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Definição de pré-candidato gera desconforto no PDT

Anúncio da presidente da sigla de que Heleno Oliboni disputará o pleito motivou o secretário Paulo Couto a questionar o processo

O diretório do Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Flores da Cunha decidiu que o ex-prefeito Heleno Oliboni é o pré-candidato escolhido a disputar a eleição municipal de 2012. O atual prefeito, Ernani Heberle, que defendia o direito de preferência para tentar a reeleição, foi preterido. A definição ocorreu na noite de 8 de março durante encontro que durou mais de três horas e meia na sede do partido, no Centro do município. Entretanto, o resultado, ao que parece, não agradou a todos os pedetistas. O presidente da Juventude Socialista do PDT e secretário de Administração e Governo da prefeitura, Paulo Couto, sintetiza a indignação: “O estatuto do PDT foi rasgado”. A presidente do PDT, Claudete Gaio Conte, revela que Couto não estaria cumprindo com seus deveres de filiado e, por isso, o assunto será tratado pela Comissão de Ética do partido.

Couto conta que entregou no dia 27 de fevereiro à presidente do PDT um documento intitulado Manifesto Democrático, com 144 assinaturas de filiados. A carta cita alguns artigos do estatuto (12, 17 e 31) para embasar o pedido de uma convenção com todos os filiados, com data sugerida para 3 de março. “O estatuto diz que o mínimo de 10% dos filiados pode requerer uma convenção extraordinária. O PDT tem 920 filiados. Ela (Claudete) argumenta o Artigo 32, que constituem a Convenção Municipal para a escolha de candidatos a cargos eletivos municipais os membros do diretório. O mesmo artigo cita que os presidentes dos movimentos partidários devidamente organizados no município também podem participar. Como presidente da Juventude do PDT, fui cerceado”, relata Couto.

O pedetista vai além: para ele, a “ação arbitrária do diretório de Flores manchou aquilo pelo que nosso maior líder e fundador defendeu, que era a legalidade”. “Infelizmente, vivemos na época do caudilhismo, em pleno Século 21. O estatuto do PDT foi rasgado. Houve uma decisão de um grupo pequeno que não representa a maioria dos filiados. Por que não foi realizada a convenção?”, questiona Couto. No Manifesto Democrático entregue à Claudete há o argumento de que existiam dois pré-candidatos. Um deles, o prefeito Ernani, pedia a preferência de concorrer também por uma avaliação positiva do governo. “Na época passada o Heleno Oliboni teve o direito de ser o candidato natural à reeleição. A condução do processo por parte do diretório originou o Manifesto, que buscava uma decisão consensual”, complementa Couto, lembrando que uma cópia foi enviada ao presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan.

O presidente da Juventude do partido lembra ainda de um episódio recente que motivou a saída do PDT do então líder de governo na Câmara de Vereadores, Jatir Mosquer (hoje no PT). Couto recorda que participou de uma reunião com Oliboni, Mosquer, os vereadores Osmar Doro e Rudimar do Nascimento e do chefe de Gabinete, Tiago Ilha. Na época, os pedetistas se organizavam para decidir o novo presidente do diretório. “Oliboni disse que o candidato seria ele. Então, ficou acordado que receberíamos antecipadamente a relação dos integrantes do diretório, pois pensávamos em montar outra chapa. Vimos o documento um dia antes da votação. Porém, dois dias antes Claudete foi informada por telefone que seria a presidente. Por essa forma de condução, Jatir acabou saindo do partido”, revela Couto.

O secretário de Administração observa que continua aguardando uma resposta sobre o Manifesto entregue à presidente do PDT. “Sequer recebi uma resposta. Isso é democracia? E o respeito às pessoas que assinaram o Manifesto? A escolha do dia 8 foi um plano arquitetado. A eleição do diretório teve 70 votos. O Manifesto tem mais do que o dobro da votação”, compara ele, que se diz tranquilo quando às declarações. “Lamento que isso tenha ocorrido, mas, apesar de tudo, respeito a decisão arbitrária de uma parcela muito pequena do PDT.”

Contraponto
A presidente do PDT e vereadora Claudete Gaio Conte conta que a decisão do diretório foi amplamente favorável a Oliboni. Dos 21 participantes do encontro do dia 8 de março, 19 eram titulares e dois, suplentes. Oliboni e Heberle não participaram. A votação secreta teve como resultado 17 votos para Oliboni, três brancos e um nulo. Heberle não recebeu nenhum voto e soube da decisão no início da tarde do dia 9. Após, Claudete comunicou Oliboni, que ficou emocionado “por ter passado por um júri”. Sobre os questionamentos de Paulo Couto, Claudete diz que as declarações soam “como um desabafo”. “Não tenho muito a dizer sobre isso. Parece dor de cotovelo. Todas as decisões foram tomadas com embasamento legal e previstas no estatuto. O diálogo sempre foi mantido”, analisa.

“Tive a unanimidade dos votos válidos”

O ex-prefeito e agora candidato do PDT ao pleito municipal de 2012 Heleno Oliboni diz que ficou muito feliz ao receber da comissão executiva do diretório a notícia de que fora o escolhido a disputar a eleição municipal pela sigla. “Recebi a unanimidade dos votos válidos. Estou pronto para conduzir uma campanha vitoriosa, com base na escolha legítima do diretório, mesmo sendo uma pré-convenção. A escolha foi recoberta de legitimidade”, discursa.

Oliboni salienta que o diretório foi escolhido por todos os filiados, ou seja, é representativo. “O PDT não abre mão de discutir, a partir de agora, com partidos tradicionais. Estou aberto à negociação. Conclamo todos os filiados, simpatizantes e amigos para nos unirmos em torno da candidatura”, sintetiza.

Vice-presidente do partido, Oliboni frisa que está pronto para encarar a campanha: “Estou psicologicamente motivado pelos militantes, que despertaram meu interesse, e fisicamente em perfeitas condições de saúde”. Sobre as declarações do presidente da Juventude Socialista do PDT, Paulo Couto, Oliboni é enfático: “Ele não sabe o que fala. O processo foi 100% legal e democrático. Ele não defende o processo, mas sim o seu emprego. Não defendemos pessoas, mas sim um projeto global, de interesse do município”.

“Não sou mais pré-candidato”

O prefeito Ernani Heberle, que disputava com Heleno Oliboni os votos do diretório para tentar a reeleição e ficar mais quatro anos à frente do Centro Administrativo, conta que tomou uma decisão. “Não sou mais pré-candidato. Estou muito chateado. Agora não é a hora de me manifestar. O farei em momento oportuno”, pontua Heberle.

Inicialmente, na semana passada, o prefeito, depois que foi informado da escolha do diretório, chegou a dizer que não aceitava a decisão e não considerava a escolha definitiva pelo fato de o Partido Democrático Trabalhista (PDT) fazer, em junho, a convenção definitiva para homologar o nome do candidato. Heberle defendia o direito de preferência e a construção de um consenso em torno do seu nome.



Claudete Gaio Conte e Paulo Couto - Na hora/Antonio Coloda/Fabiano Provin
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