ser/estar, repleta de ambiguidades e contradições em direção a vivências plenas. 
As mulheres que se dedicam a tornar o mundo melhor, são as que lutam pela igualdade de gênero, e não as que pregam o femismo (sinônimo de machismo). Mulheres aplaudem e incentivam os homens que navegam juntos, mesmo quando há intempéries, pois elas sabem bem que nem todas as águas são límpidas e nem todos os ventos são amenos. 
As mulheres com a força das águas de março, abril, maio, junho... enfrentam as pandemias da maldade humana, as mentes que mentem sem empatia e sem culpa em destruir seu semelhante com violência física ou psicológica.
“É o vento ventando (...) É a chuva chovendo (...) das águas de março, é o fim da canseira”, cantarolou nossa Pimentinha, Elis Regina, que sabia que “as águas de março” trazem promessa de vida para os corações que valorizam o Sagrado Feminino e enaltecem a mãe Terra, onde os esforços e os frutos das esperanças são semeados e cultivados. 
É, portanto, inegável admitir a existência da “natureza feminina”. Natureza essa que por muitos e muitas ainda é definida como de “sexo frágil”, “irracional”, “histérica”, entre outros tantos adjetivos deturpados. Mas a condição de Ser Mulher está diretamente associada à busca como autora (e não atriz) da própria vida com capacidade de autogerir e efetivar as mais diferentes escolhas, rompendo paulatinamente a alienação e impotência impostas.
Existe um simbolismo contido nas datas comemorativas, no entanto não necessitamos de um dia para nos lembrar do valor das conquistas de mulheres anônimas, conhecidas, desconhecidas, públicas, queridas, malditas, atrevidas, mães, filhas, avós, sobrinhas, tias...!!! Todas nós, por instinto sabemos bem da indispensável importância de nosso Ser... ontem, hoje e para sempre. Não precisamos mencionar as proezas, avanços, espaços adquiridos ao longo dos tempos, é a capacidade de conquistar seus próprios sonhos.
Gira o tempo, passam os minutos... e em cada canto onde não só a visão alcança mas a alma se alimenta, lá estão Seres a acolher flores e pedras, “cantando histórias” repletas de esperanças, derrotas e vitórias conquistadas no silêncio ou no “barulho” necessário para que possam contribuir para o desenvolvimento da humanidade e incentivar o Amor à Vida. 
A psicologia lembra que a luta é diária e árdua, sendo guerreira ou cinderela. Uma Guerreira Amazona que abre mão de seu seio para se defender ou atacar quem ameaça sua integridade e os seus amores. Uma Cinderela que se veste das cinzas da tirania e injustiças de quem não sabe a cor da alma de mulher.

Madeleine Ferrarini  Dallemolle é psicóloga e coordenadora do Instituto Flávio Luis Ferrarini - Gabriela Fiorio
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